Top 10: as dúvidas mais frequentes sobre pastagem
Especialista esclarece as principais dúvidas de produtores sobre manejo de pastagens.
Especialista esclarece as principais dúvidas de produtores sobre manejo de pastagens.
Diferentemente de outros países, em que grande parte dos bovinos são criados em confinamento, no Brasil a principal fonte de alimentação do gado de corte são as pastagens. Por isso, é essencial que o produtor tenha conhecimento sobre o planejamento, a produção, a escolha e a oferta de pastagem que será ofertada aos bovinos. Esse entendimento pode fazer toda a diferença para uma se obter uma produção de alta qualidade e bons rendimentos nos negócios.
Você sabe como fazer o manejo de pastagens adequado para o gado de corte? Para esclarecer as dez principais dúvidas sobre pastagem, o blog Pasto Extraordinário conversou com Janaína Martuscello, professora com pós-doutorado em Zootecnia com foco em Forragicultura e Manejo de Pastagens, e autora do livro “Plantas forrageiras”. Confira:
O planejamento forrageiro deve começar com a relação entre a demanda e a oferta de forragem da fazenda. É importante que o produtor esteja atento à distribuição da produção de forragem ao longo do ano, para saber as épocas de maior ou menor produção.
Também é preciso fazer uma avaliação do rebanho para estimar a demanda de alimentos dos animais. Só então, quando se tem a relação entre a oferta e a demanda, deve-se fazer o planejamento forrageiro, a fim de equilibrar a oferta e demanda durante todo o ano.
A escolha da melhor forrageira vai depender da realidade de cada propriedade. É preciso fazer uma análise de diversos fatores, como o tipo de solo e sua fertilidade, condições ambientais da região e declividade da área, produtividade esperada do gado, e também a capacidade de manejar a planta e a capacidade de investimento.
Em seguida é importante prever a demanda por alimento dentro da fazenda (seja cria, recria, engorda), pois a capacidade produtiva da forrageira irá definir o tamanho da área a ser implementada. É preciso fazer uma escolha acertada para cada propriedade, porque é uma decisão definitiva, já que na maioria das vezes trabalhamos com capins perenes.
Portanto, a escolha da forrageira deve ser feita com cautela, a partir de critérios como método de pastejo, exigência em fertilidade do solo, capacidade de manejo e do tamanho da propriedade. A melhor escolha é aquela capaz de atender a todos os critérios acima de forma satisfatória.
A semeadura de um pasto pode ser feita a linha ou a lanço. Não existe método ideal, a decisão pela escolha de um método em relação ao outro depende da disponibilidade do maquinário e da experiência do pecuarista. Em ambos os métodos, o adubo fosfato pode ser misturado à semente.
A calagem tem por objetivo elevar os teores de cálcio e magnésio do solo, ajustar o pH e neutralizar o alumínio tóxico do solo. Quando a adubação fosfatada é aplicada muito perto da calagem, existe uma grande possibilidade de perder esse nutriente (fósforo).
Por essa razão, não se deve fazer a calagem no mesmo momento da adubação fostatada, o recomendado é esperar o calcário reagir, de preferência fazendo a análise de solo e calagem no período de águas anterior. Mas vale lembrar que, para a reação do calcário, há necessidade de chuva. Por isso, o prazo esperado para aplicação do fósforo deve ser um prazo em que ocorra chuvas.
Adubos nitrogenados e potássicos são adubos de cobertura e não de plantio. O adubo de plantio é o adubo fosfatado e esse, sim, poderá ser misturado à semente. Mas essa mistura deverá ser feita no momento da semeadura, ou seja, não se deve misturar adubo e semente e só fazer a semeadura no outro dia, por exemplo. Nitrogênio e potássio, devido à sua alta mobilidade no solo, devem ser aplicados quando o sistema radicular já está desenvolvido o suficiente para absorver o elemento.
