Blog •  24/01/2020

Características das pastagens do Sul do Brasil

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Características das pastagens do Sul do Brasil

O capim-annoni (planta invasora) é o principal desafio que o pecuarista enfrenta nas pastagens na região Sul.

A região Sul, ao contrário do restante do país, apresenta clima temperado, com as quatro estações bem definidas e com relativa regularidade de chuvas ao longo do ano. De maneira simplificada, o ano pode ser dividido em duas estações: uma estação fria, de abril a setembro, e uma estação quente, que se estende de outubro a março.

Existem locais mais frios, como aqueles de altitude e o extremo Sul, caracterizados pela estação fria um pouco mais extensa; e locais quentes, como as planícies ao longo das bacias hidrográficas e as regiões mais ao Norte do estado, onde o calor predomina por um pouco mais de seis meses.

Principais espécies de pastagens 

Então, de modo geral, os sistemas de produção pecuária precisam lançar mão de um conjunto maior de espécies forrageiras, se comparado aos sistemas de produção pecuária do Brasil Tropical.

Isso porque não temos espécies que, sozinhas, sejam capazes de manter produtividade e qualidade ao longo de todo o ano, mas as condições edafoclimáticas (relacionadas ao clima e aos solos) permitem o cultivo de espécies que, em conjunto, possibilitam uma sobreposição das curvas de produção mediante a escolha de espécies por suas características de complementariedade.

Uma ampla área da região Sul apresenta campos nativos, nos biomas Pampa e Mata Atlântica (campos de altitude). Naturalmente, a pecuária teve início a partir dessas regiões e ainda hoje compõe parte importante do PIB destes locais.

Os campos nativos são formados por inúmeras espécies vegetais, sendo que a grande maioria possui aptidão forrageira, principalmente gramíneas e leguminosas.

Esses campos, até por serem nativos desses ambientes, conferem grande estabilidade produtiva aos sistemas pecuários, além de garantir uma produção de menor custo. Porém, eles apresentam maior produção e qualidade durante a estação quente do ano, geralmente requerendo que os produtores lancem mão de pastagens de inverno em uma parte da área e/ou recorram a técnicas de melhoramento de campo nativo a partir da adubação e introdução de espécies forrageiras de inverno, como azevém, aveias, trevos e cornichão, diretamente sobre o campo.

Leia também: Novas cultivares de pastagem

Outra característica muito importante de se mencionar nesses sistemas pecuários, em que parte significativa da alimentação provém de campos nativos, é que são sistemas que aliam, de maneira sem igual, produção pecuária e conservação ambiental.

Certificações

Atualmente, existem indicações de origem, marcas coletivas e selos de certificação que conferem valor agregado aos produtos oriundos desses sistemas.

Apesar de ter “nascido” nas regiões de campo, a pecuária no Sul do Brasil já há décadas se expandiu para toda a região, principalmente pelo crescimento e pela consolidação das bacias leiteiras no Norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e pela ampliação de sistemas de integração lavoura-pecuária (link da matéria de ILP).

Esse processo levou a inúmeros desafios para o desenvolvimento de sistemas de pastagens para sustentar essa pecuária, em que se destaca a produção intensiva de leite em pequenas áreas e o desenvolvimento de cultivares forrageiras e recomendações de manejo que se “encaixassem” nos sistemas integrados.

Foi necessário adotar medidas como:

• Desenvolvimento e validação de cultivares forrageiras de verão, anuais e perenes, até então muito pouco utilizadas na região Sul;

• Desenvolvimento de cadeias forrageiras visando minimizar ou evitar os vazios forrageiros nas transições da estação quente para a fria e vice-versa;

• Desenvolvimento de cultivares forrageiras com aptidão e ciclo adequados para os sistemas de integração lavoura-pecuária; entre outras tecnologias.

Dentre a diversidade de espécies cultivadas que compõem as pastagens da região Sul do Brasil, destacam-se azevém anual, aveias forrageiras, trevos e cornichão, durante a estação fria, e capim-sudão, sorgo forrageiro, milheto, capim-bermuda (como Tifton 85 e Jiggs), braquiária e Panicum durante a estação quente do ano.

