
Os preços dos fertilizantes estão maiores neste ano (figura 1).
A seguir, uma conjuntura dos fatores que contribuíram para essa alta serão discutidos ao longo deste artigo, assim como as expectativas para o mercado nacional e internacional de fertilizantes em 2021.
Figura 1.
Preços médios mensais de fertilizantes nos últimos 12 meses.

*Até 15/10
Fonte: Scot Consultoria
Demanda doméstica aquecida
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a produção de grãos no Brasil para a safra 2020/2021 seja em torno de 252,74 milhões de toneladas em 2021, divulgada em seu Primeiro Levantamento da Safra Grãos 2021/2022.
Apesar do menor volume em relação ao recorde histórico da safra passada (2019/2020), de 257,8 milhões de toneladas, a produção praticamente se manteve mesmo frente a tantas dificuldades, como chuvas tardias no início do plantio, chuvas nas colheitas, secas, geadas, pragas, entre outras.
Além disso, a expectativa é positiva para a safra 2021/2022 estimada em 288,61 milhões de toneladas pela Conab.
Com a alta produção de grãos, a demanda por fertilizantes no mercado doméstico tem seguido aquecida. Segundo dados da Agência Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), foram entregues 23,89 milhões de toneladas de fertilizantes de janeiro a julho de 2021. O volume representa um acréscimo de 16,8% em relação ao mesmo período do ano passado (figura 2).
Figura 2.
Volumes mensais de fertilizantes entregues no Brasil, em 2020 e 2021, em milhões de toneladas.

Fonte: Anda / Elaboração: Scot Consultoria
Um ponto importante a se destacar é que o Brasil depende majoritariamente da importação de fertilizantes e sua produção é insuficiente para atender à demanda. A produção nacional foi de 3,74 milhões de toneladas no período de janeiro a julho deste ano, uma queda de 5,0%, e o volume importado foi de 20,07 milhões de toneladas, incremento de 20,0% comparando-se com o período equivalente em 2020 (ANDA).
O aumento da área prevista para as principais culturas para a safra 2021/22, menor produção nacional e maior uso da tecnologia por parte do agricultor capitalizado, em decorrência dos bons retornos econômicos da última safra, corroboram com o aumento da demanda interna por fertilizantes.
Crise de abastecimento internacional
Acontecimentos recentes no cenário internacional têm abalado o mercado de fertilizantes.
Frente às dificuldades de crise energética, a China, terceira maior exportadora de fertilizantes (equivalente a 10,0% das exportações mundiais em 2018), tem restringido o volume de exportação, pois o gás natural e o carvão são utilizados para a extração da matéria-prima.
Países da União Europeia também têm passado por crise energética e reduzido sua produção.
As sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos a Belarus, quarto maior exportador mundial com uma participação de 7,4% do volume exportado de fertilizantes em 2018 e responsável por um quarto da produção mundial de cloreto de potássio, contribuíram para aquecer ainda mais a demanda por fertilizantes, devido ao risco de desabastecimento do produto, e também para a elevação dos preços no Brasil.
Fatores que desestimulam a importação
A falta de contêineres resultante dos impactos operacionais da pandemia de Covid-19 resultou na disparada de preço do frete marítimo. Segundo a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), o frete marítimo teve uma alta mais de 500% considerando o período de janeiro de 2020 a setembro de 2021.
Outro fator que tem pesado é a valorização do dólar, que neste ano tem operado entre R$ 5,00 e R$ 6,00.
Expectativas para o mercado doméstico e internacional em 2021
Tomando como base os dados demonstrados na figura 2, a expectativa da Scot Consultoria é de que seja entregue um volume de fertilizantes entre 44,5 e 45,5 milhões de toneladas no país para 2021. Vale ressaltar que, em 2020, o volume foi de 40,56 milhões e registrou recorde de adubos vendidos no Brasil.
Do lado do mercado internacional, a demanda por fertilizantes poderá atingir em torno de 200 milhões de toneladas, segundo a Associação Internacional de Fertilizantes (IFA) e, se concretizado, representará um crescimento anual de 1,5%.
Com a maior demanda nacional e internacional por fertilizantes, crise de desabastecimento geral de fertilizantes, elevação do frete marítimo e patamar elevado do dólar, os preços dos fertilizantes no mercado doméstico deverão seguir firmes.
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Rafael Massami Suzuki – médico-veterinário.
Scot Consultoria