Firmeza e queimadas marcaram o mercado do boi gordo em setembro. O que vem adiante?
Mercado do boi gordo se mantém firme em setembro, com alta nos preços e foco no manejo eficiente de pastagens e controle de daninhas.
Mercado do boi gordo se mantém firme em setembro, com alta nos preços e foco no manejo eficiente de pastagens e controle de daninhas.
O pecuarista, enfim, respira mais aliviado – de modo figurativo, pelo aumento da cotação do boi gordo, e literal, com melhora nas condições climáticas e redução dos focos de queimadas.
Acompanhando o movimento de firmeza no mercado do boi gordo na última semana de agosto, os preços subiram em setembro – até dia 16/9 – tabela 1.
Tabela 1.
Comparativo de preços da arroba do boi gordo, por estado, na primeira quinzena do mês.
Fonte: Scot Consultoria
Em São Paulo, a cotação no mercado do boi gordo entra no último decêndio de setembro negociando entre R$255,00 e R$260,00/@ e a perspectiva é de firmeza às cotações em curto prazo.
No mercado futuro, a expectativa é de preços acima dos R$260,00/@ nos próximos meses e começo de 2025 – veja na figura 1.
Figura 1.
Cotação da arroba do boi gordo no mercado físico e no mercado futuro.
Fonte: Scot Consultoria
O movimento de alta das cotações acontece em momento estratégico ao pecuarista – estamos no fim do período seco e de transição para a retomada das chuvas nas regiões produtoras do Norte, Centro-Oeste e Sudeste do país, determinando o início das ações que o pecuarista direciona para as áreas eleitas para reforma das pastagens em sua propriedade.
Em pesquisa realizada pela Scot Consultoria com pecuaristas no Brasil Central, identificamos o padrão de compra de sementes de pastagem e de reforma de pastagens no ano – figuras 2a e 2b.
Figura 2a.
Distribuição (%) dos meses de compra de sementes de pastagem no ano.
Figura 2b.
Distribuição (%) dos meses da reforma da pastagem no ano.
Fonte: Scot Consultoria
O momento de compra de sementes e de reforma das pastagens está muito ligado com a retomada das chuvas no Brasil Central e condiz com o planejamento forrageiro para a temporada seguinte.
Figura 3.
Histórico de precipitação no Brasil em trinta anos para os meses de agosto a novembro, em milímetros (mm).
Fonte: INMET
Na formação, renovação ou reforma das pastagens, é importante um período inicial das chuvas para permitir que ocorra a emergência das daninhas para que elas tenham superfície foliar adequada, caso seja utilizado o controle químico. As plantas daninhas devem estar em crescimento ativo e com área foliar suficiente para absorver e translocar o herbicida, principalmente, quando são originados de rebrota de plantas perenes.
Na manutenção das pastagens, no início das primeiras chuvas, atenção deve ser dada ao nível de infestação para a adoção do método de controle. As opções principais são o controle químico e o controle mecânico.
Comentaremos, a seguir, pontos importantes para o controle precoce de plantas daninhas na fase de estabelecimento de pastagens – fase em que as plantas daninhas exercem intensa competição.
Diversos estudos apontam para a dimensão das perdas de produtividade – e da qualidade da forragem -, em função da competição exercida pelas plantas invasoras na primeira fase de desenvolvimento da pastagem.
Para se ter uma ideia, pode-se mensurar as perdas a partir de 10 a 60 dias de convívio das invasoras com a pastagem plantada – dependendo de diversos fatores –, o que indica que estas precisam ser eliminadas também muito cedo.
À medida que aumenta o tempo de competição com as plantas daninhas, a pastagem segue perdendo produtividade linearmente, podendo chegar à redução de 48,0% de produção de forragem em até 120 dias com as invasoras, quando comparada a uma livre de competição desde o plantio (Souza Neto et al., 2011).
Para entender o momento correto para a tomada de decisão no sistema de produção, consideramos o “período anterior à interferência” – ou “PAI”.
Momento que se refere ao período ao qual posteriormente se constata uma perda em produtividade da ordem de 5,0% em meio à presença de plantas daninhas na área e é mensurado pelo número de dias após a emergência das sementes da forrageira.
Assim, o pecuarista deve estar atento para quando isso ocorre, posteriormente ao plantio propriamente dito.
No caso das pastagens, estudos apontam o PAI entre 8 e 16 dias após a emergência da forrageira, o que aponta para a necessidade de um controle da infestação precoce em relação à emergência das sementes da forrageira.
A forragem produzida em convívio com plantas daninhas possui menor quantidade de folhas verdes e mais talos e hastes lignificadas – que possuem mais fibra e pior qualidade nutricional –, decorrente do estiolamento das plantas em busca da luz solar.
O estiolamento fragiliza a base das touceiras que, além de menos perfilhadas, agravam a ocorrência do mencionado acamamento, não só pela ação dos animais em pastejo, mas até por ventos fortes.
Segundo Neivaldo Caceres, da NTC Consultoria, “as plantas daninhas que surgem no processo de formação da pastagem são, na quase totalidade, provenientes de sementes, sendo facilmente controladas por tratamentos com herbicidas que demandam baixíssimo investimento. Estima-se que o valor destinado ao produto e aplicação seja inferior a 5,0% do custo da reforma, com um retorno que simplesmente pode definir o sucesso ou o fracasso da operação.
Enfim, a implantação de uma pastagem é um investimento considerável na propriedade e um bom começo é essencial para uma plantação considerada perene. Alguns erros básicos podem tornar esse perene em uma plantação de apenas poucos anos. Numa pecuária cada vez mais profissional e competitiva, não há espaço para que isso ocorra.”
A firmeza das cotações no mercado do boi gordo deve persistir. A expectativa para a demanda, que está firme, é de manutenção.
A oferta de bovinos – com destaque às fêmeas – está menos intensa frente ao primeiro semestre. Com as queimadas ocorridas Brasil afora, somadas à diminuição natural da qualidade das pastagens em função do período seco, a terminação em pasto – mesmo a intensiva –, fica mais morosa, ou seja, maior dificuldade à indústria na compra de boiadas.
Com a retomada das chuvas e possibilidade do aumento da incidência de plantas daninhas, em meio a uma expectativa para o preço do boi gordo firme, a tendência é de um poder de compra frente aos defensivos, de olho no controle químico da pastagem, mais interessante.
Para que o sistema possa trabalhar com aumento na taxa de lotação e otimização da área, é importante que o pasto esteja sempre limpo e com alto potencial produtivo.
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