Blog •  05/04/2019

Pecuária de corte e leite em números: rentabilidades em 2018 e 2019

Autor:  Autor: Hyberville Neto – Médico Veterinário
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Pecuária de corte e leite em números: rentabilidades em 2018 e 2019

Para 2019, devemos observar melhoria da rentabilidade das atividades pecuárias, com preços maiores e custos mais controlados.

Para analisar o resultado da atividade, o produtor deve calcular os seus custos, como ilustrado no artigo Como calcular o custo da arroba do boi gordo. A partir do lucro ou prejuízo por hectare, é calculada a rentabilidade, que é a comparação do resultado anual da atividade com o capital médio (o investido no negócio).

Esse índice mostra o quanto o capital investido na atividade gerou de lucro ou prejuízo, em porcentagem. É um bom parâmetro para comparação com outros investimentos, mesmo fora da atividade. Os resultados médios estimados para a produção de corte e leite em 2018 estão na figura abaixo.

Figura 1
Rentabilidades de atividades pecuárias em 2018.

Rentabilidades de atividades pecuárias em 2018.
BT: sistemas com baixa utilização de tecnologia / AT: sistemas com maior uso de tecnologia 

Os itens com a sigla BT são sistemas de baixa tecnologia, já os com AT são aqueles com maior uso de tecnologia e mais produtividade. Perceba que, em todos os casos, os sistemas mais tecnificados tiveram resultados melhores.

Para as atividades de baixa tecnologia, apenas o ciclo completo (cria, recria e engorda) teve resultado positivo. Por não haver compra da reposição (bezerro), é uma atividade de risco de mercado menor. Só depende do preço de venda. No caso da pecuária leiteira, o resultado negativo foi observado pelo aumento maior dos custos de produção, frente à valorização do preço de venda do leite no ano.

Para ilustrar onde essas atividades são mais relevantes, veja a figura 2, que mostra a produção de leite em 2017, segundo dados do IBGE, e o rebanho bovino.

Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná se destacam na produção de leite, embora com características diferentes devido ao clima, que influencia as raças e o manejo usados, com possibilidade de maior grau de sangue holandês (gado mais próximo da raça pura), à medida que as temperaturas se tornam mais amenas.

O maior rebanho bovino está em Mato Grosso, além de outros estados da região mais central e ao norte. Nas regiões de áreas mais caras, como o Centro-sul, há pressão da agricultura, que acaba deslocando a pecuária para áreas mais baratas, como o Centro-oeste e o Norte.

Daí surgem a necessidade e a tendência de intensificação da pecuária, gerando mais lucro e permitindo a competição de resultados com a agricultura. 

O que esperar para este ano 

Para 2019, as projeções são de aumento no preço do leite e um cenário de custos menores, o que deve melhorar os resultados da atividade, especialmente, no primeiro semestre.

Com foco na pecuária de corte, acreditamos em um cenário de preços positivos, tanto para as categorias jovens como para os bovinos terminados. Com isso, a receita deve melhorar, colaborando com os resultados para sistemas de cria e ciclo completo.

O ponto de atenção fica com a recria e engorda, pois essas atividades dependem da compra da reposição. Se houver valorização maior das categorias jovens frente ao preço de venda do boi gordo, isso pode limitar o ganho pela alta do preço do gado terminado.

Vale destacar que o que é feito dentro da fazenda em termos de aplicação de tecnologia (nutrição, sanidade, genética, etc.) é mais importante do que as médias de simulações e projeções no cenário geral.

Ou seja, esses investimentos refletem diretamente de forma positiva sobre os resultados econômicos da atividade, por meio do aumento da produtividade e maior receita por área e diluição dos custos de produção (ganho em escala). Com isso, os efeitos do mercado (por exemplo, os preços mais baixos da arroba do boi gordo) são minimizados.

Isso porque mesmo em anos ruins, a fazenda que trabalha melhorando seus indicadores estará “migrando” das rentabilidades de sistemas menos tecnificados para sistemas mais rentáveis.