Blog •  16/07/2021

Uma fazenda pode ser produtiva e sustentável ao mesmo tempo?

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Mauricio Filho, Pecuarista-S da Bahia, prova que a resposta é ”sim”.

Mauricio Filho, Pecuarista-S da Bahia, prova que a resposta é ”sim”.

Para Mauricio Filho, de Itagibá, no sul da Bahia, essa pergunta deveria ser formulada de outra maneira e, diferentemente, como uma afirmação: “para ser produtiva, a fazenda deve ser sustentável”. E completa: “ninguém depende tanto do meio ambiente para produzir do que o próprio agronegócio. Por isso, quando o agropecuarista e o meio ambiente trabalham juntos, há uma sinergia – eu respeito o meio ambiente e o meio ambiente retribui, puxando-me um degrau para cima. Ou eu puxo o meio ambiente para cima e ele me leva junto, com aumento de produtividade”.

Mauricio sabe muito bem do que está falando: ele começou a trabalhar no agronegócio aos 15 anos de idade e, há 14 anos, é diretor da EAO Agropecuária, referência em produtividade e seleção genética na criação de animais reprodutores e matrizes com melhoramento genético. “Nosso objetivo é obter animais mais eficientes, que gerem valor econômico e maior renda ao produtor, com maior produtividade, contribuindo assim para a sustentabilidade e o meio ambiente. Porque um animal com a semente melhoradora produz mais, em menor tempo e com melhor qualidade”, explica.

Devido à sua visão e ao trabalho inovador e extremamente produtivo da EAO, Mauricio Filho acaba de ser escolhido como Pecuarista-S, iniciativa da Plataforma-S que reúne as ações da linha de pastagens da Corteva por uma pecuária mais sustentável.

Os três pilares da sustentabilidade

Com mais de 6 mil hectares, a Fazenda Baviera, sede da EAO, tem uma operação altamente complexa, que envolve processos de controle e gestão inovadores. Tudo voltado para a produção e a sustentabilidade, sempre associadas, como estratégia do negócio. Mauricio explica que “a semente melhoradora”, como chama os animais que passam pelas provas de melhoramento genético, “está alinhada com o nosso propósito e com os três pilares da sustentabilidade”.

O primeiro pilar é o da sustentabilidade econômica, relacionada à geração de renda para os produtores que se beneficiam da produtividade e da eficiência do gado melhorado, assim como acontece na própria EAO. Mauricio faz questão de ressaltar que “essa semente melhoradora vai produzir e gerar maior renda para o produtor e para as comunidades da região em que ele produz”.

Daí o segundo pilar, o da sustentabilidade social, que gera “maior renda para o produtor e, por consequência, gera também mais empregos, mais tecnologia aos prestadores de serviço, utilizando tecnologias de defensivos, com reformas de pastagens, construção de cercas, contratação de mão-de-obra, que gera reflexos desde o aumento de renda nas comunidades locais até mais divisas para o país, por meio da exportação”, salienta Filho sobre a cadeia virtuosa desencadeada. A partir desse pilar, a EAO mantém na Fazenda Baviera 77 casas para moradia de trabalhadores e suas famílias e, ainda, uma escola para os filhos dos funcionários. “Doamos o prédio para a Prefeitura, que cuida de toda a parte de ensino, e mantemos a biblioteca e os computadores, porque entendemos que a educação é o princípio básico da construção de uma sociedade”.

E a sustentabilidade do meio ambiente? Segundo Mauricio, o gado com a semente melhoradora produz em menor área, mais por área e em menor tempo, criando um ciclo de retroalimentação, em que a produção e o meio ambiente crescem juntos:  “um alimenta o outro”, explica. “A qualidade de pasto permite maior lotação. O melhoramento genético, por sua vez, traz maior eficiência, com engorda em menor tempo, fazendo com que o gado atinja seu peso de abate mais rápido. Os resultados dessa combinação são maior ganho/área, menor emissão de GEE por período e, ainda, melhor retenção de carbono”. E complementa: “nós não temos uma indústria fechada, com um telhado e um climatizador. Precisamos das chuvas, alimentadas por nosso respeito aos biomas, à água e à terra para manter nosso patrimônio, que são os animais”.