A infestação de plantas daninhas é um dos fatores que contribui para a baixa produtividade da pastagem. O aparecimento dessas plantas é comum com o empobrecimento do solo tanto quimicamente como fisicamente, como deficiência ou excesso de água. Plantas invasoras são mais consequência do que causa da degradação.
Os principais problemas causados pelas plantas daninhas em pastagens são: competição por luz, água, nutrientes e espaço que seriam utilizados pela forrageira principal; redução da capacidade de suporte da pastagem; envenenamento do rebanho por plantas tóxicas.
A presença dessas invasoras também cria um ambiente propício ao desenvolvimento de parasitas externos, podem causar ferimentos nos animais, intoxicação ou envenenamento, além de comprometerem a estética da pastagem e, consequentemente, da fazenda.
A época das chuvas é o momento em que as condições ambientais estão mais favoráveis para o desenvolvimento e o crescimento rápido das forrageiras. É também esse período, marcado pela umidade e temperaturas mais estabilizadas e maior tempo de luminosidade durante o dia (fotoperíodo), que propicia o surgimento de plantas invasoras e pragas na pastagem pasto, e é nele em que ocorrem maiores incidências de doenças.
Entretanto, algumas plantas invasoras, por terem sistema radicular mais profundo, também se desenvolvem bem em época de escassez de chuvas. Por isso, a atenção e cuidado em relação às pragas dever ser constante e feito o ano todo.
Após as primeiras chuvas, quando as plantas invasoras se encontrarem em pleno desenvolvimento, deve-se realizar o controle de acordo com o recomendado para cada espécie presente na área.
Existem diferentes formas de controlar plantas daninhas em pastagem, que podem variar de acordo com os tipos encontrado na área, as condições de solo e clima, tamanho da área da pastagem e nível de tecnologia da propriedade.
O controle preventivo engloba diferentes práticas para evitar a introdução, o desenvolvimento ou a disseminação de plantas daninhas em áreas que ainda não foram infestadas. No controle mecânico, a prática mais comum é o uso da roçagem.
Outra opção é o controle cultural, que consiste no uso de boas práticas agrícolas que favorecem o seu pleno desenvolvimento da forrageira, como o manejo correto da pastagem, em detrimento das plantas daninhas.
Existe ainda o controle químico, feito com o uso de herbicidas que permitam que a forrageira se desenvolva normalmente, sem prejuízos ao seu rendimento. Ele pode ser realizado em pastagens novas ou reformadas, e em pastagens já estabelecidas. Mas a maior possibilidade de sucesso está no controle integrado, ou seja, observando todos os fatores citados.
O herbicida mais indicado para cada propriedade será aquele que tem aplicação mais eficiente, econômica e segura para cada caso. O produto escolhido deve ser seletivo para a cultura na qual será implantado e deve ser seguro para o ambiente.
A eficiência no uso dos herbicidas dependerá da correta identificação e quantidade de plantas daninhas presentes na área. Também é essencial verificar se a quantidade de plantas forrageiras é suficiente para tomar o lugar das plantas daninhas que serão controladas. Se pastagem estiver muito degradada, é melhor que seja recuperada ou renovada.
O herbicida e o aditivo devem ser adequados para facilitar a absorção, já que folhas do tipo coriáceo – que têm a textura semelhante a couro e se quebra facilmente – dificultam a penetração do herbicida. Outro ponto que interfere diretamente na eficiência dos herbicidas é o estádio de desenvolvimento da planta daninha. A aplicação deve ser feita quando elas estão em pleno desenvolvimento vegetativo, o que acontece no período das chuvas.
Os herbicidas são uma ferramenta importante no controle de plantas invasoras, mas serão mais efetivos se forem acompanhados de um controle integrado. Ou seja, não é uma estratégia interessante aplicar herbicida sem fazer correção do solo e adubação, pois a cada ano o problema com invasoras voltará.
O ideal é fazer o uso do herbicida de forma racional, aplicando na época correta (quando a planta estiver com sua atividade metabólica acelerada – rebrota ou início das chuvas e antes da fase reprodutiva), combinado com calagem e adubação e bom manejo das pastagens.