
O cenário de valorizações observado desde a segunda metade de dezembro continuou ao longo de janeiro. A oferta restrita de gado tem sido o principal vetor das movimentações, com ajuda das exportações.
Apesar da desaceleração ao longo do mês, no acumulado até a terceira semana útil de janeiro, o volume médio diário de carne bovina in natura embarcado ainda foi 6,7% maior em comparação a janeiro de 2020 (Secex).
Em 30 dias, a cotação do boi gordo subiu 13,3%, considerando São Paulo como referência. Veja a figura 1.
Figura 1.
Preços do boi gordo, R$/@, à vista, livre de imposto, em São Paulo.

Fonte: Scot Consultoria
Perceba que as máximas observadas em novembro, antes do ajuste de preços, já foram superadas. Considerando a referência em São Paulo, a cotação, no fim de janeiro, superava em 2,8% o preço máximo daquele mês. No fim de janeiro de 2021, o preço estava em R$ 293,50/@, à vista, livre de imposto, frente a R$ 285,50/@ em meados de novembro.
Para preços a prazo e sem descontos, o patamar de R$ 300/@ já é realidade no estado.
As valorizações no mercado do boi gordo animaram os compradores de reposição e, como a oferta dessas categorias continua restrita, o mercado ganhou força ao longo do mês. Na média de todas as praças e categorias de reposição pesquisadas pela Scot Consultoria, houve valorização de 7,6% em janeiro.
A maior demanda entre as categorias de reposição tem sido observada para as mais eradas, para giro rápido.
No mercado atacadista, os preços cederam 0,3% na última semana de janeiro, mas, ao longo do mês, houve valorização acumulada de 1,8% na média dos cortes pesquisados.
Com o cenário de consumo lento, típico de janeiro, o varejo não conseguiu repassar as valorizações e tem trabalhado com margens menores. A margem de comercialização do elo chegou ao fim de janeiro em 33,4% , enquanto, no mesmo período de 2020, essa margem era de 68,5%.
Expectativas
Do lado da oferta, a tendência é que, com os preços do boi gordo em alta, possa ocorrer alguma melhora das compras da indústria, mas não se acredita em um cenário de safra ofertada, devido à conjuntura de investimentos na cria e retenção de fêmeas.
Para a demanda doméstica, o começo do mês é de maior movimentação, mas o cenário econômico geral não deixa expectativas muito promissoras nesse aspecto.
O mercado externo é um ponto a ser acompanhado de perto, assim como o câmbio, mas é esperado um bom volume de compras, com a demanda chinesa ainda em alta.
Em resumo, devemos ter preços firmes para o boi gordo e reposição nas próximas semanas.
Obviamente, a ocorrência efetiva de uma greve do setor de transportes tem potencial para chacoalhar as previsões, mas também é algo a ser acompanhado.
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Hyberville Neto – médico veterinário, msc.
Scot Consultoria