Blog •  13/11/2018

As ferramentas de proteção de preços a favor do pecuarista

Autor:  Breno de Lima – Zootecnista
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As ferramentas de proteção de preços a favor do pecuarista

Para minimizar os riscos do mercado, existem as ferramentas de proteção de preços, negociadas na bolsa de mercadorias (B3), que são os contratos futuros e o mercado de opções, ou até mesmo com os próprios frigoríficos (mercado a termo).

Quando compramos um carro temos por costume fazer o seguro como forma de proteção do bem. Na pecuária, a visão deveria ser a mesma, pois se há o entendimento de que um carro precisa ser protegido, por que não pensar em proteção para um rebanho que vale muitas vezes mais?

Somente a intensificação e produtividade não são suficientes para garantir um bom resultado financeiro, é preciso também gerenciar os riscos da comercialização e de mercado. Para minimizar esses riscos, existem as ferramentas de proteção de preços, que podem ser negociadas na bolsa de mercadorias (B3) (contratos futuros e o mercado de opções), ou com os próprios frigoríficos (mercado a termo). Vamos explicar cada uma delas:

Contrato futuro

Nessa operação, o produtor vende um contrato futuro de boi gordo para o mesmo mês em que venderá sua boiada. Por exemplo:

Em 27 de abril de 2018, o produtor vendeu um contrato de boi gordo para novembro, que no dia 27 estava R$150,00/@ para novembro.

A partir daí duas situações podem ocorrer.

1 – Em novembro (mês do vencimento do contrato), se na média dos últimos cinco pregões a cotação da arroba estiver acima do preço travado (R$150,00/@), por exemplo R$153,00, o produtor terá pago a diferença de R$3,00 por arroba para a bolsa, por meio de ajustes diários.

Entretanto, quando for vender a boiada no frigorífico pelo preço vigente no mercado físico (R$153,00/@) ele, na prática, deixará de ter esses R$3,00 a mais de valorização e o resultado da operação seria o de R$150,00 por arroba, mesmo valor travado lá em abril.

2 – Se no vencimento do contrato, a média dos últimos cinco pregões a cotação da arroba for R$147,00, valor menor do que os R$150,00/@ travados, ele terá recebido a diferença de R$3,00 ao longo do período desde o estabelecimento da trava, por meio de ajustes diários.

Sendo assim, o produtor vende a boiada para o frigorífico pelo preço no mercado físico (R$147,00/arroba) e com os R$3,00 que ganhou a mais por arroba através da bolsa, chegará no resultado de R$150,00 por arroba.

Vale destacar que, nas outras praças (além de São Paulo), a mecânica para os contratos é a mesma, porém, como os valores têm como referência São Paulo a queda em cada região pode ser mais acentuada.

Se a queda for maior na região do produtor, o resultado da operação será menor do que o projetado. Na contramão, se na região do produtor as cotações cederem menos do que em São Paulo, o resultado da operação será maior do que o projetado.

Essa modalidade de contrato envolve risco e é necessário que o pecuarista tenha um montante na corretora, que serve como margem de garantia para cobrir os ajustes diários, caso, em algum momento, o mercado suba em relação ao preço inicial travado na B3.

Mercado de opções

Nessa modalidade de negociação, é feita a compra de uma opção de venda, também chamada de put, que funciona como uma espécie de seguro, garantindo um preço mínimo para o produtor.

A opção gera um direito, mas não um dever: vender um contrato futuro (no caso da put) a um preço específico.

Por exemplo: um pecuarista hoje compra uma opção de venda por R$150,00/@, com vencimento para janeiro. O desembolso da aquisição da opção é um custo, que não tem ressarcimento, sendo ela exercida ou não.

Se no vencimento do contrato, lá em janeiro, a arroba do boi gordo estiver cotada em R$140,00, o produtor receberá R$10,00/@. Na prática, ele recebe R$150,00 (R$140,00+R$10,00), menos o custo da opção, que pagou na aquisição do seguro.

Por outro lado, se a arroba estiver cotada em R$160,00, o produtor não exerce a opção de venda e não paga nada a mais, diferentemente do que ocorre com a venda dos contratos futuros.

