Blog •  01/09/2022

Como garantir uma boa rebrotação de capim

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Olhar atento no manejo para garantir uma boa rebrotação da pastagem.

A produção pecuária brasileira é realizada, em 95% dos casos, em regime de pastagens (EMBRAPA, 2017). Entender do manejo é importante para garantir a qualidade de produção e produtividade, em que estratégias para enfrentar a sazonalidade de produção do capim são fundamentais.

A produção baseada em pastagens, quando conduzida da maneira correta, garante alimento de boa qualidade para os animais e baixo custo de produção quando comparado com produções cuja base são os grãos e outros concentrados.

O período das águas, que tem início por volta de outubro/novembro e término por volta de março, na maior parte das áreas de produção de pastagens, é o momento de maior produção de folhagens (figura 1).

Figura 1. Taxa de acúmulo de forragem do capim-mombaça (kg de MS/ha/dia), no eixo da esquerda, e precipitação brasileira mensal histórica acumulada (em mm), no eixo da direita.

Fonte: Adaptado de CORRÊA et al., 2006 / Elaborado por Scot Consultoria.

Porém, é no seu início, logo após o período da seca, que mais deve receber atenção, devido à rebrotação do capim.

A rebrotação nada mais é que o processo de crescimento do capim logo após a desfolhação, seja por colheita da capineira, ou mesmo pela alimentação dos animais. Dentro desse processo, o bom manejo garante o vigor da rebrotação, que é a intensidade com que a planta se desenvolve.

O processo visa manter a qualidade e prolongar ao máximo possível a oferta de capim à alimentação dos bovinos dentro do sistema de produção.

O capim, uma cultura perene, caso tenha seu manejo deixado de lado, pode se tornar uma cultura semiperene, com necessidade de reformas constantes.

Assim, algumas das características que devem ser observadas durante a condução da cultura de interesse para a rebrotação são:

  • índice de área foliar;
  • reservas orgânicas;
  • perfilhamento;
  • interceptação luminosa;
  • intensidade e frequência de pastejo.

O índice de área foliar é uma característica fisiológica, porém fácil de ser visualizada, uma vez que relaciona a área das folhas com a área do solo, ou seja, a quantidade de sombra que as folhas produzem dentro da área de ocupação.

Basicamente é utilizado para comparar a área foliar ocupada antes do pastejo com a área pós-pastejo. Essa medida deve ser utilizada para verificar resíduos das folhas na área, uma vez que a manutenção de partes das folhas acelera a rebrotação do capim, já que a fotossíntese continua ocorrendo nas remanescentes.

As reservas orgânicas permanecem na planta conforme seu desenvolvimento e, em momentos de estresse, seja pelo consumo, colheita, geada, estiagem, elas são utilizadas para garantir a manutenção das folhas danificadas por qualquer que seja o processo.

O perfilho é formado das gemas da axila da planta, portanto o perfilhamento é a característica que garante a persistência da gramínea nas condições de pastejo, seja ela intensa ou não. Espécies cespitosas (raiz emite vários caules, formando uma touceira) utilizam dessa estratégia para persistência, já que permanecem por longos períodos vegetativos e não têm a emissão de estolões e sementes para a reprodução.

Para garantir a fotossíntese, que é a principal fonte de recursos da planta para sua recuperação (rebrotação), a interceptação luminosa é essencial e vinculada com todos os outros aspectos a serem observados. As plantas, atingindo 95% de interceptação, têm suas folhas inferiores totalmente sombreadas, diminuindo sua atividade fotossintética e entrando em compensação.

Esse processo garante que a respiração e a taxa fotossintética sejam equilibradas, em que processos de desfolhação drásticos podem gerar taxas de respiração maiores, com balanços negativos de reserva de compostos dentro das estruturas da planta que diminuem o vigor reprodutivo do capim.

Todos esses aspectos morfofisiológicos são aliados ao manejo e à carga de intensidade aplicada no capim, portanto a intensidade está aliada ao índice de área foliar (quanto de folhas restantes após o pastejo), à interceptação luminosa (folhas curtas, menor taxa fotossintética, maior taxa de respiração, menor vigor de rebrotação) e a menores reservas orgânicas na planta (garantia de manutenção para a rebrota).

Dessa forma, o pecuarista, em sua tomada de decisão diária, necessita encontrar o ponto de equilíbrio entre a intensidade e a frequência de pastejo, a fim de buscar a melhor expressão do potencial produtivo do seu pasto, rendendo uma maior longevidade a essa lavoura, com uma melhor qualidade, reduzindo o custo de produção.

 

Referências

CARNEVALLI, R. A. Dinâmica da rebrotação de pastos de capim-mombaça submetidos a regimes de desfolhação intermitente.  149p. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, out. 2003.

CORRÊA, L. A. et al. Produção de forragem e desempenho de bovinos castrados em pastagens não irrigadas com suplementação na seca ou irrigadas o ano todo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 43., João Pessoa, 2006. Anais… João Pessoa: SBZ, 2006.

EMBRAPA. Pastagens. 2017. Disponível em: https://www.embrapa.br/en/qualidade-da-carne/carne-bovina/producao-de-carne-bovina/pastagem. Acesso em: 15 jul. 2022.

RUGGIERI, A. C. et al. Manejo de pastagens. 1. ed. Jaboticabal: Unesp, 2020.

SILVA, D. A. M. et al. Respostas do capim-buffel a diferentes períodos de rebrotação e alturas de resíduo.Research Society and Development, dez. 2020. 13p.