
Conciliar a vida profissional sem deixar de lado o cuidado e a dedicação com os filhos é uma tarefa extraordinária, que requer muita coragem e determinação. Essa é a rotina de milhares de mulheres do campo que, além das responsabilidades no trabalho, se dedicam à valiosa e exigente missão de ser mãe.
Foi na maternidade que a pecuarista Carmen Perez, referência internacional em saúde e bem-estar animal e cliente da Corteva Agriscience™, descobriu o amor incondicional, que mudou sua maneira de viver e ver o mundo.
“A maternidade muda uma mulher completamente. A gente aprende o que é amor de verdade no momento em que se torna mãe. Junto com esse amor vêm outros sentimentos e sensações, como a renúncia de qualquer coisa em prol dos filhos. É um sentimento muito forte e lindo, uma doação eterna”, afirma.
À frente da Fazenda Orvalho das Flores, que fica em Barra do Garças (MT), Carmen administra a propriedade com 2,8 mil cabeças de gado, conciliando seu trabalho com a atenção e os cuidados com as filhas Olívia, de 11 anos, e Bianca, de 3 anos.
“A partir do momento em que eu me tornei mãe eu criei uma empatia diferente com as vacas, com a maternidade. Isso mudou muito o meu modo de ver a vida, o nascimento. Eu adoro esse momento do nascimento, que é um ser vindo ao mundo”, conta a pecuarista.
Antes da maternidade
A ligação de Carmen com o campo e o amor pelos animais começou quando era ainda pequena. “Meu avô trabalhava com cana-de-açúcar no Mato Grosso, então tive essa vivência, essa ligação com a natureza muito forte. Mas, acima de tudo, acredito que minha alma estava ligada com o campo”, diz.
Aos 22 anos, Carmen precisou assumir a propriedade que frequentava apenas nos momentos de lazer, sem qualquer experiência de gestão e com a responsabilidade de liderar uma equipe já formada. Ao lembrar os primeiros anos na fazenda, a pecuarista conta que foi um período de muito trabalho, pois tinha muita vontade de aprender como tudo funcionava na propriedade.
“Eu me lembro de acordar muito cedo e passar o dia todo trabalhando, executando as coisas. Não que agora tenha diminuído, mas a forma era diferente. Naquela época eu não tinha tempo para pensar o que eu estava fazendo, mas foram anos muito importantes da minha vida”.
Amor de geração a geração
O amor de Carmen pela fazenda e pelos animais é uma herança que passou para as filhas. Desde muito cedo, as meninas aprenderam a valorizar e curtir a rotina da fazenda, sempre incentivadas pelos pais.
“Eu e meu marido vivemos isso muito intensamente e nós introduzimos na vida delas. Quando chegam na fazenda, elas se transformam. A família toda sai a cavalo, vai ao curral, para a maternidade. Acho que é muito importante fazer essa introdução”, diz.
Carmen conta que a filha mais velha, Olívia (11 anos), morou até os cinco anos na fazenda e acompanhou toda a implantação da seringueira, e sempre esteve ao lado da mãe nas atividades do campo. Hoje a filha tem uma paixão pela fazenda e pelos animais.
“A Bianca não teve a mesma vivência, mas durante a pandemia, quando ficamos na fazenda praticamente por dois anos, ela viveu esta realidade. Agora, todo o dia ela acorda na cidade e pede para ir para a fazenda”, conta a pecuarista.
Gestão que valoriza boas práticas e manejo de pastagens
A Fazenda Orvalho das Flores é conhecida internacionalmente pelas boas práticas e o manejo humanizado das criações adotado por Carmen Perez. Na propriedade, o manejo das pastagens é rotacionado, para melhorar a nutrição do rebanho e contribuir para a renovação da pastagem, mantendo o solo mais conservado e produtivo.
“Fazemos a modulação com a orientação de um consultor, dando o período necessário de descanso e ocupação de cada pasto e cada capim, o que é extremamente importante para a produção. Também há estratégias para seca, pois temos aqui um período bem definido de seca que é muito desafiador”, diz ela.
Em relação às boas práticas de bem-estar animal, três práticas importantes se destacam. A primeira é a introdução da massagem no nascimento do bezerro. Segundo ela, é uma maneira do vaqueiro e do animal se conectarem. A segunda prática foi a desmama lado a lado. Nesse método, os bezerros são mantidos em pasto próximo ao de suas mães, para que possam ver, sentir o cheiro ou ter contato físico parcial com elas. Assim, eles são separados da mãe gradativamente.
A terceira prática iniciou em 2016, quando a propriedade deixou de marcar a fogo. Hoje, os animais só recebem a marca da brucelose, que é obrigatória pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Como equilibrar maternidade e trabalho?
Para a pecuarista, a conquista de espaço da mulher, que é fundamental, também deixou a mulher muito sobrecarregada. É preciso atender aos filhos, ao marido, a casa e ao trabalho. Diante de tantas responsabilidades, como conciliar trabalho, família e vida pessoal? Segundo ela, não existe uma fórmula ideal, é preciso estabelecer prioridades.
“Acredito que vivemos em busca do equilíbrio entre o trabalho e a família. Hoje em dia há uma pressão muito grande para estar atualizada, para fazer parte de grupos, reuniões e congressos. Mas não é possível fazer tudo, não existe uma fórmula mágica. Em cada momento da vida, priorizamos aquilo que realmente é mais importante”, enfatiza.
E você, também conhece uma mãe extraordinária do campo? Conte para a gente.