Blog •  21/10/2022

Clima: safra, entressafra e oferta de boiadas

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Período seco se aproxima em grande parte das regiões pecuárias brasileiras.

Com exceção de algumas regiões do país que enfrentaram os reflexos climáticos do fenômeno La Niña, os bons volumes de chuvas no último trimestre de 2021, de modo geral, contribuíram para a melhoria na qualidade das pastagens brasileiras, típico para o período. Veja na figura 1.

Diante disso, a tendência é que pecuaristas segurem seus animais em pasto, aproveitando a maior capacidade de suporte das pastagens e aguardando para firmar seus negócios em melhores condições de mercado.

Figura 1.
Anomalia (desvios) de precipitação trimestral, de outubro a dezembro de 2021, em milímetros.


Fonte: Inmet

Safra

Com o avançar da safra de capim, a oferta de animais tende a aumentar, sendo que, em maio, normalmente há maior concentração de vendas de boiadas provenientes de pastagens, considerado o final da safra.

O clima é o principal fator que contribui para esse movimento.

Em safras nas quais o volume de chuva é regular, o produtor tem mais autonomia para adotar uma estratégia de venda mais comedida, comentada anteriormente. Já em safras com chuvas irregulares, a oferta de animais tende a aumentar, uma vez que a qualidade das pastagens diminui.

No primeiro trimestre de 2022, boa parte do país foi marcada por chuvas abaixo do normal, atingindo, em alguns pontos, déficits de até 800 milímetros (figura 2).

As chuvas irregulares, com estiagens firmes em algumas regiões, contribuíram para que a oferta de animais aumentasse principalmente em março e, consequentemente, houvesse uma pressão de baixa nas cotações por parte das indústrias, visto que no período se deu o descarte de fêmeas, passada a época de estação de monta.

Figura 2.
Anomalia (desvios) de precipitação trimestral, de janeiro a março de 2022, em milímetros.


Fonte: Inmet

Entressafra

Em abril, o período de seca avança no território nacional, com redução de precipitações, dias mais curtos e temperaturas mais baixas. Portanto, para maio e junho, com exceção apenas da região Norte, em que as previsões de precipitações seguem em bons níveis, podemos esperar menores volumes de chuvas. Veja nas figuras 3 e 4.

Uma seca pronunciada deve se estabelecer em maio, com volumes de chuva abaixo da normalidade. Já para junho, a seca deve se firmar em boa parte do território nacional, típico para o mês.

Figura 3.
Precipitação total para maio/22, em milímetros.

Fonte: Inmet

Figura 4.
Precipitação total prevista para junho/22, em milímetros.

Fonte: Inmet

A entrada de animais em confinamento também marca o período, tratando-se da época que o capim tende a passar por senescência foliar, reduzindo a disponibilidade de forragens. Portanto, a expectativa é de menor oferta de boiadas e preços recuperando a firmeza.

Cabe atenção ao manejo das pastagens nessa época. Visando minimizar os impactos resultantes do período seco, o produtor deve se atentar à manutenção da qualidade do solo, infestação de plantas invasoras etc.

Devido ao sistema radicular mais profundo, as plantas invasoras conseguem explorar melhor o solo que as gramíneas forrageiras nas secas, caracterizando cenas de pastagens secas e das plantas daninhas verdes.

O ideal é que o manejo de herbicida seja realizado no período chuvoso, no entanto, o período seco se torna um momento oportuno para o controle dessas invasoras, visando reduzir danos futuros. É preciso apenas atentar-se às técnicas aplicadas, que divergem das usuais nesta época.

Garantindo o restabelecimento adequado das pastagens, quando os ciclos de pastejo retomarem, o pecuarista conseguirá obter ganhos maiores e mais precoces, evitando, dentre outros fatores, a necessidade de recuperação ou reforma de um pasto degradado.