
O mercado do boi gordo terminou o ano com mais fôlego em decorrência da pouca oferta de gado terminado, com os pecuaristas fora dos negócios.
A saída dos vendedores do mercado é comum nesse período, e a tendência é durar mais alguns dias. Gradativamente, os produtores vão voltando às negociações ao longo de janeiro.
O primeiro dia útil no mercado do boi gordo (04/01) também foi de valorização. Veja na figura 1 a inversão da curva de preços observada desde a semana “mais curta” do Natal. Com menos dias de compra, mesmo que a demanda de fim de ano estivesse garantida, quem precisou negociar teve que pagar mais pelo gado.
Figura 1.
Preços do boi gordo, R$/@, à vista, livre de impostos, em São Paulo.

Fonte: Scot Consultoria
Apesar da recuperação nas últimas semanas, a cotação do boi gordo ainda está 3,3% menor que no começo de dezembro de 2020 e 8,2% abaixo do pico de preços observado em meados de novembro de 2020, considerando a referência em São Paulo. Na comparação com o início de 2020, que começou com a arroba em R$ 200,00, livre de Funrural, o preço atual é 31% maior.
No mercado de reposição, as cotações ainda não sentiram o efeito do fôlego observado para o boi gordo. O volume de negócios em ambos os mercados – reposição e boi gordo – segue pequeno, mas, enquanto o boi gordo já trabalha no campo positivo há algumas semanas, para a reposição, o cenário geral ainda foi de ajustes negativos no fechamento de 2020.
Em relação ao preço no fim de novembro, a cotação média do boi magro terminou 3,2% menor em 2020, na média de todas as praças pesquisadas. Para o bezerro de doze meses, na mesma comparação, o recuo foi de 4,2%.
Expectativas
O cenário de pouca oferta esperado para o curto prazo deve ajudar a sustentar o mercado do boi gordo em um momento de demanda fraca, como tipicamente ocorre em janeiro.
O mês é marcado pelas contas que ficaram das férias e festas de fim de ano, além dos impostos incidentes no período e término das contratações temporárias. Em 2021, também temos em janeiro o efeito do fim do auxílio emergencial, que foi um importante pilar da demanda em 2020.
A associação desses fatores deve manter o ritmo de compras da indústria calmo, mas possivelmente com a manutenção do cenário de preços mais firmes para o boi gordo.
Caso o cenário de preços mais firmes seja confirmado para o boi gordo, devemos ter um acréscimo da demanda por reposição. Como a oferta dessas categorias está estruturalmente curta e as pastagens permitem a retenção das diferentes categorias, é possível que o mercado de animais jovens também ganhe ânimo.
A evolução das tratativas para a imunização no Brasil e o seu desenrolar mundo afora vão continuar afetando as economias e o câmbio, e, por consequência, as exportações de carne bovina, que foram um importante vetor das altas em 2019 e 2020. É um ponto a ser acompanhado de perto.
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Hyberville Neto – médico veterinário, msc.
Scot Consultoria
Sim
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