Blog •  03/07/2024

Mercado do boi gordo julho: entre a estabilidade e a alta

Autor: Ana Paula Oliveira, médica-veterinária, zootecnista, me
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O preço da arroba do boi gordo segue firme ao longo de julho – trabalhando entre estabilidade e alta, dependendo da praça produtora –, impulsionado pela diminuição da oferta de bovinos para abate e pelo bom ritmo da exportação brasileira de carne bovina.

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Panorama do mercado

Aparentemente, a entressafra deu as caras e o descarte de fêmeas poderá ser menor em função dos preços mais firmes na reposição, podendo estimular a manutenção da vacada no rebanho para a estação de monta ao fim do ano de 2024.

Com a estabilidade predominante nos preços praticados no mercado físico, os contratos futuros têm registrado valorizações, alcançando seus picos desde abril. 

Atualmente, a cotação da arroba do boi gordo gira em torno de R$ 217,00 no mercado físico em São Paulo, enquanto no mercado futuro, os contratos com vencimento para outubro/24 atingiram R$ 246,55 em junho.

Há indícios de melhora gradual no mercado, especialmente para a segunda metade do ano, período tradicionalmente caracterizado por uma demanda por carne bovina - tanto interna quanto externa - maior. 

Em 2023, por exemplo, os embarques de carne bovina no segundo semestre foram 27,3% superiores aos do primeiro semestre, destacando o crescimento no mercado internacional.

Em contrapartida, ao lado dos custos de produção, pensando no confinamento ou na suplementação do rebanho no período seco, o preço do milho tem fatores altistas e baixistas que devem ficar no radar para os próximos dias. 

O impacto da safra do milho

A flutuação no preço do milho pode influenciar diretamente os custos diários e, consequentemente, a rentabilidade dos sistemas pecuários, especialmente os confinamentos

A colheita da segunda safra no Brasil tem avançado, pressionando os preços no mercado doméstico. No curto prazo, até agosto/setembro, o mercado do milho deve trabalhar entre estabilidade e queda no mercado interno, conforme avança a colheita do grão.

Mas, as condições climáticas foram adversas durante o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões do país (Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, por exemplo) e afetaram a produtividade em comparação ao ano anterior. 

No mercado internacional, a Safra argentina, que tinha boas perspectivas para a produção, enfrentou desafios nos últimos meses, com clima desfavorável e o ataque de pragas reduzindo as estimativas locais de produtividade.

Pelo lado dos Estados Unidos, a safra 2024/25 foi semeada dentro da janela ideal e, em junho, um dos principais meses para o desenvolvimento das lavouras no mercado local, o clima contribuiu. Assim, não há no radar a expectativa de problemas relacionados ao clima.

Com a colheita na América do Sul em andamento e o bom desenvolvimento da safra norte-americana, a expectativa é de um mercado baixista. 

Porém, no Brasil, o dólar elevado e a expectativa de boa demanda interna e externa – resultando em estoques finais menores do que na última safra – têm limitado a movimentação e poderão dar sustentação aos preços a partir do último trimestre do ano. 

Conclusão

Esse cenário positivo de custos de produção, aliado às perspectivas de sustentação de preços da soja e milho, impulsiona a rentabilidade do setor e pode incentivar um aumento na produção de bovinos no segundo giro de confinamento, elevando potencialmente a oferta de carne bovina até o final do ano.

Entretanto, há incertezas em relação ao consumo doméstico de carne bovina. O escoamento da carne ainda enfrenta desafios, com compras pontuais e uma demanda irregular. O mercado vem se sustentando em decorrência dos bons números em relação à exportação da carne bovina durante o ano de 2024.