Integração Lavoura-Pecuária une produtividade e sustentabilidade
Com bom desempenho e resultados promissores, sistemas integrados de produção atraem produtores de todo o país
Com bom desempenho e resultados promissores, sistemas integrados de produção atraem produtores de todo o país
A adoção de sistemas integrados de produção é a nova aposta de produtores que buscam maior produtividade no seu negócio, sem deixar de lado a sustentabilidade ambiental. Um exemplo é o sistema Integração Lavoura-Pecuária (ILP), que integra pastagem para gado e produção de grãos, em uma mesma área.
Esta estratégia de produção, que tem vantagens operacionais, econômicas e ambientais, cresceu no Brasil nos últimos anos. Dados da Rede ILPF, uma associação de empresas privadas que apoiam a adoção de sistemas integrados no país, apontam que mais 17 milhões de hectares já são cultivados com alguma modalidade de integração.
Segundo o levantamento, o estado que mais adota o sistema é o Mato Grosso do Sul, seguido do Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. Também há diversos casos de sucesso em propriedades nas regiões Norte e Nordeste.
Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador em Sistemas Agrícolas da Embrapa Cerrados, Robélio Leandro Marchão, atualmente os sistemas integrados são adotados de norte a sul do país. Apesar deste avanço, muitos produtores ainda não têm acesso às informações sobre como manejar corretamente o sistema ILP.
Ele explica que o primeiro passo é procurar assistência técnica por profissional capacitado para elaborar um projeto. Essa orientação, seja da extensão rural pública ou de um consultor privado, é essencial para o produtor, que vai precisar de maior capacidade técnica e de gestão para diversificar suas atividades.
“Os sistemas integrados podem ser adaptados às mais diferentes condições. Em todos os casos, é fundamental um projeto bem elaborado por um profissional capacitado, para que se possa obter todos os benefícios econômicos no médio e longo prazo”, diz o pesquisador.
É preciso considerar ainda que a integração pode exigir altos investimentos, seja para o pecuarista que precisa de infraestrutura para implantar a lavoura, seja para o produtor de grãos que não tem animas e a infraestrutura necessária para a atividade pecuária.
A integração é uma das tecnologias preconizadas pelo Programa Agricultura de Baixo Carbono -ABC+ e pode receber financiamento de bancos públicos. Clique aqui para saber mais.
A ILP está disponível para qualquer tamanho de propriedade, levando sempre em conta as características de cada região, a existência de mercado e a aptidão agrícola da fazenda. O pecuarista que não tem lavoura em sua propriedade e quer fazer a conversão para os sistemas integrados deve adequar sua fazenda para a agricultura.
“Este desafio não é difícil de ser superado, já que muitos pecuaristas já estão habituados, por exemplo, com a produção de silagem, o que facilita o processo de mudança.”
Nesses casos, as áreas da fazenda destinadas à produção de silagem podem servir como áreas-piloto para que o produtor adquira experiência e inicie o processo de integração. “Primeiro ele vai utilizar os consórcios com forrageiras, a fim de utilizar as áreas cultivadas com milho ou sorgo, para pastejo na entressafra após a ensilagem.”
A adoção da ILP pode contribuir para aumentar a produtividade da pecuária por meio da intensificação sustentável das pastagens. O sistema adota diversas tecnologias e boas práticas que reduzem a degradação dos pastos e aumentam o desempenho animal.
“A melhoria no desempenho econômico da propriedade se dará principalmente por meio da viabilização da recuperação das pastagens a um custo mais baixo quando comparado à recuperação ou renovação de forma convencional, sem o uso da lavoura”, ressalta o pesquisador.
De acordo com Marchão, a rentabilidade da venda dos grãos é fundamental para custear a integração em propriedades que estão começando a implantar o ILP. Assim que o esquema de rotação entre pastagens e lavouras na propriedade for estabelecido, a tendência é que os custos de produção diminuam.
Além disso, as áreas ocupadas com lavoura em consórcio com culturas anuais podem ser utilizadas para pastejo na entressafra, quando as pastagens contínuas normalmente têm baixo desempenho.
Os sistemas integrados podem aumentar a produção sem comprometer os recursos naturais. Eles também apresentam maior eficiência de uso de insumos, do solo e da água.
Por ser uma tecnologia ambientalmente mais limpa, com menor impacto ambiental, a adoção da ILP faz com que o produtor tenha acesso a mercados diferenciados, com pagamentos pelos serviços ambientais prestados.
Os benefícios da adoção de sistemas integrados para o meio ambiente já foram comprovados por diversas pesquisas, com destaque para a remoção do carbono atmosférico, reduzindo a pegada de carbono dos produtos oriundos de fazendas integradas.
Os novos conceitos de Carne Carbono Zero e Carne Baixo Carbono que estão sendo desenvolvidos pela Embrapa são exemplos de inciativas que visam reconhecer os benefícios da ILP e trazer mais renda ao produtor que utiliza essas boas práticas.
Outro benefício da ILP é a melhora na produção das pastagens em solos corrigidos pelo cultivo de grãos e as adubações de manutenção são substituídas pela adubação residual das culturas.
“A rotação com lavoura impede a perda de vigor dos pastos e permite que o pecuarista diversifique as opções de forrageiras. Dessa forma, ele utiliza aquelas com maior potencial produtivo e reduz a necessidade de abertura de novas áreas.”
A tecnologia também ajuda no manejo de plantas daninhas. Por serem mais vigorosas, as pastagens em rotação com lavoura sofrem menos infestação por plantas invasoras. Além disso, na fase da lavoura são utilizados herbicidas em culturas anuais, que reduzem o banco de sementes dessas plantas no solo.
A Embrapa tem diversas publicações técnicas gratuitas que orientam sobre a implantação de sistemas integrados. Clique aqui para ter acesso aos materiais. A empresa também oferece agentes multiplicadores para orientar o produtor, como os técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e as empresas estaduais de assistência técnica e extensão rural.
Continue acompanhando nosso blog para conhecer melhor os benefícios dos sistemas integrados de produção e aumentar a produtividade da sua fazenda.