
Os preços do petróleo caíram para os menores patamares dos últimos anos.
Em um primeiro momento, foram os impasses entre a Arábia Saudita e a Rússia que pressionaram as cotações para baixo.
Em março deste ano, a Arábia Saudita propôs à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados um corte na produção de petróleo, a fim de evitar quedas no preço do produto, adequando a oferta à menor demanda. No entanto, a Rússia rejeitou o acordo, alegando que a queda no preço ajudaria o petróleo a concorrer com o gás de xisto no mercado internacional de energia.
Ainda em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia do novo coronavírus.
Com as medidas de isolamento adotadas e os recuos nas economias pelo mundo, a demanda por combustível caiu consideravelmente, colaborando ainda mais para a baixa dos preços do petróleo no mercado internacional.
As cotações do petróleo. Os preços saíram de um patamar de US$ 50-60 por barril, no final de fevereiro deste ano, para US$ 9 no dia 21 de abril. Veja a figura 1.
Figura 1.
Preços do petróleo na Europa (Brent Crude), em US$ por barril.

Reflexos na pecuária
A queda no preço do petróleo impacta diretamente as cotações do óleo diesel, que tem um peso representativo nos custos de produção das atividades agropecuárias.
Dessa forma, os custos com combustíveis, em geral, caíram desde março, diminuindo as despesas de produção da atividade pecuária.
Com o boi gordo pressionado, mas recuando menos que a queda verificada nos preços do óleo diesel, o poder de compra do pecuarista aumentou frente ao combustível. Em maio deste ano, foi possível comprar 61,3 litros de óleo diesel com o valor de uma arroba de boi gordo em São Paulo, o que representa 35,6% ou 16,1 litros a mais na comparação com maio do ano passado (figura 2).
Figura 2.
Relação de troca: litros de óleo diesel por arroba de boi gordo em São Paulo.

Pontos de atenção
Se a queda no preço do petróleo foi benéfica para a redução dos custos com combustíveis, por outro lado, alguns segmentos, como o sucroalcooleiro, apesar de não ser o foco desta análise, foram bastante afetados pela redução nos preços e menor circulação da população.
Nesse caso, a queda do petróleo e, consequentemente, dos preços dos combustíveis fósseis, diminuiu a competitividade do etanol. Esse fato, somado à menor demanda, decorrente da pandemia do novo coronavírus, tem afetado diretamente os resultados das usinas.
No caso dos Estados Unidos, onde boa parte do etanol é produzido a partir do milho, esse quadro derrubou as cotações do cereal.
No Brasil, a situação das usinas de cana-de-açúcar também é complicada neste início de safra, posição similar à das usinas de etanol de milho no Centro-Oeste.
Outro ponto de atenção é com relação à situação econômica dos países produtores e exportadores de petróleo, como a Rússia, Emirados Árabes, entre outros, que são importantes clientes das carnes brasileiras. A queda na economia desses países pode afetar pontualmente a demanda por proteínas.
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Autor: Rafael Ribeiro – Zootecnista, msc.