A colheita da soja no Brasil (2019/2020) teve início em janeiro, e a estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de que sejam produzidas 122,22 milhões de toneladas do grão na safra atual. Dessas, 44 milhões de toneladas deverão ser esmagadas para a produção de óleo e farelo, o que deverá resultar em 33,50 milhões de toneladas de farelo de soja, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Do volume previsto de farelo, aproximadamente metade (50,4%) deverá ser consumida no mercado interno pelo setor de nutrição animal e o restante será exportado.
Processamento de soja grão no Brasil
Os esmagamentos de soja ganham força no país a partir de fevereiro, com o avanço da colheita da soja e maior disponibilidade do grão.
Observe na figura 1, a evolução dos volumes médios mensais de soja processada no Brasil ao longo do ano, com base em um histórico desde 2014. Os meses de março a julho compreendem o período de maior processamento e, consequentemente, de maior oferta de farelo de soja no mercado brasileiro.
Figura 1.
Evolução do processamento de soja no Brasil, volumes médios mensais desde 2014, em mil toneladas.

Fonte: Abiove / Elaborado pela Scot Consultoria
Para o pecuarista que confina o gado ou trabalha em um sistema de produção de semiconfinamento, é importante ficar atento às oportunidades para a compra do insumo, já que, nesse período de aumento da disponibilidade do produto, aumenta o viés de baixa sobre as cotações do insumo.
Veja na figura 2, a dinâmica de preços do farelo de soja no mercado interno, mês a mês, na média dos últimos 10 anos. Historicamente, o primeiro semestre é de preços mais baixos. Isso ocorre não só para o farelo, mas também para a soja grão e óleo de soja.
Figura 2.
Preços do farelo de soja em São Paulo, médias mensais desde 2010, em R$ por tonelada, sem o frete.

Fonte: Scot Consultoria
Mercado: oferta, demanda e incremento na produção
A produção de farelo de soja deverá crescer 3,4% na safra atual, comparada à passada (Abiove).
Do lado da demanda, as exportações brasileiras de farelo deverão ser 3,2%, menores em 2020, mas o consumo doméstico deverá crescer 3,7%, puxado pelo aumento na produção, principalmente, de aves e suínos, que são as atividade que mais consomem farelo de soja no país.
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Para o pecuarista, os próximos meses podem ser de oportunidades para a compra do insumo, considerando a pressão da safra (colheita e esmagamento).
De qualquer forma, é importante o monitoramento do clima, que pode impactar no ritmo dos trabalhos no campo, e do dólar, que reflete diretamente nos preços da soja grão e do farelo de soja, em reais.
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Autor: Rafael Ribeiro de Lima Filho – zootecnista, msc.