Aprenda a fazer o manejo de diferimento de pastos
A estacionalidade de produção dos pastos é conhecida há muito tempo e não deve mais ser vista como um grande problema da produção animal em pasto.
A estacionalidade de produção dos pastos é conhecida há muito tempo e não deve mais ser vista como um grande problema da produção animal em pasto.
Vamos iniciar esta nossa caminhada refletindo sobre as palavras do sábio Engenheiro Agrônomo Dr. Fernando Penteado Cardoso, que diz “O Brasil é um país onde as pessoas acham muito, observam pouco e não medem absolutamente nada!”. São palavras duras, mas eu, em meus quase 35 anos de profissão, sou obrigado a concordar plenamente com ele.
É comum um pecuarista me chamar para ir à sua fazenda sem saber o nível de gravidade em que ela se encontra quanto à degradação, e muitos acreditam que suas pastagens estão muito boas, enquanto aos meus olhos estão no vermelho.
Como sou um profissional da lida e procuro sempre levar ao pecuarista o conhecimento e a prática, desenvolvi uma metodologia de diagnóstico bastante fácil para ele avaliar o estado de sua pastagem.
Esta metodologia chama-se “Metodologia do Quadrante”, em que eu considero 4 fatores principais que provocam a degradação da pastagem. Vejamos a seguir:
Depois de avaliados esses 4 itens, podemos localizar onde a nossa pastagem se encontra, conforme a figura abaixo.
Com essa metodologia simples, o pecuarista pode começar a estabelecer uma avaliação para as suas pastagens e um plano de recuperação e reforma.
Outra maneira de medir como anda o seu negócio é avaliar a sua taxa de lotação, seja em cabeças/ha ou Unidade Animal/ha, lembrando que uma UA equivale a um animal de 450 kg. Um bezerro de 225 kg corresponde a 0,5 UA e um boi de 550 kg corresponde a 1,22 UA.
Segundo um estudo da EMBRAPA:
Média brasileira |
0,9 cab/ha |
0,7 UA/ha |
Sistema melhorado |
1,2 cab/ha |
0,9 UA/ha |
Tecnologia avançada |
1,6 cab/ha |
1,2 UA/ha |
Alta tecnologia |
2,0 cab/ha |
1,6 UA/ha |
Essa é uma forma bastante interessante para se avaliar em que patamar a propriedade se encontra.
Outra forma importante é o pecuarista pesar o seu rebanho periodicamente e avaliar o ganho de peso tanto nas chuvas quanto na seca. Nas águas, um bom pasto deverá dar um ganho de peso de pelo menos 900 g/cab/dia e, na seca, 400 g/cab/dia. Quanto está dando em sua propriedade? Por incrível que pareça existem pecuaristas de corte que nem balança possuem em sua fazenda.
A EMBRAPA possui uma régua para a medição de pastagem para o pecuarista avaliar a altura de entrada e de saída do pasto. Lembro que cada gramínea possui uma altura de entrada e de saída. É lamentável que a grande maioria desconheça esses números.
Podemos avaliar diversos índices zootécnicos que nos permitem concluir em que nível de desenvolvimento estamos. Por exemplo: peso do bezerro na desmama, índices de natalidade, mortalidade, mortalidade pós-desmama, idade da primeira cria, intervalo entre partos, entre outros.
Veja a tabela da Embrapa abaixo:
Apesar de alguns desses índices já estarem ultrapassados, ainda servem como referência.
A vida média de uma pastagem no Brasil é de 4 a 5 anos, sendo que a pastagem é constituída por plantas perenes, ou seja, vida longa. Temos pastagens com mais de 30 anos no Brasil.
Um hectare de pastagem para ser reformado custa em torno de R$ 1.700,00. Dependendo do grau de degradação e incidência de plantas daninhas, pode até passar de R$ 2.000,00, mas vamos considerar o primeiro valor: se dividirmos por 4, teremos um custo anual de R$ 425,00, enquanto que, se dividirmos por 30, teremos o valor de R$ 56,66.
Aí está a diferença.
Se o pecuarista investir anualmente algo em torno de R$ 300,00/ha em manutenção, no mínimo, triplica sua taxa de lotação e sua lucratividade e não precisa reformar nada.
Além desses índices, existem muitas outras formas de o pecuarista medir o seu desempenho: medindo a chuva com um pluviômetro, anotando as suas receitas e despesas.
Mas é muito fácil você avaliar a sua performance diante da situação, quer ver?
Apesar de o Brasil estar em meio a uma grande crise econômica, o que importa hoje para se continuar no negócio é o seu índice de mudanças. Lembre-se:, quem não muda, dança!