Sistema de identificação individual SISBOV agrega valor à carne
Entre as vantagens de identificar o rebanho estão o controle e histórico dos animais e o aumento da competitividade da propriedade no mercado nacional e internacional
Entre as vantagens de identificar o rebanho estão o controle e histórico dos animais e o aumento da competitividade da propriedade no mercado nacional e internacional
Aumentar a produtividade, melhorar as práticas de manejo do gado e otimizar os processos no dia a dia da fazenda para reduzir custos estão entre alguns dos objetivos da maioria dos pecuaristas.
Atualmente, quem trabalha na cadeia de carne também está preocupado com a demanda dos consumidores, que estão cada vez mais exigentes, de olho na qualidade do que consomem e na sua origem. Por isso, investir na rastreabilidade bovina é essencial para agregar valor ao produto e manter a competitividade no mercado.
Desde 2002, o Brasil conta com o Sistema Brasileiro de Identificação Individual de Bovinos e Bubalinos, o SISBOV, que tem contribuído para melhorar a qualidade da pecuária nacional.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o SISBOV é o sistema oficial de identificação no Brasil. A adesão é voluntária, exceto quando exigida a sua adesão em ato normativo próprio ou por controles e programas sanitários oficiais.
A certificação pode ser feita em propriedades localizadas nos estados de Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que atendam às exigências da Instrução Normativa n. 51, de 1 de outubro de 2018.
A adesão ao SISBOV também é uma exigência para a exportação de carnes para determinados mercados internacionais, como a União Europeia.
As propriedades certificadas e consideradas aptas para exportação de carne bovina ou de búfalo para a União Europeia fazem parte da Lista TRACES. Além de terem sua origem identificada, esses animais devem ser abatidos em estabelecimentos de abate habilitados para exportação ao bloco econômico. A Divisão de Rastreabilidade Animal da Coordenação Geral de Trânsito e Quarentena Animal é responsável pela atualização quinzenal da lista.
Para fazer parte do SISBOV, o pecuarista deve fazer todo o processo de certificação da propriedade. O investimento necessário inclui o custo da implementação, a colocação dos brincos nos animais, a vistoria, a diária de acompanhamento do vistoriador e seu transporte até a fazenda. O retorno do investimento é o valor agregado que o produto terá ao ser certificado.
- Passo a passo para a certificação
1) O pecuarista deve escolher uma certificadora localizada próxima à propriedade.
2) Preencher os documentos e cadastros necessários.
3) Fazer o pedido dos brincos para a certificadora, brincar e fazer a identificação por meio de planilhas, que devem ser preenchidas e entregues para a empresa de certificação.
4) Realização de duas vistorias pela certificadora.
5) Se a propriedade estiver aprovada, a certificadora solicita a auditoria do Ministério da Agricultura.
6) Após aprovação final, a propriedade é incluída na Lista Trace.
O procedimento de aplicação deve ser realizado da maneira correta e com brinco de boa qualidade, resistência e flexibilidade, para evitar a perda da identificação do animal. A colocação do brinco deve ser feita por um profissional capacitado, com cuidados de higiene específicos e equipamentos adequados, para evitar problemas na cicatrização. A época mais recomendada é quando o clima está frio e seco. Confira outras orientações importantes:
- defina a quantidade de animais a serem identificados na ocasião, para planejar todos os materiais necessários;
- Verifique se o alicate aplicador foi lubrificado, higienizado e alinhado antes do uso; a agulha do aparelho deve estar bem presa e reta, o alicate deve ser utilizado na posição vertical e o furador deve ter 6mm de diâmetro, para um melhor resultado;
- a equipe deve contar com, no mínimo, três pessoas – uma para organizar os brincos, outra para segurar o animal e a terceira para fazer a aplicação;
- a cabeça do animal deve ser mantida imóvel, pois movimentos bruscos podem machucá-lo;
- o brinco deve ser colocado no centro da orelha, considerando as bordas inferiores e superiores e as duas principais nervuras;
- para ajudar na cicatrização e evitar inflamações ou infecções, além da higiene de todo o processo, é recomendado utilizar pastas repelentes de moscas entre o brinco e a orelha.
Mitos x verdadesO SISBOV é apenas para grandes propriedades ou grandes rebanhos? Mito. O sistema pode ser utilizado por propriedades com um pequeno número de animais, que podem passar a fazer parte da Lista Trace. Cooperativas também podem ser beneficiadas com a certificação. Existe muita burocracia para implantar o SISBOV? Mito. Para ser certificado, é necessário fazer o preenchimento de cadastros relacionados ao produtor e à propriedade. Apesar de ser necessário ter um controle rigoroso das informações, o processo é simples. O SISBOV pode ser considerado uma ferramenta de gestão do rebanho? Verdade. A identificação dos animais serve para o controle dos animais e rastreabilidade. Com a implantação do sistema, o pecuarista tem informações valiosas sobre o seu rebanho, como origem e nascimento do animal, peso, necessidade de melhorias no manejo, causa de morte do boi, etc. Ele tem em suas mãos o controle desde que o animal entra até a sua saída da propriedade, ou seja, todo o seu histórico de vida. A quantidade de animais da propriedade pode ser diferente da declarada nas agências de defesa agropecuária? Mito. A quantidade de animais deve ser exatamente igual ao declarado. Todos devem ser identificados no Ministério da Agricultura por meio das planilhas entregues junto com os brincos. Ter a certificação agrega valor à carne comercializada? Verdade. A rastreabilidade dos animais proporciona mais confiança ao consumidor, pois ele saberá a procedência e a qualidade do produto que irá comprar para o consumo de sua família. A identificação contribui para o bem-estar animal? Sim. A possibilidade de acompanhar de perto o desenvolvimento do rebanho, com dados individuais e informações sobre alimentação, reprodução, ganho de peso, mortalidade, vacinas e medicamentos, é essencial para um manejo mais eficiente dos animais. Sem contar que a colocação dos brincos substitui outras formas de identificação, como a marcação com fogo na carcaça, que provoca dor e sofrimento no animal e é considerado um manejo mais agressivo. |