Blog •  24/02/2022

Mercado de Crédito de Carbono dá sinais de avanço na agropecuária brasileira

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Mercado de Crédito de Carbono dá sinais de avanço na agropecuária brasileira

As práticas com foco em sustentabilidade ganham espaço com projetos relevantes para o setor

O agronegócio brasileiro, importante ator da balança comercial, passa por uma intensificação sustentável. O setor, que cada vez mais se pauta pelas práticas ESG (Environmental, Social and Corporate Governance – Governança Ambiental, Social e Corporativa), está em constante busca por métodos e tecnologias que aumentem a produtividade e preservem o meio ambiente. A sociedade também está mais atenta e valorizando a jornada do alimento. Com essa visão, o agronegócio nacional começa a mirar o mercado de créditos de carbono.

O conceito de Crédito de Carbono surgiu durante o Protocolo de Quioto, em 1997, um tratado internacional com o objetivo de criar medidas que estimulassem a diminuição da emissão dos gases do efeito estufa, responsáveis por vários problemas ambientais e associados às mudanças climáticas. Os créditos representam a não emissão desses gases, podendo ser adquiridos por empresas com alto índice de emissão junto com empresas que apresentam índices reduzidos de emissão. Dessa forma, torna-se um mecanismo de flexibilização que ajuda os países a cumprirem suas metas de redução da emissão de gases poluentes.

O Protocolo de Quioto venceu em 2011 e, desde então, não foi regulamentado um mercado de créditos que possibilite a compra e a venda de créditos de carbono da pecuária de forma simples

e eficiente, contou o professor Dante Pazzanese Lanna, da Universidade de São Paulo (USP). Ele considera essa dificuldade de comercialização o principal obstáculo a ser vencido. “A organização da comercialização dos créditos da pecuária ainda é muito difícil”, lamenta o professor. Para ele, esse mercado ainda precisará de negociações e aportes financeiros do governo.

O professor acredita que os países da Europa precisam cooperar mais para que o mercado de crédito de carbono seja realmente viável, pois o Brasil possui mais ações de preservação que os países europeus, segundo ele. Lanna vê com otimismo a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que ocorrerá no dia 12 de novembro, em Glasgow, no Reino unido. O encontro reunirá representantes de aproximadamente 200 países. “Há um certo otimismo para o evento, embora saibamos que as negociações serão difíceis”.

Outro ponto a ser aprimorado é a forma de mensuração dos créditos de carbono na pecuária, já que falta um sistema que permita auditar e medir de forma eficiente quantas toneladas de carbono o produtor deixou de emitir, explica o professor.

Lanna faz parte do quadro docente da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (ESALQ) da USP, e liderou a criação de um software que, entre outras funções, avalia as formulações de rações para gado de corte e leite. Chamado de Ração de Lucro Máximo (RLM), o sistema permite calcular dietas que produzam menos gases de efeito estufa (GEE) por quilo de carne produzida.

Iniciativas que já começaram

Buscando formas mais eficientes de mensurar os créditos de carbono, a PRODAP, empresa especializada em oferecer tecnologias para o agronegócio, em parceria com a CEPTIS Agro, empresa brasileira que detém os direitos da tecnologia suíça no setor de certificação segura e rastreabilidade, prepara-se para certificar a sustentabilidade e comercializar crédito de carbono de seus clientes.

 A empresa está se estruturando e elaborando um protocolo de sustentabilidade seguro, unindo a tecnologia PRODAP Views e TrustScore®, de acordo com Rafael Mendes, diretor de Novos Negócios da PRODAP. Ele explica que a empresa possui uma estrutura para realizar a emissão do selo de sustentabilidade, pois uma das competências necessárias é a capacidade de fazer o rastreamento dos dados da fazenda. “A PRODAP já possui tecnologias que fazem rastreabilidade segura e que capturam dados e informações como quantidades de animais, localização, se há comida necessária, se o pasto está manejado de forma adequada, se a água consumida é de qualidade, entre outros, em tempo real. Somando suas tecnologias à tecnologia de MRV (Monitoring Reporting and Verification) da CEPTIS Agro, nossa parceira, nos permite mensurar a sustentabilidade da cadeia produtiva de pecuária de corte. Esse foi um dos motivos de criarmos uma aliança estratégica com a CEPTIS Agro e que nos permitirá emitir o selo de sustentabilidade”, afirma.

Já há empresas interessadas em compensar as emissões de gases do efeito estufa, mas que ainda não sabem como proceder. Mendes explica o objetivo da PRODAP: “Nossa proposta é continuar criando soluções inteligentes e assertivas para o mercado. E, a partir da união das duas tecnologias, PRODAP Views e TrustScore, será possível fazer a mensuração da sustentabilidade, do sequestro de carbono ou neutralização de carbono dos produtores. Dessa forma, conseguiremos rastrear a cadeia de maneira segura, certificando e rastreando a originação animal para frigoríficos e garantindo os compliances socioambientais, econômicos e de bem-estar animal das propriedades”.

O mercado de crédito de carbono está em desenvolvimento no país, e não há dúvidas do seu potencial promissor. Entretanto, precisa ser aprimorado para que o meio ambiente e os produtores possam usufruir dos seus benefícios.

Vamos continuar acompanhando as novidades desse setor tão importante para a economia não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Fique com a gente!