Blog •  01/09/2022

Com gestão eficiente, pecuarista recupera fazendas improdutivas

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Um dos negócios do pecuarista Rodrigo Bonilha Botelho é adquirir fazendas com potencial de recuperação e investir nelas para que se tornem produtivas e sustentáveis

Aos 44 anos, o pecuarista e médico-veterinário Rodrigo Bonilha Botelho acumula experiência em várias áreas ligadas ao agronegócio. Ele já trabalhou em três grandes agropecuárias e atuou como técnico de registro e jurado na Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ). Atualmente, ele se divide entre consultorias e negócios no Brasil e na Bolívia.

Assim como para muitos profissionais do agro, o contato com o campo começou ainda na infância. Os avós paternos trabalhavam com o gado zebu, de origem mineira, e ao longo dos anos adquiriram diversas propriedades rurais. Depois foi a vez do seu pai, que trabalhou com produção de leite, pecuária e agricultura.

“Um dos motivos de ter escolhido a profissão de médico-veterinário foi o de ter essa conexão com o campo e o agronegócio. Tive a sorte de escolher uma profissão em que continuo atuando até hoje, na qual sou muito realizado e feliz. Acredito que acertei”, diz Botelho.

Fazenda mais produtiva e sustentável

Uma de suas atividades é a administração da Fazenda Pioneira, no município de Anastácio (MS), a 120 quilômetros de Campo Grande, onde ele trabalha na recria de gado nelore. A propriedade é fruto de um negócio imobiliário conduzido por Botelho que consiste em adquirir fazendas com potencial de recuperação e depois investir em melhorias para que sejam novamente disponibilizadas ao mercado.

“Esta propriedade era de uma viúva, que arrendou para criação de gado. O local se encontrava em um nível de degradação bastante alto, com a estrutura bastante danificada e um alto perfil de emissão de gás metano”, explica.

Com a aquisição e os investimentos, ele conseguiu reverter a situação, e a fazenda se tornou uma propriedade produtiva, com capacidade de acomodação de animais até quatro vezes maior que estava sendo utilizada, de forma racional.

“Fizemos a correção de solo, investimos em adubação. Ela se transformou em uma propriedade ambientalmente correta, preservando os recursos hídricos. O gado, por exemplo, não tem mais acesso direto à agua natural, somente à água de poço. Os animais estão bem nutridos, e agora a fazenda propicia sequestro de carbono em vez de emitir”, destaca.  

A quantidade de animais, que já chegou a 286 cabeças, atualmente é de 110 bezerros. Segundo o pecuarista, a quantidade menor no outono/inverno é ideal para aliviar e preservar as pastagens nesse período, não comprometendo o ganho de peso dos animais e nem a performance das pastagens em relação à lotação. 

Bem-estar animal como prioridade

O médico-veterinário se considera um entusiasta das práticas do bem-estar animal e, por esse motivo, buscou implantar na Fazenda Pioneira uma infraestrutura adequada para garantir a qualidade de vida ao rebanho.

“Começamos pelos pastos rotacionados, com tamanhos menores, onde os animais permanecem em cada piquete por quatro ou cinco dias, tendo acesso somente ao bruto do capim. Assim, damos a eles a oportunidade de sempre terem um alimento de qualidade”, explica.

A água que os animais ingerem vem de um poço que recebe probióticos. Esses aditivos são utilizados para aumentar a eficiência alimentar e a digestibilidade dos bovinos. O fornecimento da bebida é constante e à vontade, com bebedouros sempre limpos e água renovada constantemente. Também há sal mineral à vontade, disponível nos cochos em todos os pastos.

A parte estrutural (curral) foi desenhada de forma a possibilitar todos os manejos com o mínimo de estresse possível. Na locomoção interna dos animais, por exemplo, não é utilizada nenhuma forma agressiva para contenção.

“A vocalização é baixa, utilizamos uma linguagem mais corporal para conduzir o rebanho. Essa é uma preocupação que temos na propriedade, que é fazer os procedimentos com o mínimo de estresse possível e reduzir esse desconforto aos animais”, destaca.

Parceria com a Corteva Agriscience™

Botelho lembra de utilizar produtos da Corteva Agriscience™ antes mesmo de se formar em medicina veterinária, no ano de 2000.  A linha de herbicidas da marca já era utilizada pelo seu pai e agora, na Fazenda Pioneira, ele também já teve resultados.

“Fizemos a mecanização do solo, utilizando todos os recursos para que, após o plantio, tivesse o mínimo de rebrota e pudéssemos evitar a necessidade de entrar com herbicida. A incidência de invasoras foi baixa, mas, das poucas invasoras que surgiram, fizemos a aplicação direta dos herbicidas da Corteva Agriscience™ no toco e conseguimos controlar”, relata.

Gestão com foco na sustentabilidade

Para o pecuarista, o principal caminho para se alcançar bons resultados em produtividade e lucratividade está na gestão do negócio. Apesar da boa atuação operacional, ele sempre esteve muito alerta à questão de gestão, aos números e indicadores.

Na administração da Fazenda Pioneira, ele conta com o auxílio da tecnologia. São aplicativos que fornecem informações meteorológicas para o setor agrícola, balanças tecnológicas para pesagem de animais no pasto, além da semeadura feita por meio de um quadriciclo com GPS acoplado.

Todas as informações coletadas, incluindo receitas e despesas, são lançadas em planilhas e encaminhadas para uma empresa de consultoria, faz a compilação de dados e apresenta relatórios periódicos.

“Ter números em mãos é uma questão de sustentabilidade, e ter a propriedade bem controlada, com receitas, despesas, investimentos e planejamento é uma forma de perpetuar o negócio. Também é preciso ser eficiente da porteira para fora, com boas estratégias de comercialização e sempre respeitando os recursos naturais”, enfatiza. 

Equilíbrio entre trabalho e família

Casado há 18 anos e com dois filhos adolescentes, o pecuarista lembra que já viveu o extremo da falta de tempo para a família e vida social, e sentiu na pele as consequências. Nessa época, ele tentava conciliar agendas e compromissos e percebeu um certo descompasso entre vida profissional, realização e metas atingidas.

“Precisei ter atitude e iniciei um plano para reduzir, dia a dia, o meu envolvimento operacional e me dedicar mais à família, à vida social e ao lazer. Hoje trabalho com agenda, tenho tudo planejado e isso faz toda a diferença. Mas não foi sempre assim”, revela.  

A mudança exigiu novos hábitos, como a organização e a atenção na preparação de pessoas. Foi preciso identificar e reter talentos para os diferentes segmentos de negócio em que atua. Dessa forma, poderia equacionar o tempo entre as responsabilidades e a família.

“O segredo é o equilíbrio. Tenho me preparado para que meus negócios tenham autonomia, e eu possa estar cada dia mais no nível de conselheiro, mentor e diretor, e não me deixar levar pelo impulso da operação, o que hoje mais toma o nosso tempo”, conclui.