Pecuarista-S é referência sustentável com sequestro de carbono
Além de ser comprovadamente sustentável, Fazenda Cachoeira, que tem apoio da Plataforma-S da Corteva, é produtiva
Além de ser comprovadamente sustentável, Fazenda Cachoeira, que tem apoio da Plataforma-S da Corteva, é produtiva
Em 1961, quando o pai do pecuarista Bernhard Kiep comprou a Fazenda Cachoeira, em Itaberá, a 320km de São Paulo, a preocupação da sociedade com a questão ambiental era mínima. Para se ter uma ideia, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aconteceria só em 1972.
Mais de seis décadas depois, a propriedade, de cerca de 3 mil hectares, que hoje pertence a Kiep, tornou-se referência nacional em questões ligadas ao agronegócio sustentável. No ano passado, ele foi reconhecido como Pecuarista-S, programa da Plataforma-S da Corteva Agriscience que valoriza as melhores práticas sustentáveis na pecuária como referências a serem seguidas.
O reconhecimento é resultado de um longo trabalho para comprovar, de forma científica, que a propriedade é capaz de neutralizar a emissão de gases do efeito estufa (GEE) gerados pela sua atividade pecuária.
Com o apoio da Plataforma-S, a Fazenda Cachoeira comprovou que sequestra a média de 2.500 toneladas de carbono equivalente por ano/safra. Os dados foram constatados e mensurados pela Embrapa e pelo World Resources Institute (WRI), instituição internacional reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Nós já sabíamos que existia o sequestro de carbono, mas ficamos muito felizes porque com a Plataforma-S pudemos documentar e comprovar para os colegas pecuaristas, e para a sociedade civil, que a nossa atividade não é prejudicial ao meio ambiente. Pelo contrário, ela ajuda o meio ambiente”, diz o pecuarista.
A Fazenda Cachoeira atua na cria e recria de gado Nelore em regime extensivo, a pasto. Os 3 mil hectares da fazenda são divididos igualmente entre área preservada, pasto e agricultura. Para aumentar o desempenho reprodutivo, a fazenda utiliza a IATF – Inseminação Artificial em Tempo Fixo, e investe no bem-estar animal.
“Como a propriedade está em área bastante acidentada, desde o começo o foco foi a atividade pecuária, para aproveitar melhor a área, e sempre respeitando a mata virgem nas áreas mais difíceis.”
Uma das melhorias implantadas em sua gestão foi a adoção do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), com plantio direto de aveia no inverno e soja no verão. A iniciativa teve um papel importante tanto para a produtividade da fazenda, com resultados excelentes, como para a sustentabilidade do negócio, contribuindo para neutralizar a emissão de GEE.
Um estudo realizado pela Embrapa Cerrados (DF) comprovou que é possível neutralizar as emissões de GEEs em uma fazenda implantando o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em apenas 15% da área de produção. Segundo o estudo, a produção de animais, árvores e lavouras/pastagem em um mesmo local tem um elevado potencial de gerar saldos positivos de carbono.
Fazenda Cachoeira, localizada em Itaberá, a 320km de São Paulo.
Segundo Kiep, primeiro a propriedade passou por uma auditoria com a equipe da Corteva Agriscience e da Embrapa, para verificar se a propriedade se encaixava dentro das normas estipuladas. “Nós nos sentimos muito felizes e honrados em sermos aprovados e participar deste grupo seleto”, lembra.
O segundo passo foi a medição, para estabelecer qual a geração de crédito de carbono na propriedade. O processo durou cerca de um ano e meio e, de acordo com o pecuarista, foi muito interessante para os colaboradores acompanharem e entenderem o que significa fazer o sequestro de carbono na propriedade.
“Para chegarmos ao ponto no qual estamos atualmente, foi uma jornada de mais de 20 anos. Então, houve uma satisfação, e até um alívio, em poder dizer que a minha atividade faz bem para a sociedade e para o planeta. Hoje, este é um local de harmonia, não só em família e com os colaboradores, mas com a natureza”, enfatiza.
O gerente da Fazenda Cachoeira, Itamar Goularth de Paula, que trabalha na propriedade há mais de 20 anos e acompanhou todo o processo, se sente orgulhoso em fazer parte da conquista. Segundo ele, a riqueza de uma propriedade não é o que está sobre ela, mas o seu solo e suas florestas.
“É prazeroso administrar uma fazenda que também tem o foco na sustentabilidade, porque a gente sabe que o nosso trabalho é para beneficiar uma outra geração. É um desafio mostrar para a sociedade que o agronegócio não é o vilão, mas por outro lado você consegue notar as diferenças na fauna, na flora e no bem-estar animal”, conta o gerente.
Leia mais: Sustentabilidade ajuda a aumentar a produção de gado
Willian Marchió, consultor da Criatec, empresa parceira no projeto, destaca que a Corteva Agriscience chancela as fazendas com um selo que atesta que elas estão fazendo o seu trabalho muito bem-feito.
Ele explica que na Fazenda Cachoeira foi utilizada a metodologia chamada MRV – Monitoramento, Relato e Verificação da pegada de carbono e do balanço de emissões. “Para que estes números pudessem vir à tona, utilizamos a ferramenta GHG Protocol, reconhecida pelo Instituto Mundial do Clima e pela ONU, e que é totalmente crível, sem questionamento científico.”
O protocolo analisou todo o histórico da fazenda ao longo de 20 anos, para identificar os insumos utilizados, o gasto de diesel, o manejo que é feito e as tecnologias da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) utilizadas. “Nós constatamos que, no ano/safra, a fazenda sequestra em média de 2.500 toneladas de carbono equivalente por ano. Apesar da atividade pecuária, que emite metano, todo o manejo feito ali sequestra carbono em solo”, afirmou o consultor.
O que é o GHG Protocol?O GHG Protocol agrícola foi criado pelo World Resources Institute (WRI) para mensurar e gerir de forma mais efetiva as emissões agrícolas. Ele tem dois recursos técnicos: as Diretrizes Agrícolas Brasileiras e a Ferramenta de Cálculo, que devem ser usados de forma combinada. A Ferramenta de Cálculo permite calcular as emissões de GEE por meio de metodologias específicas para a realidade nacional e focadas em fontes de emissão não mecânicas. Ela foi desenvolvida em parceria entre o WRI, Embrapa e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). As Diretrizes Agrícolas Brasileiras (DAB), que foram elaboradas em conjunto por diversas organizações e especialistas do setor, consistem em um protocolo de contabilização de emissões agrícolas. |
Assista entrevista completa exibida no programa Pasto Extraordinário.
No programa Pasto Extraordinário, você encontra notícias, curiosidades e conteúdos especiais sobre manejo de pastagem, formação de pastagem e controle de ervas daninhas. Ele foi criado para contribuir com o desenvolvimento da cadeia produtiva por meio de muito conteúdo relacionado aos temas sinergia, sustentabilidade, socioeconômico e sucesso.