Blog •  23/10/2022

Manejo de pastagem em épocas de água

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O bom manejo nas águas pode aliviar a pressão durante a época de seca.

O bom manejo da pastagem, em meio a uma boa rebrota na época de finalização da seca e entrada do período das águas, é essencial para garantir uma boa produção e aproveitamento da forragem.

O manejo inicial do período garante a estabilidade e sustentabilidade da produção durante o ano. O manejo busca, por meio de um conjunto de práticas, garantir o fornecimento constante de forragem para o animal.

Crescimento da planta

As principais características que definem e impactam o desenvolvimento do capim são intensidade, frequência e seletividade durante o pastejo.

A intensidade pode ser definida como a altura de corte da planta. Quanto menor o corte, menor a intensidade de pastejo. Essa característica é primária na definição do momento de entrada e saída dos animais e, com base na definição da intensidade, definimos o tempo de permanência dos animais na área.

A frequência é o intervalo de tempo em que ocorre o pastejo, ou desfolhação, em uma área. E ocorre de forma contrária ao período de descanso. Quanto menor o descanso da área, maior frequência de pastejo que se tem. Esse aspecto tem um impacto imediato quanto ao teor de reservas da planta, que pode ser comprometido caso o período de descanso mínimo do cultivar não seja respeitado.

Por fim, a seletividade, um dos principais desafios para o manejo da cultura, que basicamente é construída pela vontade do animal em consumir as estruturas da planta que mais o interessam, normalmente folhas verdes e jovens, evitando as partes mais fibrosas da planta (colmos e folhas senescentes).

Maiores intensidades de pastejo influenciam a seletividade do animal. Os animais permanecem por um maior período na área, consumindo as partes preferenciais da planta.

Dessa forma, deixar a forrageira florescer para o primeiro pastejo acaba afetando o desenvolvimento do dossel, uma vez que a altura de entrada é alterada, além de comprometer as qualidades nutricionais da pastagem, como teor de proteínas e fibras.

Sabendo disso, o manejador, em período das águas, quando ocorre a maior disponibilidade da forragem, deve garantir que as características não saiam de um equilíbrio e impactem a produção em um momento que deveria ser de bom potencial produtivo.

Manejo de plantas daninhas

O período das águas não é apenas benéfico para a planta de interesse econômico, mas também para plantas invasoras, as quais irão competir por luz, espaço e disponibilidade hídrica e de nutrientes.

É também no início das águas que, com o desenvolvimento vegetativo das plantas invasoras, os herbicidas apresentam a melhor eficiência de controle.

É o momento oportuno para minimizar o impacto da competição interespecífica, garantindo melhor aproveitamento da época de boa produção.

A presença de daninhas é um indicativo de que o manejo apresentou falha em algum dos processos de estabelecimento ou retomada de produção e pode indicar que a área está produzindo abaixo do potencial almejado.

Adubação de forrageiras

A manutenção da produtividade, com a capacidade de desafogar o pasto em épocas de seca, tem a adubação como principal aliada.

A análise de solo regular é vital para a manutenção de um sistema intensificado, em que enxergamos os déficits nutricionais e necessidades do solo.

Em momentos de maior intensidade de pastagens, o fornecimento adequado de nutrientes no solo facilita a reconstrução de folhas consumidas, o que auxilia na manutenção de bons períodos de descanso, permitindo a recuperação adequada da qualidade da forragem em seu desenvolvimento.

A utilização de fontes de nitrogênio (N), por exemplo, pode induzir seletividade aos animais, uma vez que garantem o aumento da oferta de forragem e desempenho animal. A utilização das fontes de N pode ser estratégica, visando encurtamento de períodos de descanso, já que acelera o metabolismo da planta (maior taxa de crescimento e senescência das folhas).

Conclusão

A entrada do ciclo de águas, quando bem planejada e com manejo correto, pode desafogar o pasto em períodos críticos de seca.

Manejo este que não deve ser estabelecido de forma única, ou com uso exclusivo de uma prática, mas sim com técnicas que em conjunto tragam benefícios acumulativos para a qualidade e disponibilidade da forragem para o animal.

Referências bibliográficas

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DA SILVA, S. C. et al. Conceitos básicos, produção e manejo. Viçosa, MG: Suprema, 2008. v. 1, 115p..

PEREIRA, F. de A. R. et al. Controle de plantas daninhas em pastagens.Campo Grande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2011. Documentos, 185.