Manejo da pastagem e sistema com cercas elétricas podem fazer a diferença para pecuária de precisão
Descubra como o uso da tecnologia beneficia sistemas de pastoreio e traz eficiência para o pastejo
Descubra como o uso da tecnologia beneficia sistemas de pastoreio e traz eficiência para o pastejo
Este é mais um texto da série “Prosperando na pecuária com baixo investimento”, um especial para ajudar você na missão de prosperar implementando práticas simples e de menor custo de produção. Aqui vamos falar de algo que o pecuarista conhece bem: a divisão de pastagens e os sistemas de pastejo. Você tem ideia do quanto tais práticas são importantes para o alcance de bons resultados?
Pois é, elas são fundamentais. Cultivar a pastagem e aumentar a utilização dela são grandes passos para tornar a pecuária um negócio de lucro por hectare, e a comprovação disso é científica, explica o Médico Veterinário Ernesto Coser Netto: “Quanto menor for o tamanho das parcelas, menor o período de ocupação e maior a pressão de pastejo, mais fácil será o controle do pastejo pelo pastor. Esse gerenciamento facilita, então, atingir as metas de pastejo preestabelecidas. O resultado será melhor eficiência do pastejo e, consequentemente, maior produtividade, com maior ganho individual e maior ganho por área. E sem degradar o pasto”.
Dois aspectos devem ser levados em consideração para dividir a sua pastagem, do ponto de vista de eficiência e também em prol do bem-estar do rebanho.
Primeiro, a recomendação do veterinário é de que, “a partir de 300 metros de distância do bebedouro – ao fundo do piquete –, já se começa a ter perda de uniformidade do pastejo, passando a ter no entorno do bebedouro o capim rapado e, no fundo do piquete, o capim passado. Bem colhido será 1/3 do piquete. É como um agricultor feliz em colher somente 30% do talhão. Sendo assim, quanto menor o piquete, melhor será a eficiência do pastejo”.
E pensando em bem-estar animal, ele ressalta a oferta de pastagem sempre fresca aos animais como um ponto muito importante. “O pecuarista pode fazer inclusive uma composição com árvores e isso pode ser tanto um novo faturamento quanto sombra para os animais. Outro ponto é que, com o domínio da cerca elétrica, ele pode fazer cercas móveis e temporárias para proteger as mudas das árvores e manter os animais pastejando nesta área enquanto as mudas crescem”, sugere.
Falando em delimitações de área, Netto indica que é possível reduzir o tamanho das parcelas usando cerca elétricas fixas ou móveis, ou ambas. Ele também é gerente de produto da Datamars e responsável pelas linhas de cercas elétricas no Brasil, então pela experiência em campo sugere fazer uma cerca elétrica fixa no perímetro do módulo e somente cercas elétricas móveis dentro do módulo, o que barateia e confere maior controle do pastejo.
Para estabelecer um sistema rotacionado em que o desempenho do rebanho seja padrão, o especialista defende, primeiro, ter a figura do pastor (um especialista em pastejo). Mas ele lembra que “só é especialista em pastejo quem domina a ferramenta de comandar o pastejo". E esta ferramenta é a cerca elétrica, ela é o “cajado do pastor moderno”. Está em nosso DNA pastorear o rebanho e perdemos o costume quando passamos a prender os animais e oferecer para eles a comida, não mais os levando até a comida”.
A observação de Ernesto Coser Netto em campo é de que o técnico brasileiro sabe preparar o solo, sabe escolher a melhor variedade de forrageira para a fazenda, sabe as alturas de entrada e saída, mas não domina a tecnologia da cerca elétrica e acaba não comandando o pastejo.
“A consequência disso é tirar menor proveito dessa pastagem. O técnico acaba corrigindo esses erros de pastejo via suplementação e entrega um bom desempenho, mas os pastos mal manejados acabam degradados e forçando reformas frequentes. É comum ver esse cenário, mesmo em fazendas tecnificadas. A diferença delas para aquelas sem tecnologias é o orçamento anual que já contempla suplementação e reforma ou recuperação. Mas ambas as fazendas têm em comum a baixa eficiência do pastejo. É muito comum, mesmo em propriedades grandes e tecnológicas, ter pastos raspados e pastos passados. E esse cenário é tratado com naturalidade, se acredita que a degradação é inevitável e parece não haver essa dor por essa perda”.
A referência mundial em sistemas confinados, atualmente, é a América do Norte, ainda que a realidade deles seja de pouco pasto e abundância de grãos. Já a referência mundial em sistemas de pastejo intensivo é a Nova Zelândia que não tem grãos, somente pasto. E o Brasil, salienta Netto, talvez seja o único país do mundo que pode ter os dois modelos.
