Panorama do mercado
Aparentemente, a entressafra deu as caras e o descarte de fêmeas poderá ser menor em função dos preços mais firmes na reposição, podendo estimular a manutenção da vacada no rebanho para a estação de monta ao fim do ano de 2024.
Com a estabilidade predominante nos preços praticados no mercado físico, os contratos futuros têm registrado valorizações, alcançando seus picos desde abril.
Atualmente, a cotação da arroba do boi gordo gira em torno de R$ 217,00 no mercado físico em São Paulo, enquanto no mercado futuro, os contratos com vencimento para outubro/24 atingiram R$ 246,55 em junho.
Há indícios de melhora gradual no mercado, especialmente para a segunda metade do ano, período tradicionalmente caracterizado por uma demanda por carne bovina - tanto interna quanto externa - maior.
Em 2023, por exemplo, os embarques de carne bovina no segundo semestre foram 27,3% superiores aos do primeiro semestre, destacando o crescimento no mercado internacional.
Em contrapartida, ao lado dos custos de produção, pensando no confinamento ou na suplementação do rebanho no período seco, o preço do milho tem fatores altistas e baixistas que devem ficar no radar para os próximos dias.
O impacto da safra do milho
A flutuação no preço do milho pode influenciar diretamente os custos diários e, consequentemente, a rentabilidade dos sistemas pecuários, especialmente os confinamentos.
A colheita da segunda safra no Brasil tem avançado, pressionando os preços no mercado doméstico. No curto prazo, até agosto/setembro, o mercado do milho deve trabalhar entre estabilidade e queda no mercado interno, conforme avança a colheita do grão.
Mas, as condições climáticas foram adversas durante o desenvolvimento das lavouras em importantes regiões do país (Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás, por exemplo) e afetaram a produtividade em comparação ao ano anterior.
No mercado internacional, a Safra argentina, que tinha boas perspectivas para a produção, enfrentou desafios nos últimos meses, com clima desfavorável e o ataque de pragas reduzindo as estimativas locais de produtividade.
Pelo lado dos Estados Unidos, a safra 2024/25 foi semeada dentro da janela ideal e, em junho, um dos principais meses para o desenvolvimento das lavouras no mercado local, o clima contribuiu. Assim, não há no radar a expectativa de problemas relacionados ao clima.
Com a colheita na América do Sul em andamento e o bom desenvolvimento da safra norte-americana, a expectativa é de um mercado baixista.
Porém, no Brasil, o dólar elevado e a expectativa de boa demanda interna e externa – resultando em estoques finais menores do que na última safra – têm limitado a movimentação e poderão dar sustentação aos preços a partir do último trimestre do ano.
Conclusão
Esse cenário positivo de custos de produção, aliado às perspectivas de sustentação de preços da soja e milho, impulsiona a rentabilidade do setor e pode incentivar um aumento na produção de bovinos no segundo giro de confinamento, elevando potencialmente a oferta de carne bovina até o final do ano.
Entretanto, há incertezas em relação ao consumo doméstico de carne bovina. O escoamento da carne ainda enfrenta desafios, com compras pontuais e uma demanda irregular. O mercado vem se sustentando em decorrência dos bons números em relação à exportação da carne bovina durante o ano de 2024.