Blog •  26/03/2025

Recorde de produção bovina em 2025: como se preparar para produzir mais

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Com expectativa de produzir 10,37 milhões de toneladas de carne em 2025, a pecuária brasileira se prepara para uma nova fase do ciclo pecuário.

Depois de celebrar a produção recorde de carne bovina alcançada em 2024, que segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) chegou a 10,91 milhões de toneladas, a pecuária brasileira se prepara para uma nova fase do ciclo pecuário. Para 2025, a expectativa é de estabilidade, já que o país deve produzir 10,37 milhões de toneladas de carne - o segundo maior volume da série histórica. 

O ciclo pecuário é um dos fatores que influenciam diretamente no preço da carne, por isso o pecuarista deve estar preparado para lidar com as fases de alta e baixa, planejando os investimentos, compras, custo de produção, processos de manejo e os melhores momentos para a venda.

Segundo Maurício Palma Nogueira, Engenheiro Agrônomo e diretor da Athenagro Consultoria, para aproveitar as melhores fases do ciclo pecuário e aumentar a lucratividade é essencial que os pecuaristas organizem as decisões de curto e longo prazo, o que só será possível a partir de um bom planejamento estratégico.

“Dessa forma, ele poderá conduzir a fazenda a um nível de melhor desempenho financeiro, com ganhos econômicos e impactos socioambientais positivos”, afirma. 

Estratégia que aumenta a competitividade

Nogueira ressalta que no caso da pecuária, considerando os ciclos de preços, esse planejamento é ainda mais necessário para manter a competitividade do negócio. Em períodos de alta no ciclo, o produtor precisa se organizar para obter o máximo retorno possível e planejar a sua fazenda para o próximo período de baixa. 

“É o momento de melhorar a infraestrutura, elevar o nível tecnológico de manejo das pastagens e preparar a equipe para um sistema de produção mais sofisticado. Nas fases de baixa no ciclo, é o momento ideal para ampliar o rebanho e ganhar escala. 

A falta de planejamento leva a decisões reativas, muitas vezes impulsionadas por variações de mercado em vez de estratégias estruturadas. Foi o que aconteceu durante a última fase de alta, em que muitos produtores aumentaram o rebanho sem ter a estrutura adequada para receber o gado. 

Com isso, acabaram vendendo os estoques na baixa e ficando com pastagens em piores condições, limitando-os a aproveitar a próxima fase de baixa, que ocorreu entre o final de 2022 até meados do segundo semestre de 2024, deixando os índices zootécnicos desfavoráveis”.

Planejamento deve ser contínuo 

Reduzir investimentos na baixa pode levar à degradação do pasto, elevando custos no futuro.

Segundo Nogueira, independente da fase do ciclo pecuário, a forma de conduzir as pastagens deve ser sempre a mesma. Para tanto, é preciso ter um bom diagnóstico das pastagens e clareza dos objetivos e possibilidades. 

“Existem áreas que precisarão ser reformadas, áreas que podem ser recuperadas com a adoção técnica de insumos específicos, outras que podem ser melhoradas gradualmente em um planejamento quinquenal, por exemplo; e áreas que podem ser intensificadas, buscando altas produtividades”. 

No entendimento do diretor da Athenagro, a diferença entre os períodos de alta e baixa no mercado é apenas orçamentária. Sendo assim, durante as fases de alta, o produtor terá mais condições de acelerar o pacote tecnológico das pastagens, preparando a fazenda para maiores lotações e produtividade

“Se ele fizer isso, quando chegar o período de baixa nos ciclos de preços, sua propriedade terá condições de alojar uma quantidade maior de animais, permitindo um ganho de competitividade em relação àqueles produtores que não se planejaram adequadamente. 

Leia também: Boas perspectivas para 2025 estimulam investimentos na pecuária

Investimento na qualidade da pastagem 

Para Nogueira, as pastagens precisam ser sempre melhoradas, já que pastagens com boa qualidade sempre possibilitarão retornos econômicos melhores. Portanto, ele afirma, reduzir o aporte tecnológico nas pastagens é a garantia que a saúde financeira da fazenda irá piorar no futuro próximo.  

“Investir melhora a qualidade das pastagens; mantê-las produtivas reduz custos futuros”.

Estudo da Athenagro identificou que, em um prazo de 10 anos, as pastagens de baixa e as de alta qualidade consumiram praticamente a mesma quantidade de recursos financeiros. No entanto, a de baixa qualidade, que se degrada, consumirá esses recursos para ser recuperada ou reformada. A pastagem bem cuidada consumirá os recursos para garantir maior produção. 

“A diferença entre ambas estará na receita. A de baixa qualidade vai permitir uma produção de 4 a 5 arrobas por hectare por ano, enquanto a bem cuidada possibilitará produtividades de 12 a 15 arrobas por hectare por ano. E há ainda a possibilidade de intensificá-las, buscando produtividades acima de 50 arrobas por hectare por ano”. 

Segundo ele, as melhores propriedades tratam as pastagens como culturas agrícolas. Isso envolve correção do solo, adubações, controle de plantas invasoras, controle de insetos e doenças e boa gestão da colheita. 

