A melhor forma de aproveitar os pastos é subdividindo as áreas em piquetes e utilizar o manejo do pastejo rotacionado. Porém, no Brasil é comum ver fazendas que possuem piquetes grandes e com poucas subdivisões.
Acertar a taxa de lotações dos animais nesses piquetes grandes não é uma tarefa fácil, e o custo para subdividir as áreas com cercas convencionais muitas vezes é elevado. Diante disso, a utilização da cerca elétrica rural se torna uma alternativa para ajudar o pecuarista.
Neste artigo, abordaremos alguns pontos de atenção necessários para a construção e para o bom funcionamento de uma cerca elétrica.
Tensão necessária para a cerca elétrica
Para o bom funcionamento da cerca elétrica rural, é preciso ter uma tensão mínima de 4 mil volts (4.0 KV) no ponto mais extremo da cerca. Uma tensão menor que essa não terá efeito sobre os bovinos. Por isso, é preciso escolher um eletrificador que tenha força suficiente para empurrar o choque ao longo de toda a cerca.
Quando a tensão da cerca for menor do que 4.0 KV, é preciso averiguar se há alguma falha ao longo da cerca e, caso não seja encontrada nenhuma falha, certamente o problema será a falta de potência necessária do eletrificador para o tamanho da cerca.
Uma maneira de descobrir se a escolha do eletrificador foi correta é verificar, através de medidor de tensão ou tensiômetro, se no fim da cerca a tensão está no mínimo de 4.0 KV.
Vale destacar que não é possível garantir alcance de nenhum eletrificador sem conhecer todas as variáveis. Assim como não se compra uma bomba d’água por km, não é possível comprar um eletrificador por km também.
Um fazendeiro pode ter duas cercas com o mesmo comprimento, mas com necessidades de potência diferentes, devido à configuração e/ou ao estado da cerca. Uma forma para facilitar o dimensionamento é utilizar a relação em joule por km (1 joule de potência liberado para no máximo 5 km de cerca). Mas é preciso ter em mente que essa relação não é uma regra exata e sim uma estimativa média.
Essa relação tem garantido sucesso em muitos projetos, mas podem haver casos específicos com problemas mais graves que vão exigir mais joules liberados por km.
Condução da tensão elétrica da cerca
Outro ponto de atenção é a condução da tensão elétrica, isso torna a escolha dos materiais essencial para o bom funcionamento da cerca. O arame grosso é melhor condutor que o arame fino, e o arame galvanizado é certamente melhor que o arame enferrujado.
Além disso, é indicado evitar emendas ao longo da cerca, pois elas funcionam como redutores, diminuindo a tensão elétrica.
Outro fator ao qual o pecuarista deve se atentar é com relação à vegetação tocando o arame, o que também reduz a tensão da cerca. O fio do choque só pode tocar em materiais isolantes (plástico, borracha, porcelana, etc.), mas se o plástico estiver ressecado, ele não servirá como isolante e passa a ser um condutor.
Para evitar esses problemas, o indicado é utilizar isoladores que tenham filtro UV e sem resíduos metálicos, evitando assim o vazamento de todo o choque para os postes e solo.
Aterramento da cerca elétrica
O aterramento é essencial ao sistema, se ele estiver bem dimensionado, possibilita aos animais sentirem o choque e respeitarem a cerca.
O choque ocorre quando o animal toca o arame eletrificado, que percorre o corpo do animal e chega ao solo e pelo solo corre até o aterramento e, neste momento, o animal sente o choque. Mas, se o solo for arenoso e/ou estiver seco esse choque não corre pelo solo e não chega ao aterramento, consequentemente, o animal não o sente.
Para resolver esse problema, é preciso utilizar um fio negativo (sem choque e sem isoladores) na cerca em paralelo ao fio do choque e ligar esse fio ao aterramento do eletrificador, fazendo mais aterramentos auxiliares ao longo da cerca.
Desse modo, quem passa a fazer o retorno do choque ao aterramento é esse fio negativo e assim o choque não dependerá mais das condições do solo.
O aterramento deve ser feito em lugar úmido e com hastes de aço galvanizado de dois metros de comprimento a cada três metros de distância entre eles, formando uma figura geométrica.
Para ligar essas hastes, deve-se utilizar um cabo encapado de aço galvanizado e grampos de aço galvanizado para não misturar metais. A indicação é de no mínimo uma haste por joule.
Se o eletrificador tiver seis joules liberados, deve-se utilizar um mínimo de seis hastes de aterramento. Se o aterramento estiver dando choque, é porque ele está fraco para o sistema e é preciso melhorá-lo. Isso pode ser feito colocando mais hastes, afundando mais e/ou molhando o aterramento.
Distância entre os postes
Com relação à distância entre postes, é o relevo que irá determinar a medida exata, pois na cerca elétrica o poste é o suporte do fio e não reforço estrutural.
Dessa forma, deve-se manter a altura ideal dos fios, copiando a ondulação do relevo. Há exemplos de fazendas e centros de pesquisa onde há 50 metros de distância entre postes.
Fontes de energia e cuidados com as chuvas
Não deve ser comum o eletrificador queimar, já que existem proteções para desviar para o aterramento os raios que podem vir via cerca ou pela rede elétrica. Utilizar energia solar é muito bem indicado, pois a principal fonte de problema da cerca elétrica rural é a rede elétrica da fazenda e não o raio que vem via cerca.
Uma dica importante é nunca desligar a cerca elétrica na chuva, desde que haja uma proteção para o eletrificador, pois os animais tem o comportamento de ficar encostado nas cercas para fugir das chuvas e, caso um raio atinja a cerca, o risco de perder os animais é muito maior. Com a cerca elétrica ligada, os animais ficam afastados dela, diminuindo o risco de perdas por descarga elétrica dos raios.
Conclusões
De posse dessas informações, dominando os conceitos básicos da cerca elétrica rural, é possível obter sucesso com a tecnologia.
O uso correto da cerca elétrica trará ao sistema benefícios como aumento da eficiência de colheita dos pastos pelos bovinos, melhoria da produtividade e, consequentemente, elevação do lucro do sistema.
Além disso, torna a pecuária mais sustentável, utilizando menos madeira, aumentando as lotações e reduzindo a necessidade de abertura de novas áreas para pecuária.
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Autor: Ernesto Coser Netto – Graduado em medicina veterinária pela UNOESTE. Possui pós-graduação em Desenvolvimento Gerencial e Marketing pela Fundação Toledo de Ensino. Com mais de 23 anos de experiência, atuando em grandes laboratórios veterinários multinacionais, foi gerente comercial da Associação Brasileira de Brangus e está há 7 anos na Trutest, especializando-se em cercas elétricas com cursos na Nova Zelândia.
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