Blog •  27/09/2023

Pecuarista revela desafios e aprendizados na sucessão familiar

Something went wrong. Please try again later...

Aos 42 anos, o advogado e pecuarista Gessé Sabino Filho se prepara para assumir os negócios da família em Açailândia, no Maranhão.

A sucessão familiar no agronegócio é um processo que envolve a transferência do comando e da gestão de uma propriedade rural de uma geração para outra, dentro da mesma família. Esse processo é fundamental para garantir a continuidade das atividades no setor agropecuário e preservar o conhecimento e a experiência acumulados pela família ao longo de sua história.

Aos 42 anos, o advogado e pecuarista Gessé Sabino Filho está se preparando para assumir os negócios rurais da família, administrados por meio da Agropecuária Guamá, localizada em Açailândia, na região nordeste do Maranhão. 

O pecuarista conta que o processo de sucessão familiar começou há cerca de 5 anos, no momento em que ele manifestou grande interesse em receber responsabilidades no negócio que seu pai, Gessé Sabino Leite, já conduzia há 40 anos. Gessé Filho faz parte da terceira geração da família que escreve sua história no agronegócio do Maranhão. 

“O agro em nossa família começou com meu avô paterno, ainda uma agricultura de subsistência. Eu ouvi muitas histórias dessa época, todas de extrema dificuldade e escassez, mas, sem dúvidas, foi ele que plantou na família o desejo de trabalhar com a terra”, relata. 

Aprender faz parte do processo de sucessão familiar no campo 

Seja qual for o porte do negócio familiar, é comum que o processo de sucessão tenha desafios. Entre os obstáculos mais comuns estão a falta de planejamento, dificuldades na transferência de conhecimento e questões pessoais. Por isso, é importante que as famílias estabeleçam um plano de sucessão detalhado, com a participação de todos os envolvidos.

Outra questão importante é a preparação do sucessor por meio de capacitação e treinamento, a fim de garantir que ele esteja preparado para assumir as responsabilidades e os desafios relacionados à gestão do negócio agrícola.

Estes passos foram seguidos à risca pela Família Leite no processo de transição no comando do negócio. Segundo Gessé Filho, assim que o processo de sucessão iniciou, ele passou por um verdadeiro processo de imersão para conhecer a rotina da fazenda e aprender o máximo sobre as atividades. 

“Fiz um ‘intensivão’ nas fazendas, aprendendo com os próprios vaqueiros as tarefas do dia a dia deles. Depois, passei a andar com meu pai, aprendendo a fazer e gerir o negócio, acompanhando passo a passo a forma de atuação, das coisas mais simples às mais complexas no dia a dia.”

LEIA TAMBÉM: Fazenda do sul da Bahia alia alta produtividade e sequestro de carbono

A prática que leva à convicção 

Antes da convicção de que realmente gostaria de atuar no agronegócio pelo resto da vida, Gessé Filho precisou vencer as dúvidas, que foram desaparecendo à medida que ele se envolvia nos negócios. Hoje, ele define sua relação com o agro como intensa e permanente.

“Quanto mais eu recebia responsabilidades, mais passava a observar resultados positivos. Então, quando a gente percebe que está fazendo a diferença, se sente bem e feliz. Para mim, esse sentimento foi e é determinante”, comentou. 

Além dos aprendizados práticos, os momentos ao lado do pai também reforçaram a admiração por todo o seu trabalho e dedicação para estabelecer e manter o negócio da família nos últimos 40 anos. 

“O principal legado do meu pai para o nosso negócio, sem dúvida nenhuma, é a força do trabalho, a criatividade e a inteligência. Sem esforço, sem engajamento, sem ação e participação ativa, as coisas não acontecem como deveriam acontecer”, afirma. 

Qualidade da pastagem ajuda a melhorar a produtividade 

A Agropecuária Guamá atua na pecuária de corte, especificamente na recria e engorda de gado da raça Nelore, alimentado 100% a pasto. Ao falar do trabalho que realiza, Gessé Filho faz questão de destacar o respeito pela vocação das propriedades da família: em algumas delas é realizada apenas a recria, e em outras só a engorda. 

“Utilizamos o pastejo contínuo por meio de um bom pasto, bem cuidado e produtivo. Obviamente muitas arrobas são geradas e assim podemos ter uma margem de lucro satisfatória”, afirma.  

O pecuarista conta que a parceria com a Corteva começou há cerca de seis anos, trazendo resultados que impactam diretamente na qualidade do pasto e, consequentemente, na produtividade das propriedades. 

“De lá para cá, de maneira exclusiva e ininterrupta, ano após ano, percebo que essa parceria se solidifica mais e mais. Os produtos da Corteva Agriscience têm ajudado, sim, e muito, a manter nossas pastagens limpas e produtivas”, ressalta ele. 

SAIBA MAIS: Benefícios do uso dos herbicidas em pastagens

Profissionalização fortalece a sucessão familiar rural

Uma das vantagens do planejamento do processo de sucessão é a profissionalização do negócio. Nesse momento, a família compreende a propriedade como uma empresa e consegue fazer sua gestão de forma adequada, para que o negócio continue bem-sucedido.  

“Meu preparo está no desenvolvimento contínuo e incessante e espero que isso nunca mude. É por isso que sempre estou em busca de aprender as boas práticas já consolidadas, mas também aberto a ouvir e ver as novidades que estão chegando”, afirma Gessé Filho. “Meu maior desafio, que eu mesmo me imponho, é exatamente manter os aprendizados e valores da família, conduzir a vida e os negócios com fé em Deus, integridade, gratidão, humildade e espírito de serventia”, conclui.  

CONFIRA: Everardo Ferreira Telles conta sobre a história do Grupo Telles

Sucessão familiar no agro e seus desafios 

Um levantamento sobre governança e gestão do patrimônio das famílias do agronegócio, divulgado pela Fundação Dom Cabral e a JValério Gestão e Desenvolvimento, em 2021, revelou que 16% dos empreendimentos agrícolas são comandados pela terceira geração, enquanto que 41% estão na segunda geração. 

A pesquisa apontou ainda que as três principais demandas para os próximos anos são a preparação dos herdeiros para entrarem no negócio familiar (26%), a educação financeira dos herdeiros (26%), além de profissionalizar a gestão do patrimônio financeiro (23%). 

Quando questionados sobre qual o nível de interesse da próxima geração pelo negócio ou pela gestão da empresa, 17% dos entrevistados afirmou que eles são extremamente interessados; 57% respondeu que havia alguns interessados, enquanto que 25% afirmou que a próxima geração se mostra indiferente, pouco ou não interessada no assunto. 

O levantamento também confirmou que a sucessão no agronegócio familiar é tipicamente uma transição de “pai para filho”. No geral, 40% das empresas preparam a transição do comando para um familiar, e apenas 5% das famílias entrevistadas avaliam transferir o negócio para uma pessoa que não é da família.   

Acesse a pesquisa completa.