Manejo contínuo de plantas daninhas 

O manejo de plantas daninhas é um dos itens que deve receber atenção constante no planejamento do pecuarista. Segundo o representante comercial da Corteva Agriscience, Douglas Moreira, é preciso mudar a mentalidade de que o herbicida só é aplicado no período das águas. É preciso ter um protocolo ao longo do ano, e tratar o pasto como uma lavoura. 

“Depois do período chuvoso, o pecuarista já deve ter controlado as plantas de fácil, médio e até de difícil controle. Em seguida, na entressafra, é preciso seguir o manejo com as aplicações específicas. Essa também é a hora de estruturar o planejamento da fazenda, de definir qual área será reformada ou receberá manutenção para a próxima safra, e avaliar o estande de capim”, orienta. 

Moreira explica que o produtor pode seguir um check-list que inclui o estande de plantas- um dos fatores de maior influência na produtividade – e a identificação da presença de pragas e doenças. 

“Com estas informações em mãos, ele vai sentar e fazer um planejamento do que é preciso fazer ali para combater determinada praga, doença ou planta daninha. Dessa forma, ele começa a fechar o ciclo completo de todo ano”.  

Leia também: Herbicidas ajudam a recuperar pastagens e sequestrar carbono

Mais carne, menos terra 

Diante das perspectivas de crescimento na produção para 2025, o produtor também tem o desafio de tornar a pecuária brasileira mais eficiente e sustentável, produzindo mais carne em menos pasto. Essa é uma tendência observada nos últimos Censos Agropecuários divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Desde 1996, as áreas de pastagem utilizadas pela pecuária brasileira vêm diminuindo, enquanto a produtividade segue em crescimento. Em 1996, eram 177,93 milhões de hectares dedicados às pastagens, número que caiu para 149,67 milhões em 2017 – uma redução de aproximadamente 16%.

Os dados mostram que é possível aumentar produtividade da pecuária sem expandir a área de pastagem, no entanto, isso exige a adoção de uma série de práticas agrícolas e de manejo de pastagens mais eficientes. 

Entre elas estão a rotação de pastagens, a adubação e correção do solo, o uso de forrageiras de alta qualidade, a implementação da Integração Lavoura-Pecuária (ILP), e o investimento em genética, melhoramento do rebanho e cuidados sanitários

Implementar uma suplementação nutricional adequada, com o fornecimento de suplementos que auxiliam no ganho de peso dos animais, também permite que o pecuarista produza mais, mesmo em pastagens com menor qualidade nutricional.

Linha Pastagem, a parceira do pecuarista 

No Brasil, a presença de produtos com tecnologias inovadoras no mercado de herbicidas tem contribuído para melhorar a qualidade das pastagens, ajudando a alavancar esse cenário de melhoria da produtividade na pecuária. 

Nesse sentido, é possível contar com empresas especializadas, parceiras do pecuarista, que oferecem produtos de alta qualidade para o controle de plantas daninhas. Para auxiliar o produtor a ter um pasto limpo e produtivo, a Corteva Agriscience desenvolveu a Linha Pastagem, um portfólio de herbicidas concentrados, com tecnologia inovadora e o melhor custo-benefício, já que apresentam maior rentabilidade e eficiência na aplicação. 

As soluções Linha Pastagem foram desenvolvidas especialmente para o melhor manejo das pastagens, gerenciando os desafios com plantas daninhas e restaurando a produtividade por hectare.  

Entre as opções disponíveis estão a Tecnologia XT-S e Tecnologia Ultra-S, soluções que rendem muito mais hectares por litro, com menos embalagens para transportar, guardar e descartar, além da redução de CO2 nas operações.

O que aprendemos com o mercado 

Nos últimos anos, o planejamento da pecuária foi severamente afetado por eventos como a pandemia, o cenário econômico pós-pandemia, guerras, mudanças climáticas severas e situações políticas. Tudo isso impactou, principalmente, o mercado de insumos, que viu o produtor oscilar nos investimentos em áreas essenciais, como o manejo de pastagens.  

Confira como foi o comportamento do mercado: 

2022 –  Mesmo no auge da pandemia, os pecuaristas não deixaram de investir e o mercado de herbicidas no Brasil se manteve em alta, movimentando cerca de US$ 14 bilhões (Safra 2021/2022), segundo a consultoria Consultoria Kynetec. 

2023 - Com receios em relação à falta de matéria-prima e produtos, os pecuaristas compraram mais e investiram no estoque de insumos. O mercado de defensivos agrícolas movimentou aproximadamente US$ 20 bilhões, crescimento de 43% em relação à Safra anterior (2022/2023), conforme a Kynetec.

2024 - Foi o período de queda pós-pandemia. Os pecuaristas atrasaram na compra e aplicação de herbicidas, que movimentou US$ 18 bilhões em 2024 no Brasil, queda de 10,3% em relação ao ano anterior. A queda também está atrelada ao aumento no custo de produção por perdas de pastagem em decorrência da mudança climática. 

2025 - As projeções são de um cenário positivo para 2025, diante de resultados econômicos mais favoráveis. É hora de investir em planejamento e estratégias a longo prazo.