Comparando a situação geral da economia, principalmente das contas públicas, o bom desempenho da balança comercial é um dos indicadores macroeconômicos que traz certo alívio para o cenário do país. Apesar da recessão, o país teve saldo positivo na balança nos últimos quatro anos, incluindo 2018.
Tendo em vista que uma parte considerável da produção nacional de produtos agropecuários é destinada ao mercado internacional, é indiscutível a importância e a responsabilidade que o agronegócio possui em relação à balança comercial.
No mais, o mercado internacional é uma importante via de escoamento da produção agrícola e pecuária como, por exemplo, de grãos e carnes brasileiras.
Superávit e déficit da balança comercial
Para compreender esta análise, vale ter em mente alguns conceitos.
Primeiro: tudo o que um país exporta entra como “crédito” na equação da balança comercial, e tudo o que ele importa entra como “débito”.
E quando as receitas com as vendas são maiores que os gastos com as compras, denomina-se que o país está com “superávit da balança comercial”, caso contrário, a nomenclatura usada é “déficit na balança comercial”.
Na figura 1, temos o histórico dessa balança comercial brasileira com o exterior. Foram raros os momentos nos quais o país fechou as contas com déficits, sendo que nos últimos 29 anos isso só aconteceu sete vezes.
Figura 1
Saldo da balança comercial do Brasil, em bilhões de dólares.

Fonte: MDIC | Elaborado por Scot Consultoria
Inclusive, em 2017, foi o melhor saldo alcançado da série histórica.
Naquele ano, a diferença entre o que foi comprado e o que foi vendido no mercado internacional foram de US$ 67 bilhões, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Foi o melhor resultado em 29 anos (desde o início da série histórica em 1989).
Já em 2018, a diferença entre o que foi exportado e o que foi importado foram de US$ 58,65 bilhões.
Esse saldo positivo no acumulado de 2018, apesar de ser 12,4% inferior ao registrado em 2017 (US$ 61,992 bilhões), é o segundo melhor resultado da história.
Principais produtos exportados
Grande parte dos produtos exportados pelo Brasil são commodities nas quais temos consideráveis vantagens competitivas em relação a outros produtores mundiais. Contudo, ficamos expostos às variações cambiais que afetam a cotação desses produtos.
Na figura 2, apresentamos a participação dos principais produtos exportados em 2018, em porcentagem em relação ao faturamento total.
O grão de soja respondeu por 14,0% da receita com as exportações totais de 2018. Destacamos também as exportações de farelo de soja, carne de frango e carne bovina.
Figura 2
Participação dos produtos exportados pelo Brasil em 2018, em relação ao faturamento total.

Fonte: MDIC | Elaborado por Scot Consultoria
Quanto aos produtos importados, o Brasil compra principalmente bens manufaturados, ou seja, com considerável nível de tecnologia e, portanto, de maior valor agregado.
Figura 3
Participação dos produtos importados em 2018, em relação aos gastos totais.

Fonte: MDIC | Elaborado por Scot Consultoria
Essa é uma característica do comércio exterior de países em desenvolvimento, cujo setor industrial ainda está pouco desenvolvido e que precisam suprir a demanda nacional através das importações de produtos desse tipo.
Conclusões
As exportações são fundamentais para o agronegócio brasileiro, pois representam uma parcela importante da produção nacional, além de permitir a captação de recursos financeiros no exterior e aquecer a economia.
Nos últimos anos, os setores agrícola e pecuário foram os principais responsáveis pelo saldo positivo (superávit) da balança comercial brasileira.
Por fim, quando pensamos em exportação e importação temos o “câmbio” como variável de grande peso nos resultados. Foi assim em 2018, principalmente no primeiro semestre, quando a alta do dólar incentivou os embarques nacionais.
Para 2019, a expectativa é de um câmbio em patamar mais baixo que em 2018, no entanto, ainda favorável às exportações. O Banco Central, no boletim Focus de 21/12, trouxe como expectativa um câmbio de R$ 3,80 para o final de 2019.
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Autora: Marina Zaia – Médica-Veterinária.