A turbulência causada pelas notícias e suspensão temporária das exportações poderia ter gerado quedas de preços sem uma recuperação das cotações nos contratos futuro do boi gordo.
Mas a recuperação das cotações foi rápida e decorrente da conjuntura esperada para o ano, de preços subindo acima da inflação, devido à oferta de boiadas para abate.
O bom cenário, também, está relacionado às expectativas de bons volumes exportados. Essas projeções já têm se confirmado e são influenciadas pelas compras da China, devido à redução da produção de carne suína, em decorrência do surto de Peste Suína Africana no país.
Com isso, as expectativas para o mercado do boi gordo são positivas. O produtor pode optar por travar preços mínimos do boi gordo para o segundo semestre, com o uso do negócio a termo, diretamente com frigoríficos, ou por meio da compra de opções (seguros) de preços. Dessa forma, se o mercado surpreender positivamente, o pecuarista ganha com a valorização, mas está protegido se algo negativo ocorrer.
Contratos futuros com vencimento em outubro
O mercado do boi gordo passou por turbulência no começo de junho. Com a confirmação do caso atípico de vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina), em Mato Grosso, houve suspensão das vendas de carne bovina para a China no início do mês.
Essa suspensão ocorreu pelo Ministério da Agricultura brasileiro, seguindo o protocolo firmado previamente entre os países. Mas, dez dias depois (13/6), houve a liberação das vendas.
Apesar de uma resolução rápida, nesse período de incertezas quanto à volta das vendas ao nosso principal destino, houve uma forte pressão de baixa por parte dos compradores de boi gordo.
Essa pressão foi decorrente de dois pontos fundamentais:
- O primeiro é que o clima de incerteza, associado a programações de abate confortáveis, permitiu os testes de valores menores, situação usada pelos frigoríficos.
- Realmente havia dúvida quanto à velocidade do retorno das negociações, o que manteve os participantes do mercado cautelosos.
Aqui cabe uma ressalva importante: a própria Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) deu o caso por encerrado e manteve a classificação do Brasil para encefalopatia espongiforme bovina como insignificante, a melhor possível.
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Esta pressão de baixa no mercado físico afetou os contratos futuros de boi gordo. O contrato de outubro, que possui o maior volume de negócios.
Figura 1. Contrato futuro de boi gordo com vencimento em outubro, em R$/@, à vista, livre de Funrural.

Fonte: B3 / Broadcast
As cotações futuras do boi gordo trabalhavam em alta ao longo de maio. O mês começou com o contrato negociado por R$ 158,80/@ e, no dia 24, atingiu R$ 164,05/@, uma valorização de 3,3%.
Depois, desse pico até o vale de preços observado após as notícias do caso atípico em Mato Grosso e desdobramentos com as exportações, de R$ 155,00/@, em 3 de junho, o recuo foi de 5,5%. Nesse intervalo, a desvalorização em reais foi de R$ 9,05/@, o que equivale a R$ 181,00 em um boi gordo de 20 arrobas.
Essa diferença ilustra a importância do uso de ferramentas de garantia de preços pelos pecuaristas.
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Autor: Hyberville Neto – médico veterinário