Pecuária leiteira: conheça os desafios e oportunidades do setor
A nova pecuária leiteira é caracterizada pelo uso de tecnologias e inovações, com foco no aumento da produtividade e rentabilidade.
A nova pecuária leiteira é caracterizada pelo uso de tecnologias e inovações, com foco no aumento da produtividade e rentabilidade.
As primeiras cooperativas de produção de leite no Brasil surgiram em 1902, e desde então a pecuária leiteira tem crescido em importância no agronegócio brasileiro. Para aumentar a produtividade e a qualidade do leite, a cada ano os cuidados com o manejo, a nutrição e a sanidade do rebanho passam por constantes transformações.
Hoje, a bovinocultura de leite no Brasil é um setor especializado e economicamente relevante, formado por pecuaristas que buscam por inovações que envolvem desde conhecimento técnico, eficiência produtiva e alta genética até a gestão de resultados.
De acordo com a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo IBGE, em 2022 a produção de leite no Brasil foi estimada em 34,6 bilhões de litros. Mesmo com a queda de 1,6% no volume em relação a 2021, o valor de produção do leite aumentou 17,7% e os preços do leite subiram 19,7%.
Para o assessor técnico da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Guilherme Dias, a pecuária de leite tem evoluído de forma bastante rápida, principalmente no tocante a ganhos de escala e investimentos em infraestrutura, mas ainda há bastante espaço para o setor crescer no Brasil. “O produtor está se tecnificando cada vez mais e adotando as tecnologias disponibilizadas pelos institutos de pesquisa. Tudo isso tem contribuído para ganhos de produção e produtividade, apesar das constantes crises que dificultam o desempenho do setor”, afirma.
No Brasil, a produção de leite é majoritariamente realizada em pequenas propriedades, em quase todos os municípios brasileiros. Cerca de 90% dessa produção chega, no máximo, a 200 litros/dia, fato que limita ou pulveriza demais a produção e dificulta em termos de recursos logísticos, captação e investimentos.
Segundo Dias, a tendência é a concentração da produção em propriedades de maior porte, o que já é uma realidade no mundo todo. O dado mais recente do Censo Agropecuário do IBGE aponta que entre 2006 e 2017 houve uma redução de 13% na quantidade de produtores e esse número vem caindo a cada ano. Devido às altas nos custos, muitos têm reduzido os investimentos na produção de leite. Outros, atraídos pelas altas nos preços dos grãos nos últimos anos, têm migrado ou arrendado terras para a produção de soja, por exemplo.
Para o assessor técnico da CNA, o cenário atual mostra que o Brasil ainda não sabe lidar com o excedente ou a falta de produção. Hoje, a pecuária leiteira atende majoritariamente o mercado interno, sem exportações expressivas. Por isso, um dos desafios do setor é a necessidade de ganhos de escala.
“O fato do pecuarista produzir ao custo mínimo perde importância quando há a necessidade de se obter lucro máximo. Não é reduzindo os investimentos que eu vou ter melhor retorno financeiro, porque eu vou reduzir a produtividade. É necessário investir na utilização eficiente dos recursos para otimizar o desempenho da atividade. O produtor precisa conhecer os indicadores técnicos da produção e também os indicadores-chave do seu rebanho.”
A falta de mão de obra qualificada é um grande desafio para a bovinocultura de leite e uma reclamação recorrente dos produtores. “É difícil encontrar um funcionário, e um bom funcionário é mais difícil ainda. Diante disso, procuramos, por meio das capacitações do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), preparar a mão de obra do setor para absorver essa tecnologia que evoluiu de uma maneira muito rápida.”
Ele também cita outros entraves que afetam o desenvolvimento do setor fora da porteira, como as assimetrias tributárias, a falta de infraestrutura rodoviária e o fornecimento de energia irregular. Também é importante uma divulgação mais ampla de políticas de bonificação pela qualidade do leite e dos laticínios.
Ter vacas mais produtivas no rebanho é uma premissa básica para todo sistema produtivo da pecuária leiteira. “O que traz mais rentabilidade, o que gera caixa para o produtor, são mais vacas produzindo leite no rebanho. Por isso, é fundamental melhorar cada vez mais as características do seu rebanho.”
Independentemente do porte da propriedade, é possível melhorar a produtividade e a rentabilidade com ferramentas de gestão, melhoramento genético e uso de tecnologias adequadas. Para auxiliar produtores a melhorarem geneticamente seus rebanhos de gado leiteiro, algumas prefeituras já mantêm programas municipais de inseminação artificial de bovinos, que prestam os serviços a um custo bem reduzido.
