
O mercado do boi gordo segue forte, com a lacuna de oferta entre o final de safra e a chegada de um volume maior de gado oriundo de confinamento.
A virada de mês colaborou com uma melhoria do escoamento, mesmo que o cenário geral de consumo doméstico esteja fraco, em decorrência dos efeitos da pandemia e limitação da atividade econômica.
Com a volta gradativa das atividades, o escoamento de carne bovina no mercado doméstico tem melhorado, com a retomada da movimentação em diversas regiões. Veja a figura 1.
Figura 1. Preço do boi gordo em São Paulo, em R$/@, à vista, livre de imposto.

Mercado externo
No mercado internacional, as atenções nas últimas semanas se voltaram para a China, por dois motivos. O primeiro foi o ressurgimento da Covid-19 em Pequim, que, ao que tudo indica, foi contido.
A evolução de casos no país, com uma possível interrupção de atividades econômicas, poderia afetar as nossas exportações para lá. Essa questão parece não ser o problema.
No entanto, na investigação do mesmo surto, foi identificada a presença do vírus em uma tábua com salmão importado, o que aumentou as atenções do país quanto às importações de proteínas, mesmo sem a comprovação de que essa tenha sido realmente a origem.
No final de junho, o Brasil tinha quatro plantas de abate com as exportações para a China suspensas, sendo duas de bovinos, ambas em Mato Grosso, e duas de abates de aves, no Rio Grande do Sul.
Esse é um ponto importante a ser acompanhado, uma vez que as exportações, juntamente com a oferta curta de boiadas, têm sido um vetor importante da movimentação do mercado.
Reposição
Assim como a oferta de boiadas para abate, a disponibilidade de categorias para reposição segue curta, com preços das diversas categorias em alta.
As valorizações dos contratos futuros do boi gordo melhoraram a atratividade do confinamento, principalmente a partir de meados de maio. Com isso, tem sido observado aumento da demanda por categorias mais eradas, mais próximas à terminação.
De toda forma, as diversas categorias seguem com cotações firmes e valorizações. Em trinta dias, o preço do bezerro de doze meses teve alta de 9,5% em São Paulo, enquanto o boi magro subiu 3,4%.
Expectativas
O cenário de menor atratividade do confinamento até maio, com boi magro em alta e milho também pesando nos custos, tem colaborado com a pouca oferta atual de gado terminado no cocho.
Para o curto prazo, espera-se que a disponibilidade de gado continue curta, com a chegada de mais gado a partir de agosto e setembro.
Na primeira quinzena do mês, o consumo doméstico ajuda no escoamento. Somando isso à oferta curta de boiadas e exportações em bom ritmo, esperamos preços firmes e provável continuidade das valorizações.
Cabe o destaque que as exportações podem ser afetadas, caso mais plantas sejam impactadas pela Covid-19 e pelas suspensões de embarques.
Isso pode enfraquecer o mercado se ocorrer de maneira mais disseminada. É algo a ser acompanhado de perto.
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Autor: Hyberville Neto – médico veterinário, msc.
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