Blog •  14/11/2019

Sorgo: produção, mercado e uso na pecuária

Autor:  Rafael Ribeiro – zootecnista, msc. ; Scot Consultoria
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Sorgo: produção, mercado e uso na pecuária

O sorgo é uma alternativa ao milho como alimento concentrado energético nas rações.

O sorgo é plantado normalmente na segunda safra ou safra de inverno, após a colheita da soja (safra de verão ou primeira safra).

A maior disponibilidade do grão é entre os meses de junho e agosto e, com isso, é uma opção para o pecuarista utilizar na alimentação animal durante o período seco do ano como concentrado energético em substituição ao milho.

De forma geral, o sorgo possui de 75% a 80% do valor nutricional do milho e o comparativo entre os preços desses cereais também tende a acompanhar esse diferencial. O cereal pode substituir até 100% do milho nas dietas, não havendo restrição para o consumo pelos bovinos.

Na figura 1, apresentamos a evolução das cotações do sorgo e do milho (grãos) em São Paulo nos últimos anos, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete.

Figura 1.
Preços médios do sorgo e do milho em grãos em São Paulo, em R$ por saca de 60 quilos, sem o frete.


Fonte: Scot Consultoria

Observe que a correlação entre as cotações é bastante alta, sendo o milho o balizador de preços nesse mercado em função do maior volume comercializado. Isso quer dizer que se o preço do milho subir, a tendência é de uma valorização do sorgo e vice-versa.

Como exemplo, no acumulado de 2019, os preços do milho caíram 8,6% até agosto e o sorgo teve queda de 12,2%.

Porém, não se pode afirmar que o sorgo necessariamente é uma opção mais barata que o milho. Além do preço, é preciso analisar a composição de cada um dos cereais, já que essa questão varia bastante de acordo com os investimentos, o manejo, o clima, etc. Os custos com frete também impactam no preço final do produto.

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Produção do sorgo e uso na pecuária

A colheita do sorgo foi concluída em meados de agosto nas principais regiões produtoras do país.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma produção de 2,02 milhões de toneladas na temporada que está encerrando (2018/19). Goiás é o principal produtor, com 44% desse volume, seguido por Minas Gerais, com 36%.

O alimento concentrado é utilizado principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte do Nordeste, tanto na pecuária de corte quanto de leite, como ingrediente nas rações concentradas (fonte de energia). Toda a produção é consumida no mercado interno.

A questão do custo do frete é um ponto importante e que deve ser considerado no planejamento, já que, dependendo da distância, pode inviabilizar seu uso.

Expectativas para 2020

Para traçar as expectativas para 2020, é preciso levar em conta as previsões de clima.

Ou seja, a possibilidade de atrasos na retomada das chuvas em importantes áreas produtoras no trimestre agosto, setembro e outubro poderá implicar em atrasos no plantio da safra de verão e, consequentemente, em uma janela de plantio mais estreita para a segunda safra (2019/2020).

Quando isso acontece, normalmente existe uma tendência de opção pelo sorgo, em parte das áreas que seriam semeadas com milho, em função da maior resistência hídrica do sorgo.

Caso esse cenário se confirme, a oferta de sorgo poderá aumentar em 2020 e, diante das expectativas de preços maiores para o milho no próximo ciclo, o insumo pode ser uma alternativa interessante para o pecuarista na próxima entressafra.

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