Blog •  16/09/2024

Pegada hídrica na pecuária: é importante saber?

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Medir o consumo de água ajuda a reduzir custos e melhorar a produtividade com ações voltadas à sustentabilidade do negócio.

Resumo - Entenda neste texto o que é a pegada hídrica, quem a criou e o que ela calcula. Também leia sobre a importância da água na pecuária, os cenários de produção de carne no Brasil e de uso do recurso. Por fim, confira algumas boas práticas de sustentabilidade na pecuária e na indústria, como alguns produtos da Corteva Agriscience que utilizam menos embalagem e menos água na diluição da calda. Boa leitura!

Parece difícil e complicado, mas é possível, sim, medir o uso da água. Seja de forma direta, ou indireta, já existe uma maneira de cada pessoa - e negócio - definir a sua pegada hídrica, com base no rastro deixado pelo consumo do recurso natural. Isso vale para as diversas funções onde empregamos água no cotidiano, como na produção de alimentos, roupas, papel e muitos outros.

Esse indicador foi criado pela Water Footprint, uma organização internacional sem fins lucrativos que promove estudos relacionados ao uso da água. Chamado de Pegada Hídrica, tal indicador mede e analisa a quantidade de água gasta para fabricar um produto - além de aferir o consumo individual das pessoas em todo o mundo.

Como funciona a pegada hídrica?

A fim de esclarecer a relação entre consumidor e produto, a pegada hídrica é capaz de mostrar o volume de água gasto em cada produto, o que oferece condições às pessoas de optar pelo mais econômico. Como consequência, pode ser também uma maneira de estimular fabricantes a reduzir, em seus processos de produção, o uso desse recurso tão valioso.

A pegada hídrica é dividida em três tipos: a pegada azul, que mede o volume de água doce usualmente utilizado na irrigação, processamentos diversos, lavagens e refrigeração (rios, lagos e lençóis freáticos); a pegada verde, relacionada à água das chuvas, necessária ao crescimento das plantas; e a pegada cinza, que mede o volume necessário para diluição de um determinado poluente até que a água em que este efluente foi misturado retorne a condições aceitáveis, de acordo com padrões de qualidade estabelecidos.

Como calcular a pegada hídrica?

O cálculo depende do objetivo e do contexto da análise, mas, de maneira geral, envolve as pegadas azul, verde e cinza, sendo necessário calcular a quantidade de água utilizada em cada uma dessas três categorias durante a atividade ou processo produtivo.

A  Water Footprint desenvolveu um manual completo para ajudar a calcular a pegada hídrica na pecuária, disponível aqui (em inglês).

Para o cálculo da pegada hídrica individual, a organização desenvolveu uma calculadora para facilitar. Acesse aqui e calcule a sua pegada hídrica.

LEIA TAMBÉM: Descubra por que cuidar da qualidade da água para o seu rebanho interfere na produtividade

Uso da água e a pegada hídrica na pecuária

De modo geral, o uso da água na pecuária é substancial. Dados da Water Footprint apontam que, para produzir um quilo de carne bovina, por exemplo, são necessários 15,5 mil litros de água. Um pouco mais que os dez mil litros de água gastos para fazer um quilo de algodão. Por isso, então, a importância da pegada hídrica para o pecuarista saber em quais pontos é possível reduzir o consumo do recurso.

Segundo Bruno Vizioli, engenheiro agrônomo técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR (entidade que representa os produtores rurais do Paraná), para falar do uso da água na pecuária é preciso entender a importância deste recurso para a atividade, bem como alguns cenários nacionais e onde estão os gargalos.

“O Brasil tem uma pecuária basicamente extensiva, e não existe muito o hábito de fazer irrigação nas pastagens. Deveria ser feito, mas não é muito frequente no país. Então, o grande gasto de água está mesmo nos frigoríficos. É claro que os animais consomem água, tem a limpeza dos currais, mas se considera pouco esse uso, o grande gargalo mesmo está no frigorífico porque tem muita água envolvida para limpar as carcaças, para limpar o chão, para a higienização”, comenta.

O técnico também lembra que, quando se considera só a parte produtiva, há a necessidade de água porque muitas regiões têm períodos com menos chuva e, neles, os animais continuam necessitando de água. “Se não tiver nascente para abastecer, acaba limitando a produção de carne para a produção do gado”, complementa.

Já com relação ao gado confinado, mais comum no Sul do país e em pequena parte no Cerrado, Vizioli destaca que a presença de muitos animais em uma área pequena exige o consumo de bastante água e comida.

“Principalmente nas áreas de Cerrado, que têm altas temperaturas, o produtor acaba tendo que colocar nebulização para refrescar os animais. Não é nada muito significativo, mas é um gasto de água também e tem uma demanda, ainda que o confinamento no Brasil seja de apenas 10% do rebanho, mais ou menos”.

Boas práticas para a sustentabilidade da pecuária 

A água é um recurso finito que está atrelado ao bem-estar animal. Quanto mais pasto, menos estresse, mais produção de carne, melhor aproveitamento de pastos e de conversão alimentar. Nesse contexto, importa valorizar a água, bem como o uso responsável nos processos da pecuária.

Vizioli ressalta a necessidade de alertar os produtores sobre esse tema, pois o combate ao desperdício é fundamental, e ele vem da compreensão da origem, da quantidade e da qualidade da água.

A entidade que criou a pegada hídrica defende a observação dos mananciais e rios, das suas trajetórias, de tubulações, e mesmo cuidar com o descarte de produtos como medidas preventivas cruciais para a produção. Isso evita que a água contaminada eventualmente se espalhe por residências, com efeitos imprevisíveis.

Outro ponto defendido por eles é a diminuição no consumo e maior conscientização pelo surgimento de novas tecnologias. Por exemplo, sensores de presença que suspendem a vazão quando ela não é necessária, captação de água da chuva, temporizadores, dentre outras alternativas.

A Corteva Agriscience desenvolveu uma linha de herbicidas com a Tecnologia Ultra-S, recomendada para a reforma e recuperação de pastagens. São produtos que rendem, por litro, muito mais hectares tratados, usando menos embalagens. Suas fórmulas concentradas utilizam menos água na hora de diluir a calda. Confira quais os produtos da empresa que foram elaborados nessa linha, resultando na redução do uso de água: TronadorUltra™-S, TordonUltra™-S, PanoramicUltra™-S, PalaceUltra™-S, JaguarUltra™-S e DisparoUltra™-S.

Também existe uma boa prática que pode ser aplicada naturalmente. “Sempre defendo a prática da integração, da famosa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. Você tem uma área assombreada, tem um solo com mais água, que armazena mais água, tem uma pastagem melhor, então o gado acaba consumindo um capim com mais concentração de água. Isso acaba demandando menos água para os bebedouros. Isso é, comprovadamente, uma boa prática. A demanda por água nessas áreas também é menor, porque você tem um solo assombreado com mais matéria orgânica, que retém mais água. Acho que muitas pessoas veem como zelo, mas não é só um cuidado. É uma prática que tem um resultado efetivo”, finaliza o técnico do Sistema FAEP.

Estas boas práticas, além de contribuírem para a sustentabilidade do planeta, ainda refletem na produtividade do rebanho, já que fatores como sombreamento e pasto de melhor qualidade são essenciais para o bem-estar animal, o ganho de peso e a produção de leite dos animais. Confira um exemplo de pecuarista que se tornou referência em produtividade sustentável.