O preço de compra para as opções varia de acordo com a atratividade e a previsibilidade do mercado. Quanto mais previsível o mercado (menos volátil) e mais perto do vencimento do contrato, a tendência é de que os preços para a compra de opções diminuam.

Da mesma forma que os contratos futuros, o preço-base é o de São Paulo.

Funcionamento da B3

 

Para operar essas duas modalidades de contratos na B3, é preciso atentar aos seguintes pontos:

1 – A B3 é uma instituição que atua como um mercado no qual empresas e pessoas físicas se relacionam para a compra e a venda de contratos de commodities. Quando um fazendeiro decide vender um contrato de boi e outro fazendeiro tem interesse em comprá-lo, a B3 será o ponto de encontro. Não há entrega física, apenas a liquidação financeira do contrato.

2 – Essas modalidades também são chamadas de derivativos, pois derivam de um índice. No caso do boi gordo, estão relacionados ao Índice Cepea, com cotações à vista, do boi gordo no estado de São Paulo. O preço de referência para as operações é o vigente em São Paulo. 

3 – Para operar qualquer uma das possibilidades, é preciso ter uma conta em uma corretora cadastrada na B3. A abertura da conta é um processo simples, rápido e geralmente gratuito.

4 – As variações do mercado são diárias, e os cenários devem ser acompanhados de perto.

Mercado a termo

 

Essa negociação é realizada fora da B3, sendo firmada entre frigoríficos e produtores. No contrato a termo, o frigorífico se compromete a comprar a mercadoria (boi gordo) em uma determinada data futura, e o pecuarista, por sua vez, se compromete a entregá-la.

O frigorífico busca esse tipo de negociação para garantir escalas de abate, sendo assim, é importante avaliar se os frigoríficos ao redor de sua propriedade utilizam essa negociação.

Se o frigorífico tiver boa parte de suas escalas já fechadas devido aos contratos a termo, há uma tendência natural de pressão sobre as cotações para a compra do volume restante do gado que falta para completar as escalas.

Entretanto, mesmo ocorrendo esse efeito, se o produtor já estiver com suas cotações travadas, isso não o afetará.

Como essa negociação não é regulada pela bolsa, existem variações na estruturação dos contratos a termo, podendo variar de acordo com cada frigorífico. Diante disso, o produtor deve checar tais condições.

Um ponto importante da negociação a termo é que pode haver a negociação do diferencial de base para os negócios feitos fora de São Paulo, situação que não ocorre na bolsa.

Outras negociações que envolvem o mercado futuro

 

Além das negociações da arroba do boi gordo no mercado futuro, através das corretoras e dos frigoríficos, também há uma ferramenta de negociação em que o pecuarista pode adquirir insumos, convertendo o preço em valor de arrobas de boi no mercado futuro. Ou seja, a moeda de troca para a compra de insumos é a própria arroba do boi gordo.

Essa modalidade de negociação, denominada Beeftrade, é uma forma de mitigar os riscos de mercado e proteger as margens do produtor, relacionando o preço do produto (insumo) à sua atividade (pecuária de corte).

O Beeftrade é uma ferramenta de negociação pertencente à Corteva Agriscience™ e está disponível nas lojas agropecuárias da rede de distribuição da companhia. Sendo assim, sempre que for comprar algum produto da linha Corteva Agriscience™, bastar solicitar a opção de negociar através do Beeftrade.

Conclusões

 

A receita da pecuária de corte, ao longo dos últimos anos, está crescendo a uma velocidade menor que os custos de produção e, também, perdendo para a inflação. 

Diante dessa constatação, a intensificação e a produtividade devem ser consideradas pelo produtor, para manter a atividade sustentável economicamente. Além disso, também é preciso minimizar os riscos de mercado para evitar que todo o esforço produtivo seja perdido.

Além da minimização dos riscos do mercado, a utilização das ferramentas de proteção de preços auxilia na gestão de risco da propriedade.  Uma vez conhecido os custos de produção e travada a margem de lucro da atividade, é possível fazer projeções, investimentos e aproveitar oportunidades pontuais do mercado.

Por fim, essas ferramentas na pecuária devem ser encaradas como mecanismos para garantir a margem de lucro e não para gerar especulação.

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