Qual é a importância da pecuária sustentável para o Brasil?
Com mais de 80% do gado terminado a pasto, o país desponta como um importante pilar para a economia de baixo carbono, associada ao bem-estar animal.
Com mais de 80% do gado terminado a pasto, o país desponta como um importante pilar para a economia de baixo carbono, associada ao bem-estar animal.
A nossa entrevista deste mês não poderia ser mais oportuna. Com os intensos debates recentes promovidos na COP26, a pecuária sustentável se tornou ainda mais relevante para o cumprimento das diversas metas estabelecidas. Quem conversou com o Pasto Extraordinário foi o Caio Penido, uma referência no assunto no Brasil.
Sócio-diretor da Agropecuária Água Viva e da Encruzilhada Filmes, ele atua há mais de 10 anos em cargos de liderança de projetos de pecuária sustentável, entre eles a presidência do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) e a vice-presidência do GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável. É também membro-fundador do movimento Liga do Araguaia e do Instituto Agroambiental Araguaia.
Para Caio, um dos principais pilares da pecuária sustentável é a qualidade de vida fantástica que proporciona ao animal. “Isso traz muitos benefícios, não apenas em relação ao bem-estar animal, mas também por causa da redução da emissão de gases do efeito estufa. Ao ser criado a pasto, o gado tem contato com a fauna, a natureza, sombra e água. Isso deveria ser mais bem aproveitado no Brasil”, comenta.
Para Penido, pecuária sustentável é o equilíbrio entre todas as atividades dentro de uma fazenda, como o cuidado com a fauna silvestre e o bem-estar dos animais domésticos, a boa utilização dos recursos naturais e o compromisso com a eficiência financeira.
Penido também ressaltou a necessidade de um relacionamento de respeito com os colaboradores e o apoio ao desenvolvimento de comunidades mais vulneráveis na região.
“Pecuária sustentável engloba todas as questões ambientais, sociais e financeiras dentro de uma propriedade. Somos a maior potência ambiental do mundo, nosso agro é pujante e a locomotiva do Brasil, precisamos olhar mais para os mais vulneráveis, além de desmantelar esquemas de difamação injustos contra o nosso país”, afirmou.
Um dos principais pilares da pecuária sustentável, de acordo com Caio Penido, é a qualidade de vida fantástica que proporciona ao animal.
Implementar a pecuária sustentável é um desafio para os produtores, conforme comenta Penido, afinal “é necessária, antes de mais nada, a regularização da propriedade – o que demanda tempo e recursos”.
O executivo lembra que é preciso atender à legislação brasileira quanto à regularização ambiental, fundiária, sanitária e trabalhista. E, como existe a questão da biodiversidade dentro das fazendas, a parte ambiental é bem complexa. “Deve-se analisar o bioma e o percentual de conservação, recompor a reserva legal e providenciar a documentação e o trabalho técnico-jurídico”, disse.
Penido sugere que os funcionários sejam treinados quanto às obrigações, legislação e bem-estar animal. “Os colaboradores estão acostumados com o sistema antigo, e por isso precisam ser engajados, todos, na nova prática”, recomenda. E, ainda, afirma que “ou você abraça o modelo de pecuária sustentável ou você vai ser excluído do mercado”.
O balanço de carbono, segundo Penido, é caro e não é acessível para a maioria dos produtores rurais. Porém, disse que há técnicas que podem ser incorporadas dentro da propriedade para atingir esse objetivo.
“Mesmo sem ter recursos para fazer um balanço do carbono auditado, sabe-se que, ao se reduzir a idade do abate para 30 meses e ao se cuidar bem da pastagem, por exemplo, é possível ter um melhor balanço do carbono por arroba produzida”.
Penido reforça que, quando o pecuarista cumpre a legislação, intensifica as pastagens degradadas e reduz a idade de abate, ele fica muito próximo ao equilíbrio necessário para a prática da pecuária sustentável, incluindo um balanço mais adequado de carbono.
Penido ressaltou que o Brasil possui fontes de energias limpas, é a maior biodiversidade do planeta e que trabalha com uma agropecuária carbono eficiente. Para ele, o maior desafio do país é mostrar isso para o mundo, associando o país à imagem de referência em pecuária sustentável.
“Temos que repetir e provar sempre que o Brasil tem mais de 60% do seu território destinado à conservação da biodiversidade, que temos um código florestal e que nosso gado vive a maior parte da vida à pasto”. Na empreitada de criar valor à biodiversidade , Penido sugere a criação de mercados mundiais de serviços ambientais e de crédito de carbono.
Gostou do texto? Esperamos que essa entrevista com o Caio Penido ajude a implementar uma pecuária mais sustentável na sua fazenda. Acompanhe o nosso blog e confira outros conteúdos que falam da importância das práticas sustentáveis no agronegócio.