Como exemplos desse respeito, Mauricio cita duas ações: a primeira delas é a recuperação de grande extensão de matas ciliares –  “desde que chegamos aqui na Fazenda Baviera, já recuperamos mais de 15 km de matas ciliares, com grande quantidade de mudas de árvores nativas plantadas às margens do rio, pensando na qualidade da água e sempre pensando no futuro”.

Outro exemplo é a ação relacionada ao bem-estar animal, com a promoção de um treinamento pela veterinária Adriane Zart sobre a Técnica de Manejo de Animais ‘Nada nas Mãos’, que visa lidar com o animal a partir de aproximação das pessoas, sem lhe causar estresse. “Promovemos esse treinamento porque a gente já trabalhava assim. Todos na nossa equipe trabalham olho no olho, sem nada nas mãos – o que não depende de estrutura alguma, mas sim de filosofia, de como entendemos os animais, como o nosso patrimônio”, explica Mauricio, para concluir que “a forma como os tratamos recebemos de volta em produção”.

“Escâner” sustentável da fazenda

Como propriedade do Pecuarista-S, a Fazenda Baviera integrará o projeto de pecuária sustentável da Plataforma-S, que pretende auxiliar produtores de variados portes e sistemas produtivos a estabelecer protocolos de sustentabilidade na produção pecuária. Desenvolvido pela Corteva, em parceria com o Instituto de pesquisa WRI Brasil, Embrapa e distribuidores locais, o projeto pretende mostrar à sociedade como a pecuária bem conduzida pode promover a preservação ambiental.

“Vamos criar protocolos para atribuir um atestado socioambiental a essas fazendas”, explica William Marchio, consultor da Corteva e PMO do projeto. “Para tanto, iremos atestar a fazenda como um todo, suas práticas socioambientais, suas condutas em bem-estar animal, suas emissões de gases de efeito estufa e seus manejos de solo e água” – muitas dessas ações já claramente praticadas pela EAO Agropecuária.

Para acompanhar e fazer a gestão financeira do projeto em Itagibá, a Corteva conta com a parceria da Módulo Insumos Agropecuários, que aderiu à iniciativa de imediato, conforme atesta Nailton Guedes, supervisor de Vendas da distribuidora. “A Módulo sempre busca inovar e trazer para seus parceiros produtos e projetos que sejam cada vez mais sustentáveis. Em parceria com a Corteva, abraçamos o projeto Plataforma-S por acreditar em seus benefícios atuais e no futuro.” Segundo Guedes, “grande parte da população condena a produção agropecuária, talvez por não mostrarmos adequadamente nossas formas de produção. A Plataforma-S pode fazer essa interlocução entre indústria, produtor e consumidor, quebrando barreiras e eliminando mitos”.

Na mesma linha, Mauricio acrescenta que “é um orgulho fazer parte da Plataforma-S. Por meio dela, a Corteva está contribuindo para que a sociedade enxergue o agronegócio brasileiro com outros olhos; que veja os defensivos como necessários para produzir mais e reduzir o desmatamento, porque na mesma área conseguimos produzir mais; enxergue a geração de emprego nas comunidades locais e em outras regiões; e que a Corteva é uma empresa que se preocupa, tem ações, pesquisa e desenvolvimento para gerar produtos de menor impacto ambiental, ajudando a pecuária brasileira a produzir mais, com mais qualidade”.

“Na superação das crises econômicas, historicamente, o agronegócio tem um papel preponderante e somos responsáveis pelos superávits na balança comercial. Somos um país agrícola, temos tecnologias desenvolvidas aqui, temos safra e safrinha, duas safras na mesma terra”. Mauricio Filho conclui, com esperança: “gostaria que os brasileiros tivessem educação sobre a produção rural – como se produz o leite que é tomado todo dia, a farinha que gera o pão, como o nosso boi criado a pasto tem a capacidade de transformar capim, que é fibra de baixa qualidade, em carne nobre e sem precisar ocupar terras produtivas de outros alimentos como milho e soja, ensinando, desde muito cedo, o importante papel do agronegócio no nosso país. E que todos sentissem orgulho por tudo isso: ‘meu país é o maior exportador de soja, de carne bovina, de café, de laranja, meu país preserva, meu país alimenta o mundo’”.