Integração Lavoura-Pecuária: saiba como lucrar mais com esse sistema
Estratégia pode recuperar a capacidade produtiva dos solos e intensificar a produção de grãos, silagem e pastagens de forma mais prática e econômica
Estratégia pode recuperar a capacidade produtiva dos solos e intensificar a produção de grãos, silagem e pastagens de forma mais prática e econômica
Uma estratégia que pode aumentar a produtividade da pecuária de forma sustentável e econômica: a Integração Lavoura-Pecuária (ILP) é um sistema de produção que combina o cultivo da lavoura e de pastagem em uma mesma área, seja em consórcio, rotação ou sucessão.
Em mais um texto da série “Prosperando na Pecuária com Baixo Investimento”, você vai saber por que a adoção do sistema ILP na sua propriedade é uma solução lucrativa, que pode melhorar a produtividade e os resultados do seu negócio.
Para entender melhor sobre os benefícios da ILP, conversamos com Willian Marchió, médico veterinário, especialista em produção animal e consultor sênior da Criatec, consultoria em agronegócios.
“A Integração Lavoura-Pecuária surgiu como uma alternativa à reforma tradicional das pastagens, utilizando, para tal, a agricultura, a fim de minimizar os custos dessa reforma. Ou seja, a agricultura paga a maior parte dos custos da reforma, e, em contrapartida, a pecuária promove a ciclagem de nutrientes e melhora a produtividade dos grãos”, explica o consultor.
Os resultados financeiros dessa estratégia já foram comprovados. De acordo com pesquisas realizadas no Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) em parceria com a Embrapa, para cada R$ 1 investido em ILP, o retorno é de R$ 3,7.
A ILP pode ser utilizada em qualquer tamanho de propriedade, pois existem diferentes arranjos capazes de serem implementados para cada situação produtiva.
Segundo Marchió, o maior investimento para a implantação do sistema se concentra nas operações de habilitação das áreas degradadas com limpeza, gradagens, aquisição de calcário e fósforo, e, principalmente, quando há necessidade da aquisição de equipamentos. No entanto, para os pecuaristas que já estão familiarizados com a agricultura, essa ação passa a ser muito simples, ressalta o consultor.
“É muito comum ao pecuarista iniciar com parcerias estratégicas, como a entrega de áreas para agricultura e receber a pastagem formada sem custos, ou apenas com os custos dos corretivos de solo. Quando isso não for possível, uma alternativa é a contratação de serviços de terceiros de gradagem, plantio e pulverização”.
O sistema de ILP mais utilizado em todo Brasil é o consórcio de Brachiaria ruziziensis com milho, que pode ser realizado tanto no milho safra verão ou milho safrinha.
Também chamado de Sistema Santa Fé ou Barreirão, ao adotar este tipo de ILP o pecuarista poderá produzir grãos e formar pastagem ou silagem para a entressafra de modo simultâneo na mesma área cultivada. Assim, ele poderá produzir capim de alta qualidade e em grande quantidade, tanto para alimentar o gado no período seco quanto para ter palhada para o plantio direto (PD). Além de não afetar o cronograma de atividades do produtor, essa é uma estratégia de baixo custo.
Marchió explica que a semeadura de capim é feita de forma simultânea, no ato do plantio de milho ou com equipamentos de semeadura pós-emergência do milho. Com isso, o milho vai crescer junto com a Brachiaria. Quando o desenvolvimento do capim passa a ser prejudicial ao milho, são realizadas subdosagens de herbicida, a fim de pausar o desenvolvimento da gramínea sem prejudicar seu estabelecimento.
“Assim que o milho inicia seu término de ciclo, ou quando for colhido para silagem, teremos o sol penetrando no capim e o fazendo recuperar seu desenvolvimento. Na colheita do milho, temos uma pastagem vigorosa para ser utilizada pelos animais em pastejo. Assim, teremos pastos de qualidade nos piores momentos do ano.”
A principal recomendação de Marchió para quem vai iniciar na implantação do consórcio milho-braquiária é procurar uma assistência técnica para receber orientação quanto aos procedimentos a serem adotados para que o pecuarista tenha sucesso na implantação.
Ele também orienta que é importante realizar visitas a fazendas na sua região que já utilizam a tecnologia para que seja possível entender os desafios peculiares de cada região.
“É fundamental buscar insumos de qualidade, sementes testadas e uma execução o mais correta possível para que não haja frustração na implantação e estabelecimento da gramínea. Hoje, temos equipamentos que auxiliam e melhoram significativamente a implantação do consórcio”.
No aspecto ambiental, a ILP permite uma melhoria significativa na utilização da terra de maneira que, mesmo nas piores épocas do ano, o produtor passa a ter pastagens de qualidade, destaca Marchió. “A presença dos animais em pastejo nas áreas agrícolas potencializa a ciclagem de nutrientes e, com isso, promove o aumento da produtividade de grãos nestas áreas.”
Os benefícios também são percebidos na capacidade produtiva do solo, que tem melhoria dos seus atributos físicos, químicos e biológicos, devido ao aumento da matéria orgânica e à redução dos riscos de erosão e diminuição da ocorrência de doenças e plantas daninhas.
Outro impacto positivo da adoção da ILP acontece no aspecto social. Ao promover a criação de empregos diretos e indiretos e incentivar a busca e oferta de qualificação profissional, essa iniciativa resulta em uma melhor qualidade de vida para o produtor e sua família.
“Com o avanço dos sistemas ILP e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) em regiões com pecuária tradicional nos últimos 20 anos, passamos a observar significativa melhora na geração de empregos e na distribuição de renda das populações regionais. No estado de Goiás, isso pode ser constatado em regiões como as de Ipameri, Pires do Rio, Sinop e muitas outras.”
De acordo com o consultor, regiões que possuem Unidades de Referência Tecnológica (URTs) da Embrapa e de outras instituições, e que passaram por mudanças estruturais com a implantação da agricultura em consórcio, alcançaram outro patamar socioambiental.
Em relação ao meio ambiente, os sistemas ILP podem reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 50% e o uso de água em 10% por unidade de proteína produzida, em relação aos sistemas de pecuária.
Confira seis benefícios para a adoção de sistemas ILP, citados pela Embrapa:
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