Tecnologia contribui para a sustentabilidade na agropecuária
Para reduzir os reflexos ambientais e atender à demanda por proteína, produtores devem investir em práticas que contribuam com a sustentabilidade
Para reduzir os reflexos ambientais e atender à demanda por proteína, produtores devem investir em práticas que contribuam com a sustentabilidade
A assinatura de um compromisso global para a redução de metano foi um dos destaques da 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). O acordo firmado por cerca de 100 países, incluindo o Brasil, estabelece o corte das emissões de metano em 30%.
A ampla divulgação do tema trouxe à tona o debate sobre o papel da agropecuária na emissão e na redução de gases de efeito estufa. Por outro lado, abriu uma oportunidade para incluir agricultores, pecuaristas e proprietários de terras nas conversas sobre mudanças climáticas, na busca conjunta por soluções mais sustentáveis para o Planeta.
Fernanda Hoe, diretora da Elanco Animal Health no Brasil, destaca a importância de envolver toda a cadeia produtiva para debater como a indústria da carne pode mitigar as emissões de metano, ao mesmo tempo em que aumenta a produção para dar conta de alimentar bilhões de pessoas ao redor do mundo. “É urgente que todas as partes interessadas se unam e, por meio de investimentos, desenvolvimentos e estudos, sejam oferecidas condições aos produtores para que, em suma, deixem a menor pegada ambiental possível”, destaca.
Uma iniciativa recente nesse sentido foi a realização, em 2021, do Fórum de Soluções Sustentáveis para Fome Zero até 2030, que debateu sobre o papel que a pecuária pode desempenhar na redução das emissões de gases de efeito estufa, enquanto alimenta uma população crescente. O debate se concentrou em quatro áreas que devem avançar para ajudar a concretizar os resultados perseguidos pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030: medição, inovação, criação de mercado e comunicação.
“Isso vai desde métodos para reduzir as emissões associadas à produção de forragem e grãos até a seleção genética para melhorar a eficiência alimentar ou de animais que emitam menos metano naturalmente e, finalmente, ingredientes da ração que melhorem a digestibilidade ou reduzam a produção entérica de metano”, destacou a diretora.
No evento, as empresas discutiram suas contribuições e compromissos, bem como oportunidades para identificar um entendimento comum mais amplo sobre como atingir as metas de combate à fome e adversidades do clima. Os produtores que participaram do debate declararam que pode ser viável, por meio de inovações em toda a cadeia de produção, reduzir as emissões associadas à produção animal em até 70%, pelos próximos cinco a sete anos.
Outra iniciativa relevante foi a criação da Greener Cattle, consórcio criado durante a COP26, que pretende angariar cerca de US$ 5 milhões nos próximos cinco anos para financiar pesquisas. O objetivo é o de oferecer aos produtores de carne soluções para a mitigação da emissão de metano entérico, de forma a contribuir na contenção da escalada da crise climática.
Durante as apresentações na COP26, o Brasil demonstrou que a agricultura no país já é sustentável há mais de três décadas. Nesse período, o país vem percorrendo um caminho de descarbonização e trabalhando com estratégias para reduzir a emissão de metano na pecuária, com a tecnologia encabeçando esta evolução.
Em entrevista coletiva, concedida durante o evento, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Fernando Camargo, e o presidente da Embrapa, Celso Moretti, pontuaram algumas das ações em andamento, que estão contempladas no Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+.
No plano estão previstas técnicas como a terminação intensiva e o manejo de dejetos de animais, além de metas como a adoção de tecnologias sustentáveis em mais de 72 milhões de hectares de áreas degradadas e a mitigação de 1,1 bilhão de toneladas de CO². Além da redução da emissão, o Brasil já trabalha na compensação de emissões.
Entre as estratégias que já são utilizadas para reduzir a emissão de metano na pecuária brasileira estão o melhoramento genético de pastagens para desenvolver alimentos mais digestíveis para os animais e o melhoramento genético, que permite o abate precoce, o que significa menor produção de metano. Nos últimos dez anos, o Brasil reduziu de 48 para 36 meses o tempo de abate, o que mostra que a pecuária já tem um histórico de redução nesse impacto ambiental.
Uma das maneiras de reduzir os reflexos ambientais da pecuária no mundo é o investimento no desenvolvimento de tecnologias para que os produtores possam adotar práticas sustentáveis.
Para Renata Fernandes, zootecnista e gerente de Marketing da Elanco, o papel da pecuária é chave, tanto no que se refere à busca pela produção sustentável quanto ao aumento da produção para atender à demanda crescente por proteína animal de qualidade. “Esse é o momento de ampliar o debate sobre o tema e aproveitar a oportunidade para alcançar a neutralidade climática na produção de carne por meio da inovação na pecuária, de forma a não comprometer a segurança alimentar global”, diz a especialista.
Ela defende que juntos, agricultores, pecuaristas e proprietários de terras devem se dedicar a quatro áreas para mobilizar esforços contra a mudança climática e a fome no mundo: implementar sistemas para integrar a sustentabilidade às operações diárias e às decisões de negócios; incentivar a inovação e a descoberta de novas tecnologias, como captura e conversão de metano; criar mercado e oportunidades para os produtores se beneficiarem economicamente de práticas comerciais sustentáveis e compreender que a neutralidade climática é possível e que a colaboração da indústria é uma necessidade para atingir esses objetivos.
Renata cita como exemplo o estudo destacado no Journal of Animal Science, o principal veículo científico do setor em todo o mundo, que atestou a nutrição do gado como um caminho importante para a pecuária sustentável no país.
A pesquisa comparou os efeitos da aplicação de três aditivos nutricionais de uso exclusivo veterinário – narasina, flavomicina e salinomicina – sobre o desempenho do rebanho. O resultado comprovou que a narasina é o aditivo que permite ao produtor produzir mais e de forma sustentável. Também mostrou que a narasina aumenta a concentração do ácido graxo no rúmen do animal cuja rota metabólica não libera o gás metano, prejudicial ao meio ambiente.
“Aliada a uma pastagem de qualidade, a nutrição com a narasina assegura a maior produção de arrobas por hectare, o que reduz a área de pasto utilizada sem impactar a produção da fazenda”, explica Renata.
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