Apesar de um quinto da produção nacional de carne ser exportada, é importante lembrar que essa via de escoamento da produção alivia a pressão sobre o mercado interno, ainda mais diante de um consumo doméstico que caminha a passos lentos.
De acordo com as projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA, o volume de carne bovina comercializado mundialmente em 2018 atingiu 10,2 milhões de toneladas. A estimativa é de que esse volume cresça 3,0%, alcançando 10,5 milhões de toneladas em 2019.
Os cinco maiores exportadores de carne bovina no ano passado foram, respectivamente: Índia, Brasil, Austrália, Estados Unidos e Nova Zelândia. Esses países foram responsáveis por atender cerca de 70% do comércio internacional em 2018.
Ainda de acordo com o USDA, para 2019, as projeções são de que o Brasil conquiste o primeiro lugar. Nossa participação no mercado internacional de carnes bovinas deverá saltar de 18,1% para 20,0% este ano. Confira a mudança da fatia azul no gráfico abaixo.
Figura 1
Participação dos países na exportação de carne bovina em 2018 (esquerda) e em 2019 (direita).

Fonte: USDA – Elaborado por Scot Consultoria
Alvos da concorrência
Enquanto o Brasil poderá conquistar o topo, concorrentes como os Estados Unidos e a Índia deverão perder fatias de mercado neste ano.
Diante desse cenário favorável, o Brasil precisará consolidar as relações com os mercados consumidores que já atende, bem como analisar o mercado comprador de seus concorrentes para possíveis futuras relações comerciais (ver tabela abaixo).
Tabela 1
Participação dos principais destinos no total exportado (cinco principais países exportadores).

*dados de janeiro a outubro de 2018 / **dados de 2017 | Fonte: USDA / MLA / MDIC / UN Comtrade – Elaborado por Scot Consultoria
Segundo dados do USDA, Estados Unidos, China, Japão, Hong Kong e Coreia do Sul são os maiores compradores de carne bovina (observe na tabela 1 que desses cinco mercados, temos acesso somente a dois deles).
Abertura de novos mercados
Levando em consideração o estreitamento das relações governamentais entre o Brasil e os EUA, em médio prazo, é possível que acordos bilaterais envolvendo abertura do mercado norte-americano para a carne bovina brasileira sejam firmados.
Já o acesso para o Japão e a Coreia do Sul dependerá do status sanitário “livre de febre aftosa sem vacinação”. Caso isso ocorra, em longo prazo, podem-se abrir caminhos para negociações.
Para garantir a consolidação como líder no mercado mundial de carnes e atender à crescente demanda mundial, principalmente dos países asiáticos, é necessário o contínuo investimento em intensificação, segurança alimentar e garantia de procedência da produção.
Diante da relevância de se produzir mais alimentos com menos recursos, a produção brasileira é um fator-chave no atendimento das demandas futuras da população mundial. Estamos no caminho.
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Autora: Marina Zaia – Médica Veterinária