Um dos maiores desafios dos produtores de gado de corte é ter o boi gordo para venda no período da entressafra, que vai de junho a novembro. Nessa época, a falta de pasto e a menor qualidade das pastagens faz com que a oferta de animais terminados no mercado interno seja bem menor do que a demanda.
Com um planejamento adequado, seguindo as boas práticas da pecuária, é possível se preparar para sempre ter animais prontos para o abate na entressafra e conseguir atender ao mercado nessa época do ano.
Confira abaixo cinco dicas para vender o boi gordo no período da entressafra.
Para não deixar de lucrar na entressafra, as fazendas que adotam o sistema a pasto precisam se preparar a partir do período das águas.
Segundo o zootecnista e doutor em Produção Animal, Rogério Marchiori Coan, a entressafra é um período bastante crítico na produção pecuária, tendo em vista que há uma limitação das chuvas, temperatura e fotoperíodo para o crescimento das espécies forrageiras tropicais.
“Nesse sentido, o planejamento para este período é essencial para garantir a oferta quantitativa de forragem no período de entressafra, seja por meio do diferimento de pastagens ao final do período das chuvas, seja por meio de volumosos suplementares”, afirma o zootecnista, que também é o diretor técnico da Coan Consultoria.
Outra recomendação importante para os sistemas de produção baseados no uso exclusivo de pastagens é fazer o diferimento das pastagens de forma que o pecuarista possa utilizar racionalmente as estratégias de suplementação disponíveis.
“Elas devem garantir a manutenção da condição corporal dos lotes de animais (suplemento mineral com ureia), taxas de ganho de peso mais moderadas (suplemento proteinado) ou até elevadas taxas de desempenho, como no caso da TIP”, diz Coan.
A resposta em termos de desempenho é modulada pela oferta forrageira (qualidade e quantidade), categoria animal e nível de oferta de suplemento (em % do peso corporal). Por isso, o pecuarista necessita exercitar as contas da estratégia a ser adotada”, ressalta o consultor.
O início do período das águas também é um momento de decisões sobre a produção de silagem, para que no período seco tudo esteja pronto.
“O planejamento da produção de silagem é normalmente realizado com 12 meses de antecedência, uma vez que o pecuarista necessita calcular a demanda total do projeto (kg de silagem ou kg de matéria seca de silagem) e, com base nessa informação, estipular a evolução do seu planejamento”, afirma Coan.
Ele explica que o planejamento básico consiste na escolha da espécie forrageira, correção da fertilidade do solo, adubação de plantio/cobertura, tratos culturais, especificação do número de cortes (capim, como exemplo), produtividade alcançada (kg/ha) e outras variáveis.
Além disso, é preciso estar atento para não estacionar a engorda ou perder peso pela falta de pasto ou por erros de ajuste nutricional. Para evitar o efeito sanfona, a nutrição deve incluir o fornecimento de suplementos, que tem como base o uso de fontes de energia, proteína, minerais e aditivos, como o sal proteinado.
O suplemento deve ser fornecido de acordo com a categoria animal (cria, recria ou engorda), metas de desempenho, estrutura operacional e capacidade de investimento do pecuarista. E fique atento ao abastecimento diário do cocho, pois água e suplemento não podem faltar.
O controle de plantas daninhas deve ser feito o ano inteiro, mas, para que as estratégias de controle de invasoras sejam efetivas, é necessário planejar com antecedência. Para auxiliar, o produtor pode utilizar as ferramentas associadas ao Manejo Integrado de Pragas (MIP).
O monitoramento de plantas invasoras vai ajudar na escolha do produto mais adequado para o controle das plantas daninhas, para otimizar cada tipo de manejo. Para não errar, conte com uma assessoria técnica, que vai orientar como fazer controle, qual herbicida usar e a dosagem adequada.
O zootecnista destaca que o controle de plantas daninhas é de grande importância, pois elas diminuem o acesso dos animais ao pastejo, além de competirem com nutrientes disponíveis para as espécies forrageiras.
“As plantas invasoras em pastagens são responsáveis pelo menor ganho de peso/animal e menor ganho de peso/área. E, logicamente, com menor produtividade não é possível se obter uma pecuária competitiva e rentável, sem falar no risco de evolução do processo de degradação das pastagens.”
Leia mais: Como são formados os preços da arroba do boi gordo?
Na hora da venda do boi gordo, esteja atento às projeções de preços da arroba do boi gordo no mercado, para saber o melhor momento para lucrar mais com a venda, já que a cotação do boi gordo também pode ser afetada por fatores externos.
“O pecuarista deve ter uma estratégia mais bem elaborada do que aquela que implica em somente ligar para o frigorífico e perguntar quando pode encaixar seus animais. Essa estratégia tende a ser frustrante em muitas circunstâncias”, alerta Coan.
De maneira geral, ele recomenda que o pecuarista tenha uma boa aliança comercial com o frigorífico, para que possam avaliar sobre sua escala de abate e negociar melhor remuneração pela qualidade. Se possível, ele também deve tratar sobre travas na venda futura (boi a termo), ou buscar ferramentas de proteção de preço na B3.
Esperamos que tenha gostado das dicas e possa implementá-las na sua fazenda.