
Após a confirmação de dois casos atípicos de doença da “vaca louca”, foi decretado um auto de embargo na exportação de carne bovina brasileira para a China. As importações chinesas corresponderam, em 2020, a 43% do volume de carne brasileira exportada, evidenciando a importância do cliente para a cadeia pecuária brasileira.
Com o prolongamento do embargo, aumento das incertezas decorrentes da suspensão, um mercado interno com consumo mais fraco, grande oferta de animais terminados em confinamento e menor necessidade de compra da indústria, o mercado do boi gordo registrou quedas vertiginosas ao longo das semanas.
Já em meados da primeira quinzena de novembro, os preços iniciaram a retomada do patamar pré-embargo. Esse movimento tomou forma com a oferta de animais terminados em confinamento diminuindo e o pecuarista segurando o restante dos animais no cocho em busca de preços melhores, pressionando a ponta compradora a ofertar preços maiores pela arroba.
Em 23 de novembro, a Administração Geral de Alfândegas da China liberou a entrada da carne certificada até 3 de setembro. É importante ressaltar que a exportação ainda não foi retomada. Com isso, a cadeia da carne está no aguardo da tão esperada notícia da volta da comercialização com o país asiático.
Veja na figura 1 que o movimento de alta vinha firme e, com a liberação, o preço do boi gordo ficou estável entre os dias 22 e 24 de novembro.
Figura 1.
Evolução dos preços do boi gordo em São Paulo, de 6/9/21 a 24/11/21, em R$/@, a prazo e bruto.

Fonte: Scot Consultoria
Preços no atacado de carne bovina sem osso
No cenário apresentado, no período de 8 de setembro a 10 de novembro, quando a cotação do boi gordo estava em queda, o atacado de carne sem osso apresentou aumento de 8,5% na média dos preços dos cortes de traseiro, saindo de R$ 34,52/kg para R$ 37,44/kg, como resultado do menor volume disponibilizado no mercado interno.
Já os cortes de dianteiro recuaram 7% no mesmo período, de R$ 23,74/kg para R$ 22,08/kg, devido à menor procura na ponta final da cadeia. Na figura 2, vê-se o comportamento dos preços.
Figura 2.
Evolução dos preços médios do atacado de carne bovina em São Paulo, em R$/kg.

Fonte: Scot Consultoria
Apesar do movimento no atacado, não houve impactos positivos para o consumidor. Como mostrado na figura 3, ocorreram altas no intervalo.
Os repasses no varejo não seguiram o mesmo ritmo do atacado, mostrando firmeza ao longo do período. Apenas no levantamento realizado em 10 de novembro foi observado recuo no preço médio, considerado pontual, como forma de melhorar a rotatividade de alguns cortes, como peito, acém e cupim, diminuindo seus preços nas gôndolas.
Figura 3.
Evolução dos preços médios do varejo de carne bovina em São Paulo, em R$/kg.

Fonte: Scot Consultoria
Os preços da arroba se recuperaram e atingiram precificações maiores quando comparados ao período antes do embargo e poderão permanecer em tais patamares por um longo período, uma vez que a oferta de animais não deve aumentar no curto prazo, com a capacidade de suporte das pastagens ainda limitada e os confinamentos com animais terminados minguando.
Com isso, os preços no atacado e no varejo de carne devem seguir firmes, uma vez que a margem de comercialização das indústrias está mais justa nos patamares atuais da venda de carne e o número menor de animais abatidos limita a oferta de cortes cárneos.
Espera-se que, com o recebimento do 13º salário, empregos temporários típicos de fim de ano e o Auxílio Brasil, ocorra uma melhora na renda das famílias, com efeito positivo sobre o escoamento de carne.