Setembro de alta no mercado do boi gordo e de boas expectativas adiante
Com a melhora no escoamento de carne bovina nos mercados interno e externo e com a redução na oferta de boiadas, os preços voltaram a subir em boa parte do Brasil.
Com a melhora no escoamento de carne bovina nos mercados interno e externo e com a redução na oferta de boiadas, os preços voltaram a subir em boa parte do Brasil.
Em nosso último artigo, comentamos sobre o quadro de quedas nos preços do mercado do boi em plena entressafra e os motivos que levaram a esse cenário.
Desde a segunda semana de setembro, os preços começaram a reagir, puxados, principalmente, pela melhora no escoamento de carne bovina nas prateleiras, pelo bom volume de carne bovina in natura exportado e pela redução na oferta de bovinos destinados ao abate.
Em São Paulo, a cotação da arroba do boi comum chegou a R$ 230,00 e do “boi China” a R$ 240,00. Desde o início de setembro, as altas foram de R$ 35,00 e R$ 40,00 para cada uma das categorias de machos, respectivamente.
Veja o comportamento dos preços do boi gordo (R$/@), em São Paulo, na figura 1.
Figura 1. Cotação do boi gordo destinado ao mercado interno, em R$/@, preços a prazo, descontados os impostos, em São Paulo
Fonte: Scot Consultoria
No mercado futuro do boi gordo na B3, a referência de todos os contratos destinados ao final de 2023 e início de 2024 (set-mar) subiram em setembro. A referência para o contrato de outubro/23, contrato de maior liquidez e referência para o mercado do boi gordo, era de R$ 235,15/@ em 29/9/23 (tabela 1).
Tabela 1. Preços do boi gordo, em R$/@, no mercado futuro – Fechamento em 29/9/23
Fonte: B3. Elaboração: Scot Consultoria
O aumento nos preços reflete o sentimento do mercado de que a oferta de boiadas terminadas deve ser menor no decorrer dos próximos meses.
A melhora nos preços no mercado do boi gordo surtiu efeito nas cotações no mercado de reposição em algumas praças Brasil afora, devido ao cenário no mercado do boi gordo (físico e futuro) que estimulou o recriador/invernista.
O segundo semestre, historicamente, apresenta melhores preços ao mercado do boi gordo, puxados, principalmente, pela melhora no escoamento de carne bovina no mercado interno e externo.
Setembro foi um mês de bons volumes de carne bovina in natura exportada. Ao menos até a terceira semana, diariamente 11,99 mil toneladas foram embarcadas, crescimento de 24,1% frente à média de setembro/22. No entanto, o preço pago por tonelada segue em queda, estando 24,9% menor nessa mesma comparação (detalhes na tabela 2).
Tabela 2. Faturamento, volume e preço da carne bovina in natura exportada pelo Brasil em setembro/23*
*Até a terceira semana
Fonte: Secex / Elaboração: Scot Consultoria
A China, sazonalmente, compra mais no segundo semestre e a perspectiva é de que o quadro de embarques siga firme até novembro.
No entanto, para 2024, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês) espera redução da importação global de carne bovina in natura pela China (-5,0%), podendo influenciar na dinâmica da exportação do Brasil ao país asiático.
No mercado doméstico, o preço da carne com osso no mercado atacadista, após meses em queda, subiu em setembro, reflexo de uma redução de boiadas terminadas e de uma demanda doméstica melhor, e assim deverá seguir pelos próximos meses.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aponta que o consumo nos lares brasileiros é maior entre os meses de outubro, novembro e dezembro, o que deverá influenciar positivamente a demanda por carne bovina.
Além disso, o índice de intenção de consumo das famílias (ICF), mensurado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), atingiu o maior patamar pós-pandemia, indicando boas perspectivas para o mercado brasileiro. Somado a tudo isso, o índice de desemprego no país em agosto atingiu o menor patamar desde 2015 (7,8%), de acordo com o IBGE.
Fatores que, junto à perspectiva de uma menor oferta adiante, colaboram com a perspectiva de manutenção do atual patamar de preços no mercado do boi gordo e, até mesmo, podem levar a altas no mercado.