
A tomada de decisão para descartar as vacas de uma propriedade leva em conta diversos fatores e realizar essa escolha pode ser difícil.
Além do descarte devido a problemas reprodutivos, técnicos recomendam a reposição anual de 30% das vacas do rebanho, seja por idade avançada, temperamento arredio, baixa habilidade materna, problemas de casco, ginecológicos, no úbere, conformações, quartos secos e infecções intramamárias.
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Em fazendas de corte, geralmente há uma estação de monta definida, com duração mais comum de três meses. Seu início ocorre em outubro/novembro, coincidindo com a melhor oferta de pastagens e a condição corporal das vacas, finalizando entre os meses de dezembro e janeiro. Assim, o nascimento dos bezerros tende a se concentrar no período seco, diminuindo a ocorrência de problemas sanitários.
Ao longo da estação de monta é realizado o diagnóstico de gestação, sendo possível realizar nova inseminação, ou cobertura, durante o período.
Findado o período, a partir de consulta do histórico de prenhez e do diagnóstico de gestação negativo, ocorre a análise para a opção de descarte ou não do animal. Caso seja uma vaca nova que falhou pela primeira vez, é possível vendê-la para outra fazenda ou mantê-la por mais uma estação de monta na fazenda, uma vez que não necessariamente trata-se de uma vaca infértil.
Em algumas fazendas, o descarte acontece logo após a desmama dos bezerros. Assim, há um alívio na taxa de lotação que permite aumentar o volume de forragem para os animais que permanecerão no rebanho.
Venda para abate
A venda dessas fêmeas de descarte para as indústrias frigoríficas possibilita uma renda ao produtor. Entretanto, no geral, a qualidade da carcaça das fêmeas é inferior, devido à maior idade, pouco acabamento de gordura e rendimento menor, o que pode limitar os ganhos.
Assim, realizar uma terminação adequada dessas fêmeas antes de enviá-las para abate e possibilitar um melhor pagamento pela arroba pode ser uma estratégia.
Uma das estratégias possíveis é a terminação de vacas de descarte no confinamento, liberando ainda a área de pastagem para as vacas prenhes.
Durante o primeiro semestre, o número de vacas abatidas é maior que no segundo semestre, ocorrendo no segundo semestre uma tendência para a manutenção das fêmeas nas fazendas visando à produção de bezerros.
Acompanhando a oferta de animais gordos para o abate, o preço tende a ser menor no primeiro semestre do ano e maior no segundo semestre. Veja na figura 1.
Figura 1.
Número de vacas abatidas, mês a mês, na média dos últimos dez anos, em milhões de cabeças (eixo da direita) e preço pago pela arroba da vaca gorda, mês a mês, na média dos últimos dez anos, em R$/@, preços livres de impostos e nominais, em São Paulo (eixo da esquerda).

Fonte: IBGE, Scot Consultoria / Elaborado por: Scot Consultoria
Vender a vaca magra ou gorda?
Levando em consideração todos os aspectos abordados, levanta-se a questão: qual a melhor opção de venda, negociar a vaca para outra fazenda ou realizar a engorda e vendê-la para as indústrias frigoríficas?
Atualmente, a vaca magra pesando 11 @ é vendida, em São Paulo, por R$ 3.000,000/cabeça. E paga-se na arroba da vaca gorda o valor de R$ 298,50, preço a prazo e descontados os impostos, na mesma praça.
O custo com a engorda de uma vaca de 11 @ está em R$ 278,50, considerando um período de 90 dias, incluindo o arrendamento (R$ 55,00/cabeça/mês) e a suplementação (R$ 113,40), com um ganho de peso diário médio de 0,7 kg.
É possível obter com a venda de uma vaca gorda, de 13 @, o equivalente a R$ 3.880,50/cabeça.
Com isso, o lucro na venda de uma vaca gorda, comparado à venda de uma vaca magra, é passível de um aumento de R$ 602,10/cabeça.
Nessa simulação, a opção pela venda da vaca gorda apresentou-se mais rentável, mas é importante salientar que cada situação é diferente e os resultados aqui apresentados não são absolutos. Além disso, deve-se considerar a condição dos pastos, a disponibilidade de capital e os objetivos do sistema.
Vale lembrar que o resultado pode variar de acordo com a condição corporal do animal, sua genética, a suplementação utilizada, as condições do ambiente, entre outros fatores.