
Normalmente, março é um mês de aumento da oferta de vacas e novilhas, com o período de descarte após a estação de monta.
O mês que passou, no entanto, não trouxe alívio em relação à oferta de gado, que segue limitada desde o início do ano, mantendo o cenário positivo de preços.
Tomando São Paulo como referência, a cotação do boi gordo subiu 4,1% em trinta dias. O boi magro e o bezerro de 12 meses tiveram altas de 1,1% e 6,3%, respectivamente, no mesmo período. Veja a figura 1.
Figura 1.
Variações de preços entre o fim de fevereiro e o fim de março de 2021 em São Paulo.

Fonte: Scot Consultoria
O mercado de reposição segue com pouca oferta e com demanda estimulada pelos preços futuros do boi gordo. O ritmo de negociações foi influenciado negativamente pelo patamar das cotações da própria reposição em alta, embora isso não tenha afetado a firmeza do cenário.
A valorização expressiva das categorias jovens demonstra o investimento que continua ocorrendo na atividade, com destaque para as valorizações das bezerras para cria. Tal estímulo vem do patamar de preços da reposição e traz uma expectativa de oferta moderada em curto prazo.
Isso, porque boa parte dos abates de fêmeas ocorre no primeiro semestre, no período de safra. Como é esperado que 2021 seja mais um ano de retenção, não devemos ter grande volume de vendas em curto prazo.
Tipicamente, entre abril e maio, a chegada da seca, ao diminuir a capacidade de suporte dos pastos, acaba influenciando a opção de venda da boiada pelo pecuarista, mas, conforme citado, a retenção de fêmeas deve modular o movimento da oferta.
No mercado externo, considerando os últimos dados disponíveis, até a terceira semana de março, houve aumento de 3,4% no volume médio diário de carne bovina in natura embarcado em relação ao mesmo período de 2020. O preço médio em dólares aumentou 4,3% na mesma comparação, gerando um acréscimo de 7,9% no faturamento médio na mesma moeda.
Expectativas
Com a diminuição das chuvas esperada para os próximos meses, a tendência é de redução da qualidade das pastagens, com aumento da oferta de gado. Possivelmente, um aumento modesto, pelo cenário de investimento na cria.
Do lado da demanda, as restrições relacionadas à contenção da covid-19 seguem impactando negativamente a economia e a demanda doméstica. O auxílio emergencial, embora mais tímido que a primeira rodada, injetará dinheiro na economia a partir das próximas semanas, ajudando a demanda doméstica.
No mercado externo, a expectativa é de que, com o patamar do dólar em alta, somando-se à demanda chinesa, tenhamos bons volumes ao longo do ano.
Em resumo, para o curto prazo, é possível que o mercado passe por momentos de testes de preços menores, mas sem grande oferta pela conjuntura de retenção de fêmeas.
—
Hyberville Neto – médico veterinário, msc.
Scot Consultoria