Blog •  14/10/2022

Dia da Mulher Rural: Conheça a trajetória de trabalho e determinação de Jéssica Rabecini

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No Dia Internacional da Mulher Rural, conheça a história da pecuarista de Mato Grosso que aprendeu com o pai o amor e a dedicação ao trabalho no campo 

A rotina de trabalho da pecuarista Jéssica Aline Finotti Rabecini, de Alta Floresta (MT), não é diferente da rotina dos homens que têm a mesma responsabilidade à frente de propriedades rurais em todo o Brasil. A diferença é que, além de cuidar da administração dos negócios, na cidade, e de gerir as atividades operacionais, na fazenda, ela ainda dedica tempo para os cuidados diários com a casa e os filhos. 

Seja em cargos de gestão ou no trabalho operacional, esta é a realidade de milhares de brasileiras que trabalham no campo. Segundo o último Censo Agro (2017), cerca de 950 mil mulheres trabalham como produtoras, o equivalente a 19% do total de trabalhadores do setor.

Para compreender melhor este cenário, em 2021 a Corteva Agriscience™ apoiou a realização de uma pesquisa nacional que avaliou como as mulheres percebem os avanços da participação feminina no agronegócio.

A pesquisa, que ouviu 408 brasileiras (69% atuam como proprietárias ou arrendatárias de fazendas), também tratou dos desafios ainda existentes sobre o tema.  93% delas se sentem orgulhosas com o que realizam no agro e 97% estão felizes com o seu trabalho. Além disso, 72% se sentem ouvidas e 41% têm curso de pós-graduação. O levantamento foi realizado pela Agroligadas, com o apoio da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e do Sicredi. 

Para elevar a consciência mundial sobre o papel da mulher do campo, a ONU instituiu 15 de outubro como o Dia Internacional da Mulher Rural. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as mulheres constituem 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento. 

Sucessão 

A relação da família Rabecini com o agronegócio iniciou há cerca de 40 anos, quando o pai de Jéssica, José Laércio Rabecini, adquiriu sua primeira propriedade rural em Alta Floresta. Ali ele iniciou na produção pecuária, cresceu e fez parte do processo de desenvolvimento do município.

Foi nesse ambiente, em meio aos currais e plantações, que Jéssica cresceu, trabalhou e decidiu também se dedicar ao agronegócio. Depois de se formar como engenheira agrônoma, em 2009, ela passou a auxiliar o pai no gerenciamento das propriedades rurais da família. 

No dia a dia, Jéssica faz um pouco de tudo, se dividindo entre a gestão da Estância Rabecini e da Fazenda Percilia. Uma delas é arrendada para a produção de soja e milho, e a outra, a maior, é voltada para cria, recria e engorda de gado Nelore. 

“Normalmente vou duas ou três vezes na semana para a fazenda, mas na época de vacinação vou todos os dias. Ali trabalho direto com os funcionários, fazendo o que for preciso. Nos outros dias, fico na cidade, cuidando da parte administrativa, como cotação, pagamentos e controle de caixa”, conta ela.  

Foco na produtividade e inovação 

São cerca de 6 mil cabeças de gado sob a sua responsabilidade. Os machos são criados no pasto rotacionado e vendidos como boi magro, enquanto as fêmeas são criadas no sistema intensivo e vão para a terminação. Ela também trabalha com cruzamento industrial, com o uso da técnica de inseminação artificial em tempo fixo (AITF). 

Uma das inovações implantadas por Jéssica na fazenda foi a construção de um barracão de 600 metros para produzir a ração do gado. Ela também está aumentando a área do rotacionado, com adubação, limpeza da área de pastagem e reforma de pastos. A pecuarista também investe em capacitações contínuas para os funcionários em diversas áreas. 

Jéssica é responsável ainda por organizar, em parceria com outros produtores da região, um leilão que negocia cerca de 5 mil animais. O evento, que acontece anualmente, sempre no mês de maio, está na sexta edição. “A cada ano, o evento tem crescido em qualidade do gado. É um momento muito esperado pelos produtores, porque ajuda a divulgar e valorizar a produção da nossa região”, destaca.  

Respeito e reconhecimento 

Mesmo atuando em um segmento predominantemente masculino, Jéssica conta que raramente enfrentou resistência entre os funcionários da fazenda. No manejo do curral, é ela que está sempre à frente do trabalho e com quem eles têm maior contato. 

“Temos pessoas que estão conosco há muitos anos, então eles conhecem meu trabalho e sempre me respeitaram. Além disso, meu pai sempre me colocou à frente, o que não deixa espaço para receio ou questionamento”, pontua. 

A pecuarista acredita que o sucesso dos negócios é fruto de um trabalho conjunto entre homens e mulheres, cada um com sua visão. “Tenho uma grande parceria com meu pai e cada um tem um olhar diferente, que se complementa. A diferença é que, mesmo sem ter a força física do homem, a mulher tem um jeito melhor de cuidar, de cativar os funcionários e suas famílias. Ela também é mais atenta aos detalhes”, considera.  

Trabalho e família 

Além do trabalho com a casa, os filhos, a mulher tem a habilidade de conseguir colocar tudo como prioridade e correr atrás dos seus objetivos. Aos 33 anos, Jéssica é casada e tem dois filhos, Isaac, com 5 anos, e Diana, de 1 ano. 

Para dar conta dos compromissos, a pecuarista conta com o apoio do marido e o auxílio da mãe e de uma cuidadora de crianças − por quem Jéssica tem muito carinho e reconhecimento.

“Não é fácil deixar os filhos, sair muito cedo de casa e voltar só à noite. Mas Deus ajuda e coloca na nossa vida pessoas que ajudam, para que possamos fazer tudo isso com tranquilidade. É uma verdadeira força-tarefa”, enfatiza. 

Além dos desafios diários, Jéssica também enfrenta os imprevistos que precisam ser contornados. Há pouco tempo, quando Diana completou quatro meses, a pecuarista caiu e quebrou o cotovelo. Ela precisou passar por cirurgia, fisioterapia, retirada de pino, e só agora voltou à rotina. “Isso não me parou. Mesmo na minha licença-maternidade, eu fiquei trabalhando de casa”, lembra. 

Fidelidade e confiança 

Desde que iniciou na gestão das fazendas, há 12 anos, Jéssica conta com a parceria da Corteva AgriscienceTM. Ela lembra, no entanto, que o pai é cliente da empresa há mais de 30 anos − uma parceria que ela nunca desfez e que pretende manter. 

“São produtos excelentes, que atendem todas as nossas necessidades. Quando o produto tem o resultado esperado, você não precisa e nem pensa em migrar para outros, você simplesmente permanece fiel. É assim com a Corteva Agriscience, que nos atende em todos os aspectos, da negociação à assistência”, enfatiza.  

Mulheres no comando  

Jéssica não tem irmãos, apenas uma irmã mais nova, que ainda está na faculdade e cursa Agronomia. A perspectiva é que futuramente o negócio da família seja administrado pelas duas mulheres, aumentando ainda mais os índices de representatividade feminina no campo. 

“Hoje ainda tenho certa limitação por conta dos filhos pequenos, mas minha intenção é agregar mais tecnologias e otimizar a produtividade nas fazendas. Quero assumir a agricultura, melhorar as áreas de pastagem e do rotacionado, fazer uma área de piquete, produzir gado mais precoce”, conta. 

Às mulheres que querem ingressar no agronegócio, ela aconselha uma boa dose de determinação e coragem de assumir a responsabilidade. “Também é importante buscar informações sobre o assunto e contar com o apoio de uma boa assessoria técnica e veterinária”, orienta ela.