Devido a essa diversidade, apesar de haver registros de alguns problemas em termos de pragas, doenças e invasoras, pode-se dizer que eles são localizados e de menor importância do que na região tropical do Brasil.

A alternância de períodos frios e quentes, bem como as sucessões de cultivos, tanto de forrageiras quanto agrícolas, servem como uma barreira ao aumento contínuo das populações de insetos e ao aumento das pressões de inóculo no caso de doenças. Também a sucessão de cultivos resolve a maioria dos casos de plantas invasoras, restando problemas pontuais e localizados.

Os maiores prejuízos por plantas indesejadas se observam nos campos naturais, justamente por seu caráter permanente e de ampla diversidade de espécies, o que dificulta manejos de controle. Nesses ambientes o maior problema é a invasão por capim-annoni, representando prejuízos econômicos e ambientais, pela redução da biodiversidade dos campos.

A Embrapa e parceiros têm trabalhado intensamente para tentar minimizar esse problema. Há pouco tempo foi apresentado o método de controle denominado MIRAPASTO, composto por uma série de recomendações de manejo e controle integrados que, se bem executados, podem resolver ou minimizar o problema da invasão dos campos naturais por capim-annoni.

Os quatro pilares de manejo do MIRAPASTO são:

1. Controle de plantas indesejáveis adultas, correção e manutenção da fertilidade do solo, introdução de espécies forrageiras de inverno e de verão e controle da oferta de pasto.

2. O controle das plantas indesejáveis ou tóxicas, por meio da aplicação seletiva de herbicida com a enxada.

3. Complementação e reposição dos nutrientes extraídos do solo mantêm a capacidade produtiva das plantas forrageiras, que passam a oferecer maior resistência à infestação.

4. O controle adequado da oferta de pasto permite tanto a boa nutrição dos animais quanto a manutenção do vigor dos pastos, sejam eles nativos ou cultivados, inibindo o estabelecimento de novas plantas invasoras.

Essas práticas são complementadas pela introdução de espécies forrageiras cultivadas de inverno e de verão que ocupam as áreas antes cobertas pelas plantas indesejáveis e melhoram a distribuição de forragem ao longo do ano.

Próximos passos

Diante do exposto, fica evidente que as pastagens do Sul do Brasil são bastante diversas, fruto das características edafoclimáticas da região e dos consequentes sistemas de produção agropecuária daí resultantes. Todos os grupos de forrageiras, campos nativos, espécies de verão e de inverno, perenes e anuais, têm sua contribuição e relevância. Estes grupos não são excludentes e sim podem se somar de forma a possibilitar uma diversificação e viabilizar a competitividade da pecuária nos diferentes sistemas de produção.

Atualmente, pesquisadores da Embrapa e instituições parceiras, técnicos e produtores da região Sul estão empenhados em aperfeiçoar esses sistemas de produção mais intensivos e que impõem maior complexidade ao bom uso do conhecimento e das tecnologias disponíveis.

Nunca foram desenvolvidas, lançadas e testadas tantas cultivares de forrageiras adaptadas a esses sistemas de produção quanto nos últimos anos. Com tantas opções de características produtivas, ciclos, aptidões para diferentes tipos de solo etc., tem sido intensivo e crescente o investimento no desenvolvimento e na validação de diferentes composições de arranjos de cadeias forrageiras, bem como sua integração e complementariedade com a produção agrícola.

O que se busca é minimizar o tempo em que as áreas ficam sem produção agrícola e/ou pecuária nos períodos de transição da estação quente para a fria, e vice-versa, agregando produtividade, renda e conservação dos recursos naturais.

Autores:

Daniel Portella Montardo, engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria. Doutor em Zootecnia na área de Melhoramento Genético de Forrageiras, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Pesquisador da Embrapa Pecuária Sul. Bagé/RS.

Márcia Cristina Teixeira da Silveira, zootecnista pela Universidade Federal de Viçosa. Doutora em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa na área de Manejo de Pastagens. Pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul. Bagé/RS.

Danilo Menezes Sant’Anna, Médico Veterinário pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul na área de Plantas Forrageiras. Pesquisador da Embrapa Pecuária Sul. Bagé/RS.

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