Calagem: uso de calcário nas pastagens e mercado
Além da correção da acidez do solo, a calagem é uma importante fonte de cálcio e magnésio.
Além da correção da acidez do solo, a calagem é uma importante fonte de cálcio e magnésio.
Os sistemas de produção de bovinos em pasto são a base da pecuária de corte e leite do país. Entretanto, grande parte das pastagens encontra-se em algum estado de degradação.
Visando ao estabelecimento adequado das pastagens, bem como à sua manutenção, produtividade e sustentabilidade, a construção da fertilidade do solo é fundamental para potencializar a resposta aos fertilizantes. E para construir um solo mais fértil, um dos primeiros passos é a correção de sua acidez por meio da aplicação de calcário.
Como grande parte dos solos brasileiros, por formação geológica, são ácidos, esse manejo é imprescindível para o bom desenvolvimento da forrageira (capim). Além da correção da acidez, a calagem (processo de aplicação do calcário no solo) fornece suprimento de cálcio e magnésio para as plantas.
O cálcio estimula o crescimento das raízes e, portanto, ocorre o aumento do sistema radicular das plantas e uma maior exploração da água e dos nutrientes do solo, auxiliando a planta na tolerância à seca.
O processo de calagem bem feito, junto com a adubação do solo e o controle de plantas daninhas, aumenta o volume de massa verde das pastagens e possibilita melhores taxas de lotação animal, aumentando a produção de carne e/ou leite por área.
A calagem é realizada precedendo o plantio, e a recomendação da dose de calcário necessária é feita com base na análise do solo.
Leia também: Nitrogênio na adubação de pastagens no período das águas
É importante salientar que o cálculo da quantidade de calcário por hectare deve levar em conta os diferentes métodos aplicados para as diversas regiões do país. Os métodos analíticos utilizados por região são:
Em São Paulo e no Paraná, a recomendação da calagem é dada segundo o método da elevação da saturação, pela seguinte fórmula:
NC = [CTC x (V2 – V1)] x (100/PRNT) / 100
Em que:
NC: Necessidade de calagem (toneladas/ha)
V2 é a saturação de bases desejada. Para gramíneas, geralmente, entre 50% e 70%, dependendo da espécie.
V1 é a saturação de bases encontrada no solo (análise do solo).
CTC é a capacidade de troca de cátions obtida pela soma de Ca, Mg, K, Na, H+Al (análise do solo).
PRNT é o Poder Relativo de Neutralização Total e refere-se ao poder de reação do calcário, ou seja, quanto maior, mais rápida será a reação no solo. Informação presente na embalagem do produto ou fabricante.
Exemplo: considerando que a cultura é uma forrageira (capim) com V2=60% e uma saturação de base atual (V1) de 25%. A CTC do solo é 15 e o calcário tem PRNT = 90%.
Temos: NC = [15 x (60 – 25)] x (100/90) / 100 = 5,83 toneladas por hectare.
Importante ressaltar que uma boa parte dos produtores/pecuaristas realiza a calagem, porém, além de muitas vezes não usarem os critérios corretos para definir a dosagem, eles também se baseiam na própria experiência para determinar a frequência da aplicação.
E juntamente com uso incorreto dos corretivos, muitos pecuaristas acreditam que somente o processo de correção da acidez é suficiente para recuperar o pasto e acabam não adubando as pastagens.
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Segundo os últimos dados da Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), o Brasil produziu 40,2 milhões de toneladas de calcário agrícola em 2018, último ano consolidado.
O maior estado produtor foi o Mato Grosso, responsável por 21,3% do total produzido no país. O estado também foi o maior consumidor do insumo, em função da sua grande produção agrícola. Veja a figura 1, a seguir.
Figura 1.
Produção e consumo de calcário agrícola no Brasil em 2018, por estado, em milhões de toneladas.
A demanda pelo insumo tem seguido uma tendência de crescimento ao longo dos anos, acompanhando o incremento da produção agrícola brasileira (figura 2). Desde o início da série histórica (1992), o aumento foi de 178%.
Figura 2.
Evolução do consumo de calcário agrícola no Brasil, em milhões de toneladas
Como a demanda pelo insumo é mais intensa entre os meses de abril e julho (período de sua utilização e que antecede o plantio e a adubação das culturas, especialmente os grãos), esses normalmente são os períodos de valorização do insumo.
Para o pecuarista, a sugestão é antecipar a compra e “fugir” desse período de maior movimentação no mercado interno.
Em 2018, segundo dados da ABRACAL, em São Paulo, em média, a tonelada do calcário foi negociada por R$ 57,50, sem considerar o frete (tabela 1). Dentre os estados analisados, esse é maior preço. São Paulo é o segundo maior consumidor do produto, mas fica em sexto lugar na produção.
Tabela 1.
Preço médio a granel do calcário dolomítico em 2018, por estado, em R$/tonelada, sem o frete.
MT |
MG |
PR |
GO |
TO |
RS |
SP |
MS |
BA |
SC |
48,00 |
38,00 |
48,00 |
44,05 |
50,17 |
44,00 |
57,50 |
50,00 |
48,00 |
50,00 |
Fonte: ABRACAL / Elaboração: Scot Consultoria
É importante destacar que a maior parte da demanda por calcário agrícola no Brasil é para a produção agrícola e não para as pastagens.
Segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2017, dos mais de 4 milhões de estabelecimentos agropecuários no país, somente 728 mil faziam a aplicação de calcário (ou outros corretivos) no solo.
Apesar da adoção ainda ser baixa (14,4% das propriedades pecuárias), houve uma melhora em relação ao último levantamento de 2006 quando 7,9% das propriedades faziam calagem.
Para estimular e incentivar o uso do calcário, existem programas federais que facilitam o acesso ao crédito para custeio e investimentos nas atividades pecuárias. Como o Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos Recursos Naturais (MODERAGRO) e o Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (Programa ABC – Agricultura de Baixo Carbono).
Por fim, reforçamos a importância do processo de fertilização do solo, pois, dessa forma, explora-se com eficiência a produção de leite e carne nas pastagens, e a atividade passa a ser muito competitiva como alternativas para o uso da terra.
Para manter sua pastagem saudável e livre de plantas daninhas invasoras, é essencial escolher o herbicida para pastagem adequado. Neste contexto, o Tordon Ultra se destaca como uma solução confiável. O Tordon Ultra é um herbicida altamente eficaz projetado especificamente para o controle de plantas daninhas em pastagens, garantindo que o seu gado tenha acesso a uma área de alimentação de alta qualidade. Com sua capacidade comprovada de eliminar plantas indesejadas, o Tordon Ultra-S é a escolha preferida dos pecuaristas que buscam manter pastagens saudáveis e produtivas.
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Marina Zaia – médica veterinária