“É fácil encontrar aqui fazendas com desempenhos iguais ou melhores que as norte-americanas, e é muito difícil achar fazendas que tenham resultados semelhantes aos das neozelandeses no pasto. Ou seja, temos pecuária de precisão no cocho e não temos pecuária de precisão no pasto. E a parte da engrenagem faltante é o domínio da tecnologia da cerca elétrica. Ela não é mais importante que nenhuma outra tecnologia aplicada na pecuária, mas ela é certamente uma parte faltante hoje em nosso cenário”, afirma o veterinário.
O verdadeiro lucro está na eficiência do pastejo, então a lógica para o pecuarista deve ser: estamos aproveitando os pastos em sua plenitude, sem degradá-los. Se a resposta for sim, aí é hora de buscar o que pode fazer para melhorar ainda mais o desempenho, e nesse ponto entra a suplementação – tema para outro texto. “Mas o que observo no campo é que acabamos ficando profissionais na suplementação e amadores no pastejo”, finaliza Netto.
Principais orientações para o uso das cercas elétricas na divisão das pastagensA cerca elétrica é uma tecnologia como outra qualquer e não funciona se não for dominada. É preciso entender seu funcionamento, baseado nas leis da física, e sua finalidade de levar o animal a respeitar, pelo choque, a cerca. O eletrificador empurra o choque no arame e o aterramento é tão importante quanto o bom dimensionamento do eletrificador, pois garante que o animal sinta o choque. E o sistema deve ser bem dimensionado e bem configurado para a realidade da fazenda. Outra dica na implementação é não se basear na aquisição de um eletrificador por quilometragem, pois não existe motor que garanta alcance sem que se domine todas as variáveis envolvidas. Segundo o especialista, é preciso ter um mínimo de quatro ou cinco mil volts no arame para que os animais comecem a respeitar a cerca. Com menos que isso eles não sentem o choque. O joule liberado é um parâmetro de potência para o sistema escolhido, quanto mais joule liberado mais voltagem na cerca. Note que a voltagem deve ser ajustada conforme a dimensão do projeto de cada pecuarista para não ser inadequada tanto no contato animal quanto na eficácia do choque. “Um bom choque tem uma voltagem elevada para causar um certo incômodo ao animal, porém, a amperagem é de 0,01 ampere, ou seja, não tem risco nenhum para a saúde do animal”. |
“É preciso dominar a tecnologia para obter um bom resultado e, se bem executada, além de custo até cinco vezes menor do que uma cerca convencional, a cerca elétrica pode durar mais. Se tem um bom choque, os animais não as força, e sem forçar, duram mais. A construção é muito mais rápida e pode, inclusive, ser móvel e temporária”, orienta Ernesto Coser Netto, responsável pelas linhas de cercas elétricas da Datamars.
Ele exemplifica ainda que há casos de fazendas no Brasil, atualmente, que chegam a fazer cinco trocas por dia, com um rebanho de mil cabeças, oferecendo cinco parcelas de meio hectare por dia. Isso significa ganhos incríveis de GMD e arrobas por hectare e melhor distribuição de fezes e urina, acarretando uma redução de necessidade de inputs externos.
Para investir em cercas elétricas é preciso estar ciente de que existe uma grande variabilidade de configurações e possibilidades do seu uso, seja ela fixa ou móvel.
No caso das cercas elétricas móveis, a grande vantagem, segundo o especialista, é que não é necessário piquetear, basta uma linha na frente do lote e outra atrás. Já nas cercas elétricas fixas dá para usar de um até três fios, com distâncias entre postes de até 50 metros, dependendo do relevo. O especialista estima que “o custo de uma cerca convencional, atualmente, fica em torno de R$ 15 mil por quilômetro. Na média, uma boa cerca elétrica está na casa de R$ 3 mil por quilômetro”.
Investir em cercas elétricas traz diversos benefícios ao rebanho, ao meio ambiente e ao produtor. Ao melhorar o pastejo dos animais, a produtividade aumenta e, consequentemente, a lucratividade do pecuarista. Ao mesmo tempo, é possível minimizar a degradação da pastagem, evitando a necessidade de reformas e aproveitando ao máximo o seu potencial. Para que o seu pasto seja ainda mais extraordinário e saudável, a Corteva Agriscience™ tem um portfólio robusto de herbicidas concentrados na Linha Pastagem, desenvolvido para ajudar os pecuaristas a terem um pasto mais produtivo e de alta qualidade. Confira.