Metodologia mede emissão de metano por bovinos
Metodologia identifica reprodutores mais eficientes, que geram menor custo ao produtor e menos impacto ao meio ambiente
Metodologia identifica reprodutores mais eficientes, que geram menor custo ao produtor e menos impacto ao meio ambiente
O metano (CH4) é considerado um dos gases mais nocivos para a sustentabilidade do planeta, já que contribui diretamente para o aumento do efeito estufa, responsável pela elevação das temperaturas. O gás metano é proveniente da decomposição de matérias orgânicas em pântanos e lagos, da extração de petróleo e também da atividade pecuária. Para mitigar os impactos da produção de carne neste contexto, diversos estudos buscam alternativas para o uso desse gás natural e também para a redução da emissão de metano pelo gado.
A Embrapa Pecuária Sul, por exemplo, desenvolveu uma metodologia que mensura a emissão de gás metano por reprodutores bovinos, com o objetivo de identificar os animais que geram menor emissão do gás para cada quilo de alimento consumido e por quilo de peso vivo produzido. A Prova de Emissão de Gases (PEG) tem sido aplicada em touros das raças Angus, Braford, Charolês e Hereford em ambiente de confinamento. Um equipamento medidor é acoplado ao animal durante cinco dias consecutivos para determinar a emissão de metano entérico. Cada bovino é avaliado duas vezes e o resultado é expresso em gramas de metano emitidas por dia. A pesquisadora Cristina Genro explica que, durante o experimento, a dieta fornecida é composta por 75% de volumoso (silagem e feno) e 25% de concentrado, sendo distribuída 3 vezes ao dia, e o acesso é irrestrito à água e alimentação. “Os dados de consumo individual são coletados por meio de cochos eletrônicos, sendo que as informações de consumo e desempenho individual utilizadas serão as geradas na prova de eficiência alimentar, pois a alimentação e o manejo dos animais serão os mesmos nas duas provas”, esclarece.
A PEG pode ser aplicada em qualquer raça bovina e atualmente está sendo utilizada por associações de criadores de Angus, Braford, Charolês e Hereford. As provas são realizadas nos reprodutores enviados para a Embrapa Pecuária Sul para teste de desempenho a campo (PAC) e prova de eficiência alimentar (PEA). “As associações podem optar se querem fazer a prova de emissão de gases (PEG), cujos custos são pagos pelas associações de raças, com a anuência dos proprietários dos touros. Ela poderá auxiliar os produtores de touros das raças avaliadas a qualificar os animais com baixa emissão, tanto na venda dos reprodutores como na venda do sêmen destes animais”, observa.
Segundo a pesquisadora, além de contribuir para melhorar ainda mais a qualificação dos animais testados, a metodologia auxilia nas estratégias para reduzir o impacto das emissões de gases de efeito estufa na cadeia de produção de carne bovina. “Animais mais eficientes produzem mais carne com custo menor para produtor e emitem menos metano, auxiliando o Brasil a atingir as metas assumidas em 2021, junto ao Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para redução das emissões de GEE em 30%, em vários setores da economia. Além disso, a qualificação destes animais como mais eficientes no uso do alimento com menores emissões de metano pode servir para valorar os bovinos no momento da venda dos reprodutores ou do sêmen deles”, ressalta.
Essa qualificação do animal ainda beneficia a valorização da pecuária brasileira no mercado nacional e internacional, sendo um fator de diferenciação conforme estes bovinos entrarem em produção e o Brasil tiver a implantação de programas de certificação de carne de baixa emissão de carbono. Cristina destaca que a eficiência da produção engloba uma série de medidas que precisam ser executadas pelas fazendas produtoras de carne, como redução da idade de abate e de entoure, redução do intervalo entre os partos, uso do melhoramento genético animal no rebanho, nutrição adequada, sanidade e bem-estar animal.
O manejo de pastagens tem um importante papel na redução da emissão de gás metano pelo gado. Cristina afirma que o uso de forrageiras de boa qualidade, com maior digestibilidade, permite uma fermentação menor e o melhor aproveitamento do alimento, refletindo em menores emissões. “Manejar adequadamente os pastos é tarefa básica para o pecuarista que deseja garantir resultados produtivos satisfatórios, equilibrando a estabilidade de boas forrageiras e o bom desempenho animal. Forrageiras de alta qualidade e manejadas, obedecendo a fisiologia da planta, procurando sempre manter a quantidade ótima de folhas no pasto, garantem a fotossíntese e a quantidade de pasto suficiente para manter a lotação animal que está na área e com acúmulo de carbono nessas pastagens”, acrescenta. Cristina ainda cita que a altura do pasto também é uma das ferramentas de manejo recomendadas, com controle da quantidade de animais por hectare.
Como o gado produz gás metanoDe acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o gás metano (CH4) é emitido por causa da fermentação entérica que ocorre no processo digestivo dos bovinos. Um boi libera cerca de 60 quilos de metano por ano, sendo que a quase totalidade dos gases produzidos pelos animais são emitidos pela boca e pelas narinas, por eructação. |