O consumo de carne no Brasil e no mundo
Nos Estados Unidos, a ordem de consumo de carne é semelhante à observada no Brasil, com destaque para o frango.
Nos Estados Unidos, a ordem de consumo de carne é semelhante à observada no Brasil, com destaque para o frango.
Mesmo não sendo a principal proteína consumida no mundo, o crescimento da demanda pela carne bovina, em especial na China, traz expectativas positivas para as exportações brasileiras. Por consequência, isso deve ajudar na precificação do boi gordo e na receita do pecuarista.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as importações chinesas de carne bovina devem aumentar 39,7% em 2019 e 36,6% em 2020, nas comparações anuais. Lembrando que somos os principais fornecedores e eles são o nosso principal cliente da proteína.
Embora provavelmente não fosse o primeiro palpite de muitos, a carne suína é a mais consumida no mundo. Cenário oposto ao observado no Brasil, onde ocupa a terceira posição, com quantidades bem menores que a carne bovina e a de frango.
Mas, para analisar o perfil do consumo de carnes no Brasil e no mundo, vamos primeiro entender alguns conceitos usados de forma que não tenha distorções na comparação.
O primeiro é o de disponibilidade interna. Esse indicador é composto pela produção de carne de um país, mais as suas importações, menos o que é exportado. Isso indica o que fica no país em um ano, o que foi consumido. As perdas acabam incluídas nesse total, porém, para avaliar o consumo e devido à dificuldade de mensuração destas, esse indicador é o usado para estimar a demanda por determinada proteína. Neste texto, para manter a base de comparação para os diversos países, usaremos dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Além da disponibilidade total, é interessante avaliar a disponibilidade per capita, que é obtida dividindo-se a disponibilidade da produção pelo total da população consumidora. Para dados da população, usamos estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação).
No Brasil, a carne mais consumida é a de frango, com 45,9 quilos por habitante ao ano, seguindo a metodologia apresentada anteriormente, em que a disponibilidade interna (USDA) é dividida pela população (FAO).
A carne bovina ocupa a segunda posição, com 37,3 quilos por habitante ao ano, seguida pela carne suína, na terceira posição, com 14,4 quilos per capita. Observe que o consumo de carne de frango é o equivalente a mais de três vezes o de carne suína.
Figura 1.
Disponibilidade per capita de carnes no Brasil, em 2018.
A carne bovina era a mais consumida, mas perdeu o posto para a carne de frango em 2007. As duas proteínas competem, e as diferenças de preços influenciam a relação entre o consumo destas, mas com a carne de frango levando vantagem nesse quesito.
A título de comparação, trouxemos alguns dados de outros países. Na figura 2, apresentamos, além da demanda por cada tipo, o consumo somado das três proteínas: bovina, suína e de frango.
Figura 2.
Disponibilidade per capita de carnes em países/regiões selecionados, em 2018.
Observe que, dentre esses países/regiões, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos, quando somamos as três carnes.
O consumo de proteínas animais está atrelado à renda e também a questões culturais. Isso justifica o patamar alto observado nos Estados Unidos, mas menor na Europa, mesmo com poder de compra quase quatro vezes maior que o brasileiro, segundo o Fundo Monetário Internacional (US$ 36,54 mil de PIB per capita na Europa, frente a US$ 9,34 mil no Brasil).
Nos Estados Unidos, a ordem de consumo é semelhante à observada no Brasil, com destaque para o frango. Já na China e União Europeia, temos a carne suína como mais relevante, seguida pela carne de frango e bovina, nessa ordem.
Países com consumo atual menor, mas com população e renda per capita crescentes são os que possuem os maiores potenciais de aumento do consumo. Diversos países asiáticos se enquadram nesse grupo, como a própria China, que possui 1,45 bilhão de pessoas (FAO), o que faz com que qualquer aumento da demanda per capita gere um volume final relevante.