A menor oferta de gado confinado e o retorno das compras chinesas deu força ao mercado em dezembro.
Com a proximidade das festividades de fim de ano, as indústrias frigoríficas aumentaram o ritmo das compras em novembro com o objetivo de garantir escalas de abate confortáveis e o abastecimento do mercado interno, que sazonalmente aumenta o consumo em função das festas de fim de ano.
Já na primeira semana de dezembro, a menor oferta de gado terminado e as indústrias ainda em bom ritmo de compras pressionaram as cotações para cima.
O menor ímpeto para as compras marcou a segunda semana do mês, sem a retomada das importações por parte da China e com as escalas de abate confortáveis, o que resultou em cotações menos firmes, como era esperado.
Porém, após 103 dias de embargo, em 15 de dezembro, a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) autorizou a retomada da importação de carne bovina do Brasil, o que retomou os preços para as três categorias destinadas ao abate.
Da retomada das exportações até 28 de dezembro, o preço do boi gordo subiu 3,1%, o que representa um incremento de R$ 9,50 por arroba em São Paulo.
Figura 1.
Evolução dos preços do boi gordo em São Paulo desde o início de 2021, em R$/@, a prazo, livre de impostos.
Fonte: Scot Consultoria
Caminhando na mesma direção da arroba do boi gordo, na última quinzena de dezembro, o mercado atacadista e varejista de carne bovina sem osso manteve as cotações firmes.
A retomada das exportações impulsionou as cotações dos cortes de dianteiro no atacado, em 3,34% em dezembro, em comparação com a média de novembro. A variação nos cortes de traseiro foi maior, 5,11% na mesma comparação, visando o maior consumo no mercado interno por conta das festividades de fim de ano.
Na comparação mensal, considerando a média dos cortes pesquisados em São Paulo, a alta foi de 4,6% no atacado e de 5,8% no varejo.
Desempenho da exportação de carne bovina
Após a retomada das compras pela China, o mercado vem retomando o ritmo de exportações visto antes do embargo, mas ainda em ritmo lento quando comparado a dezembro de 2020.
Até a quarta semana de dezembro, o volume exportado aumentou 19,4% na comparação com novembro, mas a média diária exportada em dezembro, até o momento, é de 5,38 mil toneladas, valor 16,8% menor frente a dezembro de 2020.
Mercado de reposição
O mercado de reposição acompanhou o movimento de alta do mercado do boi gordo, apresentando preços firmes em dezembro.
A retomada das exportações de carne bovina impactou positivamente sobre as cotações dos animais de reposição, com aumento da demanda por animais jovens.
O destaque é a valorização dos preços dos bezerros e bezerras desmamados e de 12 meses. Essas foram as categorias que mais valorizaram em dezembro, conforme figura 2.
Além disso, as chuvas regulares em boa parte do país e o aumento na capacidade de suporte das pastagens possibilitaram maiores volumes de negociações.
Figura 2.
Variações dos preços médios das categorias de bovinos em dezembro frente a novembro, em São Paulo.
Fonte: Scot Consultoria
Expectativa de firmeza no mercado do boi e reposição em janeiro
Para o curto prazo, a tendência é de maior demanda por animais jovens, aptos à exportação para a China, o que, somado à oferta reduzida de boiadas, pode dar firmeza nas cotações no mercado do boi gordo.
O consumo interno de carne bovina em janeiro tipicamente menor pode sustentar os preços da carne no atacado e varejo. Porém, a baixa liquidez esperada para janeiro pode dar fim ao movimento de alta observado nesse fim de ano.
Já para a reposição, o cenário colabora para que os preços continuem firmes e a demanda permaneça aquecida nos primeiros meses de 2022.
Com relação às exportações, as atenções se voltam para um possível aumento da quantidade exportada em janeiro frente a dezembro.
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Raphael Poiani – zootecnista
Scot Consultoria