Produtos de limpeza, cosméticos, vassouras, doces, roupas, calçados… E a lista não para por aí: biodiesel, fertilizantes, medicamentos, fios cirúrgicos, pomadas e cápsulas farmacêuticas também estão entre os diversos itens feitos com partes do gado.
Segundo a Embrapa, 49 segmentos diferentes da indústria dependem desses derivados, que podem ser classificados em comestíveis e não comestíveis. Uma das grandes vantagens é a sustentabilidade para o uso dessas matérias-primas e a rentabilidade para profissionais e frigoríficos, que podem apostar em negócios diferenciados.
Isso graças às novas tecnologias desenvolvidas que vêm ampliando ainda mais a variedade de possibilidades para o uso de todas as partes do animal, da cabeça aos pés, literalmente. Ossos, chifres, pele, órgãos internos, cérebro, cascos, sangue e, principalmente, gordura são algumas delas.
“O animal pode ser 100% reaproveitado, e há produtos derivados que nem imaginamos, como filmes radiológicos, pincéis de maquiagem, açúcar refinado e pó do extintor de incêndio”, conta Paula Martino, zootecnista e mestre em Ciência Animal.
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Segundo Paula, que atua desde 2008 na área de Controle de Qualidade e Certificações na Indústria Frigorífica e é fundadora da Startup Carne com Ciência, criada em 2016, mesmo a carne sendo o principal produto comercializado a partir do boi, as inúmeras possibilidades de produtos derivados do animal já são forte tendência no mercado.
“Na era onde picanhas brotam em tudo que é lugar, é fácil esquecer que aquele pedaço de alimento saiu de um boi inteiro e que, dele, não se produz somente carne, mas inúmeros outros produtos que não só facilitam o nosso dia a dia, mas que também salvam vidas”, ressalta.
A zootecnista também destaca que, em se tratando apenas da carne, hoje já é comum estimular o consumo de regiões não tão comuns do boi, inclusive pelos chefs de cozinha. “Há, entre os chefs de cozinha, uma ‘onda’ chamada ‘Nose to tail’ (do nariz ao rabo). Nessa linha, esses profissionais mostram aos consumidores que do boi não sai somente o T-bone e que existem inúmeras possibilidades de cortes e preparações que podem, e devem, usar todas as partes comestíveis do animal”, explica.
Versatilidade dos bovinos. |
Cascos/Chifres
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Gordura
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Cérebro
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