Uma das tecnologias que contribui para um sistema de produção de leite mais eficiente, e que avança no Brasil, é a ordenha robotizada. Apesar do alto investimento, os benefícios são evidentes: melhora na qualidade de vida, redução nos custos com mão de obra e aumento da produtividade, além da emissão de relatórios detalhados da ordenha, que auxiliam na gestão do negócio.
A nutrição do rebanho, um dos fatores mais importantes para a eficiência na pecuária leiteira, é também um dos principais desafios do setor. O avanço na qualidade genética do rebanho exigiu dos produtores um cuidado maior com a alimentação das vacas leiteiras.
Um modelo que oferece aumento da produtividade e menor custo para pecuaristas é a produção de leite a pasto. Por conta do clima favorável ao desenvolvimento das forrageiras no Brasil, grande parte da produção de leite no país é proveniente de animais mantidos em regime de pastagem. “Graças às pesquisas, temos pastagens produtivas e adaptadas para todas as regiões do país, temos incidência de luz do sol em abundância e rebanhos adaptados a essas diversas características climáticas.”
O assessor técnico da CNA explica que uma produção baseada em pastagem reduz o capital imobilizado na infraestrutura da fazenda. Embora ainda utilize a alimentação concentrada, o produtor não vai depender tanto de insumos externos da propriedade como de equipamentos.
“Se tiver uma forragem bem adaptada para a sua região e desenvolver uma boa fertilidade no solo, pode ter uma redução no capital imobilizado e na necessidade de investimento anual para a produção de volumoso. Além disso, com a produção de pastagem, você reduz a volatilidade de mercado, afetada pela alta no custo do milho e insumos, por exemplo”, afirma.
Nesse sistema de produção, é fundamental atentar para a escolha de forrageiras de alta produtividade e qualidade, bem como para o manejo de pastagens adequado.
As soluções Corteva Agriscience foram desenvolvidas especialmente para o melhor manejo das pastagens, gerenciando os desafios com plantas daninhas e restaurando a produtividade por hectare. A Linha Pastagem oferece um portfólio de herbicidas com produtos inovadores e eficientes, que contribuem para uma pecuária mais produtiva e sustentável.
Os produtores de leite podem contar com a Tecnologia XT-S, que apresenta uma formulação inovadora e oferece amplo espectro de controle de plantas daninhas em pastagens. Ela melhora a qualidade do pasto, refletindo na maior produção de carne e leite e, consequentemente, na redução da abertura de novas áreas, além de promover maior eficiência e praticidade no manejo do pasto. Por ser concentrada, também contribui para a sustentabilidade.
Cenário atual da pecuária leiteira no Brasil Segundo a pesquisa do IBGE, a Região Sul lidera a produção nacional de leite, com uma participação de 33,8%, seguida pelo Sudeste, com 33,6%. Favorecido pelas boas condições climáticas, o Nordeste vem aumentando sua produção e é o terceiro maior produtor nacional. Esse crescimento também é fruto de investimentos em genética e tecnologia. Entre os estados, Minas Gerais teve a maior produção, com 27,1% do total. Entre os municípios, a liderança é de Castro (PR), com 426,6 milhões de litros, seguido por Carambeí (PR), e pelos municípios mineiros de Pato de Minas, Patrocínio e Lagoa Formosa. |
Apoio técnico aos produtores de leite A Comissão Nacional de Pecuária de Leite é composta por representantes de todas as federações de agricultura do Brasil, que recebem as demandas do setor produtivo na CNA. Recentemente, o Sistema CNA/Senar e o Sebrae lançaram o projeto-piloto Juntos pelo Agro, para fomentar o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite na Bahia, Goiás, Paraíba e Tocantins. A iniciativa busca aumentar a produtividade, rentabilidade e competitividade do agronegócio brasileiro inicialmente a partir de três mil produtores rurais de leite, que serão atendidos conjuntamente pelo Senar, com assistência técnica e gerencial, e pelo Sebrae, com orientação sobre gestão e mercado. Outro projeto é o Campo Futuro, realizado em parceria com universidades e centros de pesquisas, destinado aos produtores rurais de todo o Brasil. O projeto se baseia no levantamento do custo de produção, analisando área da propriedade, rebanho e índices zootécnicos para identificar o retorno econômico da atividade. |