Sempre nos bastidores, acompanhando de longe os negócios da família, Norma Gatto era dona de casa, esposa e mãe de três filhos. Eventualmente, atuava como conselheira e parceira nas atividades do campo. A propriedade da família em Rondonópolis, no sul do Mato Grosso, era voltada à agropecuária e à produção de soja,.

A agropecuarista Norma Gatto.
“Como filha e esposa de produtor rural, sempre me vi ligada aos assuntos da fazenda, mas nunca dediquei meu tempo e nem era a minha intenção estar à frente da administração e das finanças da propriedade de maneira integral. Até o ano 2000, quando enfrentei um dos maiores desafios da minha vida”, conta a pecuarista. Após perder o marido, a administradora do Grupo Gatto decidiu que era hora de assumir seu papel e tornar-se gestora dos negócios da família.
O início
No começo, não foi uma tarefa fácil. Norma precisou fazer vários cursos e treinamentos sobre agronegócio e pecuária. Ela sempre estava presente em seminários, palestras e feiras sobre o assunto. “Perdi a conta de quanto tempo passei estudando”, conta.
Na época, ela passou a participar das reuniões do Grupo Guará, formado por produtores da região para a troca de experiências. No início, mais ouvia do que falava. Com o passar do tempo, tornou-se participante ativa das discussões, chegando a organizar uma central de compras conjuntas de matérias-primas e insumos.
Mulheres no agronegócio
O Grupo Guará na época era formado apenas por agricultores, produtores rurais e pecuaristas homens. Em 2000, era muito difícil ver uma mulher liderando a gestão de uma fazenda. Norma era a única mulher da sua região envolvida diretamente no setor. Atualmente, sob sua gestão, o Grupo está entre os maiores produtores de soja do Brasil, com mais de 7 mil hectares de área plantada.
“Hoje, o cenário é bem diferente. As mulheres estão muito mais ativas e tornaram-se agentes de mudanças e de transformações, não só no setor do agronegócio, mas também em outras áreas que antes eram predominantemente dominadas pelo sexo masculino”, afirma ela.
A garra e a determinação de Norma inspira e motiva diversas outras profissionais do segmento. Hoje, ela é uma entusiasta da presença feminina no agronegócio, sendo convidada frequentemente para contar suas experiências profissionais em palestras e eventos.
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Determinação
Após 20 anos, a área cultivada cresceu, a produtividade aumentou e a rotação de culturas foi implantada. Norma administra 44 mil hectares de soja, milho, feijão e gado. “Eu me sinto uma vitoriosa, porque consegui superar um desafio enorme e tocar a vida adiante, criar meus filhos e ser uma boa produtora rural”, afirma ela.
“Sempre acreditei que tudo que nos propomos a fazer em nossas vidas com amor e dedicação traz o sucesso que almejamos. Foi com esse pensamento que toquei em frente as fazendas”, lembra Norma.
Sucessão familiar
Atualmente, o que deixa a pecuarista muito feliz é ver que os filhos estão seguindo o mesmo caminho que os pais trilharam. O filho mais velho é engenheiro agrícola e cuida de uma das fazendas do Grupo Gatto. O filho do meio e o caçula são, respectivamente, agrônomo e economista, e também já assumiram atividades nas propriedades. “Estou sempre delegando funções, coordenando e os ensinando para que tenham oportunidade de aprender enquanto estou por perto. Além do mais, confio muito no potencial de cada um deles”, ressalta Norma.
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A Norma Gatto é um exemplo de garra e determinação! E você, conhece outros pecuaristas que têm histórias de superação? Conte pra gente nos comentários!